Ibovespa fecha em alta, descolado de NY, aos 127,5 mil pontos; Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3) sobem com commodities

O Ibovespa fechou a sessão desta terça-feira (26) em alta de 0,44%, aos 127.548,52 pontos, entre a mínima de 126.669,22 e a máxima de 127.654,04. O volume financeiro foi de R$ 21,2 bilhões.

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O Ibovespa hoje conseguiu firmar sinal positivo no meio da tarde desta terça-feira, descolando-se de mais um dia ruim em Nova York em meio ao prosseguimento da pressão sobre os rendimentos dos Treasuries. O desempenho do setor de commodities, com o avanço no preço do minério na China e do petróleo em Londres e Nova York, levou o índice da B3 a fechar em sinal contrário aos das bolsas de Nova York.

A Petrobras teve forte alta, de 2,72% (PETR3) e de 2,58% (PETR4), e Vale (VALE3), de 1,18%.

Outra empresa de peso no índice, Bradesco, também conferiu dinamismo ao Ibovespa à tarde, mas fechou em alta moderada, de 0,57% (BBDC4) e de 0,56% (BBDC3).

“O dia foi muito puxado pelas ‘large caps’, as empresas de grande capitalização de mercado, em especial Vale e Petrobras, e não tão bom para as empresas menores, que têm refletido a cautela maior desde o exterior”, diz Yan Vasconcellos, sócio da One Investimentos.

No Brasil, o mercado ficou limitado diante das dúvidas quanto ao início do afrouxamento americano.

Hoje, os dados de emprego dos EUA calculados pelo Jolts de fevereiro ficaram dentro do esperado. Já o índice de encomendas à indústria do país subiu 1,4% em fevereiro ante janeiro, a previsão era de alta em 1%.

IBOV repercute dia de alta do petróleo e do minério

Fora o temor sobre o juros nos EUA, o dia no Ibovespa hoje foi de valorização das commodities. O petróleo avançou acima de 1%, por tensões geopolíticas. Os contratos futuros do petróleo Brent, usados como referência global, para junho  registraram avanço de 1,72%, alcançando US$ 88,92 na Intercontinental Exchange (ICE).

Hoje, a maior alta foi da Lojas Renner (LREN3), +4,43% a R$ 17,55, seguida por Pão de Açúcar (PCAR3), +2,82% a R$ 2,92.

Na ponta negativa, PetroRecôncavo (RECV3) liderou as perdas com -8,50% a R$ 21,20, seguida pela CSN (CSNA3), -2,55% a R$ 15,26 e Yduqs (YDUQ3), -3,69% a R$ 17,24.

Outra petroleira, 3R Petroleum (RRRP3, +0,73%), foi destaque positivo na maior parte da sessão, mas perdeu força rumo ao fechamento. Durante o pregão, a empresa atingiu seu maior patamar de mercado desde agosto, com a proposta que sinaliza avanço na combinação de negócios com a Enauta (ENAT3), anunciada no fim da noite da segunda, tendo a princípio agradado aos investidores.

O descolamento de PetroRecôncavo decorreu de a 3R ter brecado as negociações sobre junção com a empresa, priorizando agora a proposta da Enauta para a combinação de negócios.

O Bank of América listou seis sinergias em potencial caso seja bem-sucedida a proposta de fusão entre Enauta e 3R Petroleum. Além disso, o banco reiterou a recomendação de compra para as duas empresas, destacando que a união entre essas ‘junior oils’ poderia criar uma nova petroleira com produção de mais de 120 mil barris de óleo equivalente por dia a médio prazo, em conjunto com uma reserva de 700 milhões de barris, conforme reportagem do Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Ao contrário do Ibovespa, as Bolsas de NY caíram hoje

As Bolsas de Valores dos Estados Unidos fecharam em queda:

  • S&P 500: -0,72%, aos 5.205,90 pontos;
  • Dow Jones: -1,00%, aos 39.171,55 pontos;
  • Nasdaq: -0,95%, aos 16.240,45 pontos.

Até o meio da tarde, o Ibovespa tendia a uma inclinação negativa moderada, acompanhando à distância perdas então acima de 1% para os três índices de referência em Nova York – no fechamento, destaque para a queda de 0,95% no Nasdaq e de 1,00% no Dow Jones. No exterior, o dia foi ainda marcado pelo avanço nos rendimentos dos Treasuries longos, após novos dados americanos terem mostrado desempenho acima do esperado, como na segunda, reforçando as dúvidas quanto ao início do ciclo de cortes de juros do Federal Reserve – que o mercado vinha precificando recentemente para junho.

As dúvidas foram reforçadas ainda no começo da tarde, pressionando em especial a ponta longa da curva de juros norte-americana, em razão de comentários da presidente do Federal Reserve de Cleveland, Loretta Mester. Ela chamou atenção para os dados de inflação do começo do ano, e apontou que o maior risco, no momento, seria relaxar a política monetária prematuramente.

“As commodities – de que o Brasil é um grande exportador – têm sido um fator-chave para o desempenho do Ibovespa, mas o aumento dos juros futuros, especialmente nos Estados Unidos, pode levar a uma fuga de capitais dos mercados emergentes, como o Brasil, para investimentos mais seguros em economias desenvolvidas – com efeitos para o câmbio e para as ações de empresas brasileiras”, aponta Nilson Marcelo, analista quantitativo da CM Capital. “As expectativas em relação à política monetária americana estão em constante mudança, o que adiciona uma camada de incerteza ao mercado.”

“O Ibovespa conseguiu uma alta tímida hoje, muito em função do peso que Vale e Petrobras têm no índice”, diz Daniel Teles Barbosa, especialista da Valor Investimentos. “O índice operou no campo negativo a maior parte do dia, mas depois oscilou para cima, levemente, com Vale e Petrobras em linha com o desempenho positivo das commodities”, observa Leticia Cosenza, sócia e especialista da Blue3 Investimentos, destacando também o noticiário corporativo, com efeito para ações como as de Lojas Renner e 3R Petroleum, componentes do Ibovespa.

Exterior misto

Hoje, as bolsas asiáticas fecharam sem direção única com ganhos liderados por Hong Kong em meio ao entusiasmo com a estreia da Xiaomi no mercado de veículos elétricos.

Na Oceania, a bolsa australiana também apresentou desempenho negativo ao retomar negócios após o feriado de Páscoa. O S&P/ASX 200 caiu 0,11% em Sydney, a 7.887,90 pontos, em meio a dúvidas sobre quando o banco central local poderá começa a reduzir juros, depois de atingir máxima histórica na sessão anterior, a última do primeiro trimestre.

Já as bolsas de valores europeias fecharam em queda. O índice Stoxx fechou em queda de 0,76%, a 508,74 pontos, depois de atingir mais um recorde histórico durante o pregão, chegando a 515,77 pontos. O FTSE de Londres alcançou seu maior nível em 14 meses, atingindo 8.015,63 pontos, mas fechou em queda de 0,23%, a 7.934,67 pontos. O Dax de Frankfurt também registrou queda, caindo 1,09% e fechando a 18.290,81 pontos. O Cac 40 de Paris acompanhou a tendência de baixa, recuando 0,92% e fechando a 8.130,05 pontos.

O dólar à vista fechou em leve baixa de 0,02%, a R$ 5,0583, após oscilar entre R$5,0231 e R$ 5,0628. 

Maiores altas e quedas do Ibovespa hoje

O que mais movimentou o Ibovespa hoje?

Segundo Felipe Pohren de Castro, especialista em mercado de capitais e sócio da Matriz Capital, o Ibovespa operou praticamente estável nesta terça-feira (2), com a falta de confiança na bolsa de valores refletindo os recentes dados da economia americana, que estão aquecidos. 

“Na minha visão, a provável manutenção das taxas americanas por mais tempo do que o esperado para frear a inflação desestimula os investidores a buscar retornos maiores em outros mercados, como a bolsa brasileira”, explica Castro. 

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Entre as maiores baixas do dia na bolsa brasileira estão Petrorecôncavo, Yduqs e Hapvida (HAPV3). A Petrorecôncavo caiu, conforme explica o analista, em função da notícia da possível fusão entre Enauta (ENAT3) e 3R Petroleum (RRRP3), que tem a combinação com Petrorecôncavo atualmente também em análise. “A perspectiva da não realização do negócio em função dessa nova proposta causa fluxo vendedor na sessão”, diz Castro. 

A Yduqs, por sua vez, recuou com a aversão do mercado aos seus recentes resultados. Já a Hapvida divulgou investimento bilionário em novas operações e o mercado se ajusta ao iminente desembolso necessário, enquanto ainda se adapta à recente fusão com NotreDame Intermédica, gerando um movimento vendedor que se reflete em baixa. 

Entre as altas do IBOV destacam-se Lojas Renner (LREN3), Petrobras e 3R Petroleum. Lojas Renner valorizou-se após recomendação de compra pelo Bank of America, com preço alvo em R$ 21, um potencial de alta de cerca superior a 20% (aproximadamente R$ 4) sobre a cotação atual do papel.  

A Petrobras embarcou na euforia do mercado e subiu no pregão acompanhando a alta de 3R Petroleum. 

Por fim, o dólar operou também estável em função da ausência de notícias capazes de mover os ponteiros no que se refere às perspectivas macroeconômicas americanas e também brasileiras, informa Castro. Os juros futuros também operam estáveis pelos mesmos motivos e pela ausência de notícias relevantes no front político.

Último fechamento do Ibovespa

O Ibovespa encerrou a sessão de ontem (01) em queda de 0,87%, aos 126.990,45 pontos.

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Vinícius Alves

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