Pesadelo das varejistas: Via (VIIA3) lidera quedas e Magazine Luiza (MGLU3) fica entre as maiores perdas do Ibovespa. O que houve?

As ações da Via (VIIA3) e Magazine Luiza (MGLU3) despencaram nesta terça-feira (5) no Ibovespa, liderando as perdas do índice, em linha com a alta dos juros e com o mercado repercutindo, principalmente, a notícia do follow-on da dona das Casas Bahia, em uma operação que pode levantar quase R$ 1 bilhão.

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No fechamento, as ações ordinárias da Via (VIIA3) caíram 7,14%, cotadas a R$ 1,17, assim como os papéis do Magazine Luiza (MGLU3), que recuaram 3,24%, a R$ 2,69. As ações de Lojas Renner (LREN3) cederam 2,25%, a R$ 16,07, e as de Petz (PETZ3) tinham baixa de 2,62%, a R$ 5,56.

Cotação VIIA3

Gráfico gerado em: 05/09/2023
1 Dia

“A queda da Via foi motivada pelos juros que estressaram, com varejo caindo em massa. A dona das Casas Bahia ainda reflete a noticia do follow-on com grande diluição dos minoritários. A Magazine Luiza também acompanha essa queda do setor hoje, que cai como um todo com a alta dos juros”, disse Leandro Petrokas, diretor de research, mestre em finanças e sócio da Quantzed.

Mais cedo, nesta terça-feira (5), a Via anunciou que emitirá 778.649.283 ações ordinárias por meio de uma oferta pública primária de ações, o que corresponde a R$ 981 milhões com base no preço de fechamento de R$ 1,26 da véspera (4).

Adicionalmente, segundo a Via, serão entregues até 622.919.426 bônus de subscrição aos subscritores das ações, que serão ofertados e alocados aos subscritores em lotes de 5 ações.

A fixação do preço por ação será realizada em 13 de setembro, com o início de negociação das ações e dos bônus de subscrição no dia 15. A liquidação ocorre no dia 18 e o crédito dos bônus de subscrição, no dia 19.

“A companhia pretende utilizar a totalidade dos recursos líquidos provenientes da oferta para promover a melhora da estrutura de capital, incluindo o investimento nas cotas subordinadas da operação de FIDC da carteira de crediário“, disse a Via.

Ainda de acordo com a varejista, as ações da oferta primária serão destinadas exclusivamente à colocação perante os acionistas e as ações remanescentes da oferta prioritária (se houver) serão destinadas à colocação perante investidores profissionais.

“Não será admitida distribuição parcial no âmbito da oferta. Assim, caso não haja demanda para a subscrição das ações inicialmente ofertadas por parte dos acionistas e/ou dos investidores profissionais até a data da conclusão do procedimento de bookbuilding, nos termos do contrato de colocação, a oferta será cancelada”, acrescentou.

A oferta terá coordenação do UBS Brasil (coordenador líder), do Bradesco BBIBTG Pactual (BPAC11)Itaú BBA e Santander Brasil (SANB11).

Via (VIIA3) convoca assembleia para decidir sobre aumento de capital e mudança de nome

A Via convocou pela segunda vez uma assembleia geral extraordinária para votar sobre a alteração do valor máximo do capital social da empresa para até R$ 3 bilhões, além da mudança do nome de Via para Grupo Casas Bahia.

Marcada para o dia 12 de setembro (próxima terça-feira), a assembleia será instalada com a presença de qualquer número de acionistas, não sendo necessária a presença de, no mínimo, dois terços do capital com direito ao voto, disse a Via.

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Via (VIIA3): melhora operacional poderá ser sentida apenas em 2025, diz analista. E o Magazine Luiza (MGLU3)?

A redução nas taxas de juros, prevista para os próximos meses, pode ser favorável tanto para Via quanto para Magazine Luiza. Entretanto, fatores microeconômicos fornecem uma visão mais neutra para as companhias, com um viés mais positivo no longo prazo para a dona das Casas Bahia. A Via pode sentir os efeitos de uma melhora operacional apenas em 2025, segundo o analista Gabriel Costa, da Toro Investimentos.

Do ponto de vista macroeconômico, tanto para a Via quanto para o Magazine Luiza, o cenário para o restante do ano é favorável, com as reduções de juros podendo beneficiar ambas as empresas, seja pela redução do custo da dívida ou pela melhora do consumo das famílias, disse o analista da Toro Investimentos.

Porém, quando considerados fatores microeconômicos dos negócios, as perspectivas já não são tão positivas.

“Do lado do Magazine Luiza, observamos uma piora significativa dos resultados operacionais e aumento no prejuízo líquido ano a ano. Difícil precisar quando virá uma melhora expressiva. A Via, por sua vez, também reportou resultados fracos, mas o mercado está atento à possibilidade de aumento de capital robusto proposta pela companhia, juntamente com um plano de transformação do negócio. Ainda assim, os efeitos de uma melhora operacional da Via podem ser sentidos somente a partir de 2025″, destacou Costa.

Diante deste cenário, um estudo da Quantum Axis mostrou o comportamento das ações das principais varejistas do país no acumulado do ano, compreendendo o intervalo entre os dias 2/1/2023 e 14/08/2023.

Para o levantamento, a empresa de inteligência de mercado selecionou as varejistas com maior repercussão na imprensa nos últimos tempos, especialmente durante a última temporada de balanços. Nesse período, a taxa de retorno da Magazine Luiza foi de +3,65%, enquanto a da Via ficou em -28,33%.

No levantamento, ainda há outras janelas de tempo, como 12, 24 e 36 meses, que calculam a diferença entre o preço de fechamento atual no Ibovespa e a quantidade de meses para trás. Confira:

  • Magazine Luiza (MGLU3): -6,58% (entre 12/08/22 e 14/08/2023); -86,42% (entre 12/08/2021 e 14/08/2023) e -86,11% (entre 11/08/2020 e 14/08/2023);
  • Via (VIIA3): -38,35% (entre 12/08/22 e 14/08/2023); -86,79% (entre 12/08/2021 e 14/08/2023) e -91,03% (entre 11/08/2020 e 14/08/2023).

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Giovanni Porfírio Jacomino

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