Via Varejo enfrenta volatilidade no mercado após admitir fraudes

A revelação de que as possíveis fraudes contábeis podem chegar a cerca de R$ 1,4 bilhão fez com que a Via Varejo (VVAR3) voltasse a um mar revolto, em um momento em que empresa parecia estar próxima

A história como um todo, revelada de forma exclusiva pelo SUNO Notícias, mostrou que a Via Varejo, dona das marcas Casas Bahia, Extra.com e Ponto Frio, ainda tem que enfrentar desafios do passado para, só então, conseguir voltar à disputa no setor de varejo.

Considerada por diversos analistas como a “nova Magazine Luiza“, em referência a forte valorização da varejista concorrente nos últimos anos, a Via Varejo enfrenta agora uma crise contábil e de imagem para recuperar a credibilidade e a esperança do mercado.

Via Varejo terá volatilidade nas ações

O problema que a Via Varejo enfrenta causou, ao menos, algo raro no mercado: transformou uma opinião em unanimidade.

De acordo com analistas, há um consenso de que o impacto da fraude analisada pela Via Varejo deverá trazer volatilidade aos papéis da empresa.

Saiba mais: Via Varejo confirma indício de fraude de R$ 1 bilhão

Não à toa, antes da divulgação do fato relevante acerca do impacto, as ações da varejista subiam 8,2%, a R$ 11,17. Logo após a divulgação, os papéis foram para uma queda de 3,10%, a R$ 10,00. Já no dia seguinte, foram de volta à alta.

Mas, para além da volatilidade, para Pedro Fagundes, analista de varejo da XP, em relatório divulgado aos clientes, a Via Varejo deve ter um impacto menor que o esperado em seus balanços futuros, apesar do susto inicial do mercado.

“O montante com efeito caixa negativo na realidade é de cerca de R$ 900 milhões, a ser desembolsado no intervalo de três e quatro anos – ou 6% (a valor presente) do valor de mercado da empresa”, disse o analista.

No último trimestre, a Via Varejo apresentou um prejuízo de R$ 383 milhões, cerca de quatro vezes maior que o imediatamente anterior. A receita líquida da companhia foi de R$ 5,68 bilhões no período.

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Mesmo com uma cifra tão alta em relação ao números trimestrais da empresa, o Citi afirma que, apesar de o impacto de R$ 900 milhões ser diretamente de despesas de caixa, “o impacto final na situação financeira da empresa parece baixo”.

Notícias parcialmente positivas

Além disso, a opinião dos analistas também vai ao encontro de pequenas notícias positivas em meio ao turbilhão que a empresa passa.

A Via Varejo identificou ajustes positivos de cerca de R$ 200 milhões referentes a créditos fiscais e cerca de R$ 600 milhões referentes a PIS/Cofins e ICMS.

“O efeito combinado de ambos tem o potencial de anular quase a totalidade do efeito negativo no caixa”, disse Pedro Fagundes, da XP.

Já em relação a imagem da companhia, que está intrinsecamente ligada a confiança, Fagundes crê que, apesar da surpresa dos valores bilionários, a possibilidade de problemas da gestão anterior já está precificada.

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A Via Varejo passou do controle do GPA e voltou para a gestão da família Klein no início deste ano.

Desde então, o mercado vem esperando que a nova forma de administração fomente um turnaround na empresa, fazendo com que a varejista abocanhe mais market share e dispute o setor, de forma mais competitiva, com Magazine Luiza, Amazon e B2W.

Mas, graças às revelações, o mercado colocou em dúvida todo o hype que a Via Varejo vinha ganhando entre investidores, que apostavam que a varejista brigaria mais rapidamente por um market share maior.

Caso remete a fraudes fiscais

A Via Varejo, há cerca de dois meses, leva adiante uma investigação acera de supostas fraudes financeiras nos balanços da companhia.

Uma das formas de manipulação ocorre na possibilidade de transformar despesas, consideradas CAPEX, em receita e diminuir provisões.

A Via Varejo contabilizou também que depósitos judiciais não estavam em provisão. A investigação mostrou que foram excluídos processos jurídicos como forma de reduzir despesas que seriam necessárias, com manipulação de planilhas.

Vinicius Pereira

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