O que está por trás da visão otimista dos analistas sobre a Tenda (TEND3)

Em um setor ainda marcado por cautela, a Tenda (TEND3) aparece como uma exceção na leitura dos analistas. Após divulgar suas projeções financeiras para 2026, a construtora voltou ao centro das atenções ao combinar retorno elevado, geração relevante de caixa e perspectiva de desalavancagem completa, elementos que sustentam uma avaliação mais construtiva para o papel, segundo relatório do Itaú BBA.

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O banco manteve recomendação de desempenho acima da média para a companhia, destacando a solidez do negócio principal e o valuation considerado atrativo mesmo após a valorização acumulada das ações nos últimos 12 meses.

TEND3 e um guidance que reforça a tese

Durante o Investor Day realizado em dezembro, a Tenda apresentou seu guidance para 2026, com vendas consolidadas entre R$ 5,35 bilhões e R$ 5,95 bilhões, Ebitda entre R$ 880 milhões e R$ 1 bilhão e lucro líquido estimado entre R$ 520 milhões e R$ 600 milhões. Após incorporar os dados do terceiro trimestre de 2025 e as novas projeções, o Itaú BBA ajustou suas estimativas, posicionando-se no topo da faixa divulgada para Ebitda e resultado final.

Segundo o relatório, apesar de o guidance vir levemente abaixo das estimativas mais otimistas em alguns pontos, o desempenho do negócio principal segue robusto. A Tenda permanece como uma das empresas com maior retorno entre as construtoras de baixa renda, com ROE projetado de 43% em 2025 e 46% em 2026, o segundo mais alto do segmento .

Operação principal sustenta geração de caixa

Outro ponto central da análise é a expectativa de geração consistente de caixa nos próximos trimestres. O Itaú BBA projeta fluxo de caixa livre relevante, concentrado principalmente no segundo semestre de 2026, movimento que deve levar a dívida líquida da companhia a zero até o fim do período.

No campo operacional, a administração reiterou a força do segmento on-site, com lançamentos em torno de R$ 5 bilhões em 2025 e avanço gradual até atingir um potencial de 25 mil a 26 mil unidades. A velocidade de vendas deve se manter entre 25% e 30%, patamar considerado saudável para sustentar margens e retorno sobre o capital investido.

Já a Alea, braço de construção industrializada, passou por um reposicionamento estratégico. A companhia reduziu clusters de construção, acelerou a verticalização e busca maior previsibilidade operacional, ainda que o Itaú BBA incorpore perdas adicionais no curto prazo em suas projeções para esse segmento .

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Valuation e assimetria para o investidor

Mesmo após a forte alta acumulada em 12 meses, o banco avalia que a Tenda segue negociada a múltiplos descontados. A ação é negociada a cerca de 4,9 vezes o lucro estimado para 2026, o que representa um desconto de 35% a 40% em relação aos pares do setor de baixa renda.

Além disso, o Itaú BBA destaca que o guidance divulgado incorpora premissas conservadoras, como menor participação de subsídios regionais e ausência de reversão integral de provisões de custos. Caso esses fatores evoluam de forma mais favorável, há espaço para melhora adicional de margens e resultados, ampliando o potencial de retorno para a TEND3.

O que dizem os analistas

Na avaliação do banco, o conjunto de retorno elevado, desalavancagem e geração de caixa sustenta a recomendação positiva. “As ações da TEND3 estão sendo negociadas a um múltiplo atrativo de 4,9 vezes o lucro estimado para 2026, enquanto a forte geração de caixa à frente deve levar a dívida líquida a zero até o fim de 2026 e abrir espaço para um dividend yield de dois dígitos”, afirmam os analistas do Itaú BBA, que mantêm a TEND3 como principal escolha no segmento de habitação popular .

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Maíra Telles

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