Alckmin reclama de novas tarifas de Trump sobre aço e alumínio e quer negociação
O presidente em exercício Geraldo Alckmin afirmou que o aumento das tarifas sobre o aço e o alumínio importados pelos Estados Unidos não afeta apenas o Brasil, mas impacta todo o mercado internacional desses insumos.

“A medida que o presidente Trump tomou, aumentando o imposto de importação de 25% para 50%, não foi só para o Brasil, foi para o mundo inteiro. Então, não é ruim para o Brasil, é ruim para todo mundo, vai encarecer os produtos”, observou Alckmin, depois de participar evento na na região do Entorno do Distrito Federal.
A medida foi anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, como parte de sua estratégia de protecionismo que vem deixando o mundo à beira de uma guerra comercial. O aumento nas tarifas do aço e do alumínio havia sido anunciado por Trump durante evento na US Steel, em Pittsburgh, na noite de sexta-feira (30), e passou a valer nesta quarta-feira (4), A medida foi celebrada por ele como uma “nova era” para a siderurgia norte-americana.
Alckmin, que acumula o cargo de ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, acrescentou que o Brasil é o segundo maior comprador do carvão siderúrgico americano, que é semielaborado pela indústria nacional e depois revendido aos EUA para que as companhias do país fabriquem motores, automóveis, aeronaves.
“É uma cadeia importante, então, eu lamento, mas qual o caminho? O caminho é incentivar ainda mais o diálogo. Foi criado um grupo de trabalho pelo lado do Brasil, formado pelo Ministério da Indústria e pelo Ministério de Relações Exteriores. Pelo lado americano, o USTR [Representante de Comércio dos EUA]”, comentou o vice-presidente, que está ocupando a presidência durante viagem de Luiz Inácio Lula da Silva à Europa.
Alckmin também ressaltou que o Brasil pratica tarifa zero para oito dos dez principais produtos que os Estados Unidos exportam para o país. A nova sobretaxa sobre o aço e o alumínio, que agora atinge 50%, foi anunciada menos de três meses da imposição da primeiras tarifas, então em 25%, sobre os mesmos produtos.
Guerra comercial: reação das empresas brasileiras
Em nota, a Associação Brasileira do Alumínio (Abal) manifestou preocupação com a nova sobretaxa e pediu ações amplas do governo brasileiro para lidar com o novo cenário em que medidas protecionistas devem conviver com agendas industriais mais coordenadas.
“É necessário um duplo movimento: por um lado, cautela e calibração na adoção de medidas emergenciais de mitigação – como o fortalecimento dos instrumentos de defesa comercial e ajustes tarifários para coibir práticas desleais e desvios de comércio; por outro, visão estratégica para reposicionar o Brasil na nova geografia da cadeia global do alumínio, com base em suas vantagens competitivas estruturais”, disse a entidade.
O Instituto Aço Brasil afirmou em nota, divulgada na terça-feira (3), que é preciso manter esforços para reconstruir o mecanismo de cotas que permite que quantidades determinadas de aço entrem nos EUA sem tarifas comerciais. Segundo a entidade, a taxação é um problema para a própria indústria norte-americana, que será prejudicada.
“Mais uma vez, o Aço Brasil reforça que a retomada das exportações de aço aos Estados Unidos nas condições vigentes até março atende não somente o interesse da indústria de aço brasileira, mas também da indústria de aço norte-americana. O não restabelecimento do acordo será prejudicial a ambos os países, razão pela qual o Aço Brasil mantém sua confiança na continuidade do diálogo entre os dois governos, de forma a retomar o fluxo de produtos de aço para os Estados Unidos.”
Com Agência Brasil