Setor portuário vive caos crônico – longe de ser resolvido, diz gestor

Com um histórico nada invejável de problemas no setor portuário, o Brasil já soma anos de problemas estruturais e com operação muito próxima ao limite de capacidade instalada – e sem uma perspectiva de melhora no curto e médio prazo, segundo o gestor Ricardo Propheta, da BRZ Investimentos.

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Entre os fundos da casa, o BRZP11 é detentor do Porto de Itapoá, em Santa Catarina, e mostra um patamar mais folgado com relação ao limite da capacidade instalada, mas figura como exceção em meio a uma série de problemas de infraestrutura.

Segundo o gestor, a capacidade ‘ótima’ seria em torno de 70%, contudo o Brasil sempre operou acima tudo com problemas estruturais e poucos recursos para infraestrutura.

Além disso, mesmo com obras que aumentem os TEUs (Unidades Equivalentes, ou contêineres de Vinte Pés) pontuais, o problema tende a permanecer.

“As cargas vão ficar mais caras, especialmente as importadas. O problema disso é que demora muito tempo para instalar capacidade nova em um porto de contêiner. Não dá para ter expectativa que isso mude no ano que vem por exemplo. Isso só muda com novos projetos portuários, novas licitações, ou licenciamentos de terminais privados”, analisa Propheta.

“O que diminuiu o problema é que existem alguns portos em expansão. Estamos entregando neste ano de 2023 um porto com uma melhora extremamente específica, com 600 mil TEUs neste ano. Itapoá e outros terminais que estão expandindo deve ajudar a não piorar muito o problema”, acrescenta.

O especialista destaca que não há risco iminente de o transporte ser inviabilizado, contudo as cargas operadas tendem a encarecer com a permanência do problema já alastrado.

Além disso o tempo médio das operações também sobe – com um navio hoje demorando cerca de 18 horas para atracar no Porto de Santos – ante cerca de 9 horas em meados de 2019.

Prejuízo bilionário

Números ventilados na imprensa mostram estimativas na casa dos US$ 20 bilhões em perdas com importações por causa da descolagem da demanda e a capacidade operacional – considerando uma perde potencial de cerca de 500 mil TEUs.

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Propheta considera o número relativamente exagerado, e reitera que ainda não vê inviabilização no setor.

“Acho que dizer que essas cargas não serão operadas é um pouco exagerado – contudo, a gente está trazendo um custo adicional para o sistema que é muito alto. Se você dobra o custo de algo, na prática você inviabiliza, por exemplo”, explica.

O problema é tipicamente brasileiro, segundo o especialista, que vê o Brasil como um país muito sui generis, com problemas só seus e com poucos comparativos.

“O Brasil é muito grande e em desenvolvimento. È difícil vermos países com problemas análogos”, diz ele.

Além disso, o gestor da BRZ destaca que no setor portuário temos poucas empresas operando porque temos poucos portos, temos grandes empresas locais.

“O último problema do setor é diversidade de potenciais de investidores e operadores de porto”, ressalta.

“Continuamos achando que tem muito retorno para ser absorvido por investidores. Os retornos são muito bons, sólidos e muito altos, com um risco relativamente controlado”, completa, sobre as oportunidades de desenvolvimento do segmento.

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Eduardo Vargas

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