Ser Educacional (SEER3) vibra com lucro em ano de crise e busca novas aquisições

O ano de 2020 foi desafiador para a Ser Educacional (SEER3). Mesmo após uma dura disputa com a concorrente Ânima (ANIM3) pelos ativos da Laureate no Brasil, a empresa conseguiu se manter nos trilhos, reduzir a inadimplência em um ano marcado pela crise do coronavírus (covid-19) e reportar um lucro líquido ajustado de R$ 120,1 milhões.

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Para Rodrigo Alves, diretor de RI do Grupo Ser Educacional, o resultado tem de ser comemorado. “Nós crescemos o lucro do ano em um ano que estaria perdido. De todas as empresas de ensino superior listadas na Bolsa, a Ser foi a única que gerou lucro”, disse o executivo.

Apesar do otimismo, o lucro apareceu com uma receita não recorrente oriunda, justamente, da disputa perdida para a Ânima. A Laureate foi obrigada a pagar R$ 180 milhões para a Ser Educacional após desistir do negócio. Mas, de acordo com Alves, mesmo sem a receita, o balanço seria positivo e o foco agora é a expansão da Ser.

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“Mesmo sem o Go Shop [cláusula que garante a concorrência em um processo de fusão e aquisição e que garantiu uma remuneração à Ser após não ficar com os ativos da Laureate], nós teríamos um lucro líquido contábil de R$ 120 milhões. Crescemos o lucro com o Go Shop, mas ele é resultado de muito trabalho. Era inimaginável termos reportado esse lucro lá por abril”, afirmou.

“O que estamos trabalhando agora é em uma na nova safra de aquisições. A gente tem um hall de empresas que temos algum tipo de negociação bem interessante e mais na linha nova, saindo um pouco de presencial, procurando ativos online, com Edtechs e players de EAD, além de aumentar nosso foco em medicina”, completou.

Confira a entrevista do SUNO Notícias com Rodrigo Alves, diretor de RI do Grupo Ser Educacional:

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-Como vocês analisaram o resultado?
No começo da pandemia estávamos com uma preocupação maior. O receio era de que houvesse uma retração do volume do pagamento das mensalidades muito grande. Chegamos, no meio da pandemia, a tomar um capital de giro de cerca de R$ 500 milhões, para se ocorresse algo muito ruim já tivéssemos caixa.

Mas as coisas se equilibraram ao longo do ano. No quarto trimestre, em todas as métricas, tem um resultado negativo pequeno em relação ao tamanho do problema.

Isso porquê compramos Facimed e Unijuazeiro, que ajudou, mas também tivemos um aumento muito grande do digital. E ele, em termos de receita, ele é 9% no ano e 12% do Ebtida. Mas quando você olha só o quarto trimestre, o digital deu 20% do Ebtida, o que é um número bem surpreendente.

Tem o efeito covid-19, mas também um portfólio de cursos novos que lançamos e ajudou muito na venda de cursos online. É um modelo de curso de forma mais rápida, profissionalizante, que ele passa por cartão de crédito e compra simples via rede social.

A Ser conseguiu, no meio da pandemia, se reorganizar e começar projetos que achavam que ia demorar cinco anos para começarmos. Achávamos que não seria tão rápido, principalmente por uma questão cultural.

Houve impacto também por conta da inadimplência menor do que a esperada. A que se deve uma melhora?
No acumulado no ano, provisionamos e tivemos um aumento da PDD [Provisão para Devedores Duvidosos] de 53%. Então, o que ocorreu foi mais uma questão de trimestre. Esse trimestre a gente teve uma inadimplência menor do que a gente previu.  A mensagem é que provisionamos igual ao ano passado, R$ 33 milhões para passar. Entendemos que o volume de provisão já era o suficiente.

A quebra de contrato da aquisição da Laureate adicionou R$ 180 milhões no balanço da Ser Educacional, que ajudaram os resultados. Isso foi o ponto principal do balanço?
Nós crescemos o lucro do ano em um ano que estaria perdido. De todas as empresas de ensino superior listadas na Bolsa, a Ser foi a única que gerou lucro.

Mesmo sem o Go Shop, nós teríamos um lucro líquido contábil de R$ 120 milhões. Crescemos o lucro com o Go Shop, mas ele é resultado de muito trabalho. Era inimaginável termos reportado esse lucro lá por abril.

Passamos por um ano com muitas formaturas de Fies e agora temos uma empresa muito mais equilibrada. Você tem negócio de saúde forte, com quase o dobro de vagas de medicina. tem uma empresa com estrutura de capital, com caixa líquido, distribuindo dividendo, o que é importante para acionista, tem um negócio presencial, que está em transformação, com a hibridização do ensino.

E tem um outro negócio, que é o EaD, que está crescendo e  assim temos uma empresa muito balanceada.

-O EaD deve ser o ponto principal neste 2021 para a Ser?
A tendência do número que mostramos diz isso. Esse semestre foi a primeira vez que o volume de captação foi maior em termos nominais. Captamos na graduação 21 mil alunos no 2º semestre e no digital captamos 25 mil.

Em pós a gente nunca captou muito, mas subimos a 6.500 novos alunos. Então, a tendência é que o digital será relevante e, a curto e médio prazo, deve bater 50% da base.

-Mas, ao mesmo tempo, ele não traz um faturamento menor?
Ele é menor, mas o digital nosso tem uma margem hoje é de 34%, já a do presencial é de 25%. Para cada aluno presencial você precisa de 2,5 para repor no digital, mas o presencial você precisa de um investimento maior. O EAD você cria um efeito rede na operação.

Eu quero um negócio resiliente, uma área saúde boa, com boa medicina, um presencial que, com a retomada das atividades, deve voltar ao normal e você ainda tem um digital que vem para ficar porque as pessoas aprovaram estudar online.

-Ano passado foi um período movimentado em fusões e aquisições. Como será em 2021?
O pipeline do mercado de M&A de educação segue aquecido. Mas o que estamos trabalhando agora é em uma na nova safra de aquisições. A gente tem um hall de empresas que temos algum tipo de negociação bem interessante e mais na linha nova, saindo um pouco de presencial, procurando ativos online, com Edtechs e players de EAD, além de aumentar nosso foco em medicina.

Podemos comprar presencial? Podemos, mas não que seja prioridade. Somos bem exigentes nos ativos.

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Vinicius Pereira

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