Presidente do BC rechaça que Copom tenha sido obrigado a elevar Selic por erro

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, rechaçou nesta quinta-feira (25) que o Comitê de Política Monetária (Copom) tenha sido obrigado a elevar a Selic em 0,75 ponto porcentual na semana passada por ter errado ao manter a taxa em 2,00% ao ano na reunião de janeiro.

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“Se há entendimento de que BC está atrás da curva, resposta é não. Nós achávamos que entre uma reunião e outra haveria um conjunto de informações muito importantes. Tivemos uma continuação muito grande da alta de commodities”, respondeu.

Campos Neto destacou que fazer um ajuste mais célere pode levar uma intensidade total menor no ajuste da Selic. Além disso, haveria um efeito de ancoragem maior das expectativas de longo prazo.

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Ele explicou que o processo de normalização de juros está relacionado com a taxa neutra da economia. “Se a normalização é parcial, significa que nós não entendemos que esse movimento deva acontecer (na íntegra) agora”, completou.

Campos Neto repetiu que a economia prescreve agora uma normalização parcial. “Obviamente não sabemos todos os detalhes nos ajustes de preço que têm causado aumento da inflação que acreditamos que seja temporário”, acrescentou.

O presidente do BC afirmou que quando a Selic chegou a 2,00% ao ano, em agosto do ano passado, a autoridade monetária esperava um cenário que “felizmente” não aconteceu. “Então entendemos que devemos fazer normalização parcial, porque os juros de 2,00% estavam dentro desse cenário que não ocorreu”, argumentou.

Copom surpreende e leva Selic para 2,75%; indica nova alta de 0,75%

Em decisão unânime, o Conselho de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) aumentou na última semana a taxa básica de juros (Selic) de sua mínima histórica de 2,00% ao ano para 2,75% ao ano. Esta é a primeira vez desde 2015 que a meta foi elevada pelo colegiado.

O anúncio desta noite surpreender alguns setores do mercado, cujas previsões giravam em torno de uma aumento de 0,5 ponto percentual.

Segundo o Copom, “uma estratégia de ajuste mais célere do grau de estímulo tem como benefício reduzir a probabilidade de não cumprimento da meta para a inflação deste ano, assim como manter a ancoragem das expectativas para horizontes mais longos”.

Embora mais elevada, uma alta já era esperada pelos agentes do mercado, muito por conta da retirada da ferramenta de forward guidance, uma orientação futura oferecida pela autoridade monetária, na última reunião do Copom. O fim ao instrumento, disse Nicolas Takeo, gerente de análise da Singulare, “preparou o terreno para uma alta nos juros.”

A razão para a retirada do forward guidance foi a inflação, a “bela adormecida” que voltou a aparecer no horizonte. De acordo com o último Boletim Focus, a projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2021 está em 4,60%, nível superior ao centro da meta, de 3,75%.

Entre os principais alvos do aumento de preços estão o grupo de alimentos e combustíveis, impulsionados mais por uma alta nos commodities no exterior do que por uma demanda sólida, fruto de uma reativação da economia.

Somando isso a um real desvalorizado e uma taxa livre de risco reduzida tem-se um “círculo vicioso”, afirmou Marcos De Callis, estrategista da Hieron Patrimônio Familiar e Investimento, no qual a curva de juros se empina cada vez mais.

“O Banco Central deveria carregar mais rapidamente o ajuste de juros”, para “um patamar mais condizente com a percepção de risco”, ressaltou o especialista. “O BC tem de se posicionar, não pode ser ativista”. “Tem de se preocupar com a ancoragem da inflação.”

Com informações do Estadão Conteúdo

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Rafaela La Regina

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