O banco BTG Pactual (BPAC11) estima que a Agência Nacional de Saúde Complementar (ANS) deve autorizar um reajuste de 15% no preço dos planos de saúde individuais em meados de 2022. Caso se confirme a previsão do banco, este seria o maior aumento já feito desde 2016, 1,43 pontos percentuais acima da marca de 13,57%.
Atualmente, a ANS definiu que para o período entre maio de 2021 e abril de 2022, os planos de saúde deveriam sofrer desconto de 8,19%, o primeiro reajuste negativo da série iniciada em 2000, por causa da queda da demanda durante o período de isolamento da pandemia da covid-19.
Segundo o banco, o reajuste recorde, na sequência do primeiro reajuste negativo da história, é reflexo do pico que houve em 2021 de pedidos médicos.
Do aumento de 15%, o BTG explica que quatro quintos se devem ao aumento das despesas médicas, e um quinto ao avanço medido pelo IPCA se excluída a inflação dos serviços de saúde.
Assim, a instituição acredita que o reajuste deva normalizar a “dinâmica anormal” dos preços de 2020, uma vez que o adiamento de procedimentos e cirurgias eletivas, por conta da pandemia da covid-19, alterou as frequências hospitalares.
“Conforme as despesas médicas explodiram em 2021, e a base de clientes de planos de saúde individuais diminuiu, nós esperamos um forte reajuste de preços para o ciclo de 2022”, destaca em relatório.
“Especificamente, pedidos médicos de planos de saúde individuais subiram 21% na comparação anual de setembro de 2021. Supondo um aumento de 12,5% no quarto trimestre de 2021, o custo das despesas médicas (80% do reajuste da equação da ANS) deve chegar a 17,5%.”
“Já o IPCA, excetuado a inflação do setor de saúde, ficou em aproximadamente 11%”, afirma ao banco ao detalhar a conta, que ainda leva em consideração fatores como a eficiência do setor.
O reajuste dos planos de saúde individuais deve ser anunciado pela ANS no meio do ano, sendo válidos para o período entre maio de 2022 e abril de 2023, a partir da data de aniversário de cada plano. As contas devem ser aprovados pelo Ministério da Economia.
No Brasil, dois terços dos contratos totais de plano de saúde são corporativos e, por isso, sujeitos à negociação entre as seguradoras e as empresas, enquanto os planos de saúde individuais respondem por 18% dos planos privados e são regulados pela ANS.
Entre operadoras de planos de saúde, Hapvida segue favorita para o BTG Pactual
No relatório, o banco reforçou a preferência pelas ações da Hapvida (HAPV3), a qual tem a maior exposição ao reajuste dos planos de saúde individuais, cerca de 23% da base de clientes, ou 17,5% da nova fusão entre Hapvida e NotreDame Intermédica (GNDI3), aprovada mês passado pelo Cade.
Em comparação, as gigantes do setor, que não vendem mais planos individuais, têm uma posição menor, como é o caso da SulAmérica, com 5% da base de planos individuais, e Bradesco Saúde, com 3%.
Para o banco, as ações da Hapvida são negociadas a um nível atraente, de 22,5 vezes a relação preço lucro para 2022. Entre os fatores que podem apontar a alta para os papéis da empresa, o BTG destaca, além do reajuste aos planos de saúde individuais, a fusão e as sinergias possíveis com a Notre Dame, bem como novas aquisições.
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