Petrobras (PETR4): saiba quanto a estatal deve pagar em dividendos em 2026

Após anunciar, em agosto, a distribuição de R$ 8,66 bilhões em dividendos e JCP como antecipação da remuneração relativa ao exercício de 2025, a Petrobras (PETR4) segue no radar dos investidores, com o mercado já projetando os proventos da companhia para 2026.

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Segundo o especialista em investimentos e MBA em finanças Cristiano Leal, não há consenso sobre o montante a ser pago em dividendos da Petrobras no ano que vem, mas ele cita dois cenários base:

“No cenário conservador, com Brent abaixo de US$ 70, dólar valorizado e CAPEX elevado, o pagamento pode ficar perto de R$ 1,50 por ação, yield de 4% a 7%. Já no cenário otimista, com petróleo acima de US$ 70, câmbio estável e investimentos mais contidos, os dividendos poderiam chegar a R$ 3,00 por ação, garantindo yield de 10% a 15%”, projeta.

Quais fatores influenciam os dividendos da Petrobras (PETR4)?

Tanto no cenário conservador quanto no otimista, as estimativas citadas por Leal dependem de variáveis que impactam diretamente o caixa da Petrobras.

“O preço do petróleo é o principal driver, já que as receitas da Petrobras dependem fortemente das cotações do Brent. Uma queda para US$ 65, por exemplo, pode reduzir os dividendos de 20% a 30%”, explica.

Além disso, fatores como câmbio, nível de produção e sobretudo a disciplina nos investimentos também são determinantes.

“Manter essa disciplina é crucial para equilibrar crescimento e proventos, mas aumentos inesperados no CAPEX podem cortar o fluxo de caixa disponível”, adiciona.

Plano estratégico é ponto de atenção

O especialista lembra que o plano estratégico da Petrobras para o período entre 2026-2030, previsto para ser divulgado no próximo mês de novembro, deve trazer mais detalhes sobre esse equilíbrio entre crescimento e distribuição de dividendos da PETR4.

A meta de reduzir o CAPEX para cerca de R$ 93,5 bilhões (US$ 17 bilhões) em 2026, por exemplo, pode liberar até R$ 20 bilhões para dividendos extraordinários da Petrobras, diz Leal.

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Riscos políticos podem ser um problema

Apesar do potencial de remuneração, riscos políticos seguem no radar, sobretudo pelo fato de 2026 ser um ano eleitoral.

“Riscos políticos e decisões do governo podem cortar as projeções de proventos da Petrobras em 15-30% (de R$ 66 bilhões para R$ 46-56 bilhões), devido à influência da União como acionista controladora. Essas incertezas elevam o risco percebido, podendo derrubar o preço da ação da Petrobras em 10-20% em eventos adversos”, projeta.

Nesse sentido, o especialista ainda cita outros possíveis movimentos que tendem a comprometer a projeção de dividendos para a PETR4:

  • Decisões para segurar preços de gasolina ou diesel, visando conter inflação, podem reduzir margens em 10-20%, diminuindo o fluxo de caixa e os dividendos;
  • A regra atual de 45% do fluxo de caixa livre pode ser alterada, reduzindo os proventos ordinários;
  • Atrasos na exploração da Margem Equatorial, por questões políticas ou ambientais, podem elevar custos e adiar receitas, impactando o fluxo de caixa em 5-10%;
  • Com eleições em 2026, o plano estratégico 2026-2030 pode ser influenciado por interesses políticos, aumentando incertezas sobre a gestão da estatal.

Afinal, a Petrobras é uma boa escolha para dividendos?

Diante desse balanceamento entre riscos e oportunidades, Cristiano Leal afirma que as ações PETR4 seguem como uma opção relevante para quem busca dividendos, mas destaca que o papel é mais recomendado para investidores que toleram volatilidade.

“Acredito que a Petrobras segue sendo uma opção atrativa para investidores focados em dividendos, com yields projetados de 10-15% em cenários favoráveis. Contudo, sua exposição aos riscos políticos e à volatilidade do petróleo a torna mais adequada para quem tolera oscilações, sendo menos previsível que outras opções. É uma escolha válida para perfis de risco moderado-alto”, afirma.

Assim, o especialista cita outros papéis que entregam maior previsibilidade e níveis de dividendos semelhantes aos da Petrobras.

“Investidores que buscam estabilidade podem encontrar alternativas melhores no setor de óleo/gás e energia: a Prio (PRIO3), com foco em campos offshore e menor risco de interferência estatal, por exemplo, além de 3R Petroleum (RRRP3), com crescimento via consolidação de ativos. O setor de Energia e transmissão também é interessante com Eletrobras (ELET3), Engie Brasil (EGIE3) e Taesa (TAEE11)”, complementa.

Essa matéria sobre as projeções de dividendos para a Petrobras em 2026 não é uma recomendação de investimentos.

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Guilherme Serrano Silva

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