Petrobras (PETR4): conduta do governo coloca em risco o perfil de crédito, diz Moody’s

A agência de avaliação de risco internacional Moody’s Ratings avalia que as mudanças que o governo promove na Petrobras (PETR4) podem colocar em risco a qualidade do perfil de crédito da estatal.

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Segundo o relatório do Moody’s divulgado nesta segunda-feira (8), caso o governo federal decida usar a Petrobras (PETR4) para cobertura de déficits fiscais, controle dos preços dos combustíveis e da inflação, poderá prejudicar a avaliação da empresa.

A companhia atualmente está classificada em nível “Ba1” de risco, enquanto o Brasil como um todo é avaliado como “Ba2”, ambos em um cenário estável.

Governo e Petrobras (PETR4): Como a interferência pode impactar a companhia?

Em seu mais recente relatório de perspectivas geopolíticas e econômicas na América Latina, a Moody’s avaliou que as mudanças políticas podem apresentar riscos para as estatais ao redor do mundo. De acordo com o documento, no caso da Petrobras, as mudanças das políticas públicas também representam um risco de crédito para a petrolífera nacional, embora sua governança corporativa ofereça barreiras consideráveis.

Segundo os especialistas da Moody’s Ratings, organizados por Alexandre Albuquerque, analista-sênior, “os padrões de governança corporativa da Petrobras oferecem alguma proteção contra a interferência do governo.”

Em sua perspectiva, as mudanças do governo Lula na equipe executiva, de diretoria e estratégias financeiras e de investimento não alteraram significativamente a qualidade de crédito da companhia.

Entretanto, o relatório ressalta duas interferências relevantes do governo na empresa: os novos membros da companhia e mudanças em políticas de preços.

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Mudanças na Petrobras de 2023 para cá

As principais mudanças de Lula na Petrobras, como a indicação de Jean Paul Prates como diretor executivo e outros cargos da alta diretoria, já eram previstas.

Enquanto isso, alterações de políticas internas como no imposto sobre as exportações de petróleo e o fim da desoneração fiscal federal sobre a gasolina e o etanol em fevereiro de 2023, “afetaram o setor de gás e petróleo inteiro no Brasil, até a suspensão das vendas de ativos da Petrobras por 90 dias em março [de 2023],” relembra o relatório.

A Moody’s também relembra outros acontecimentos relevantes, como uma nova política imposta em maio de 2023, que usou referências de mercado para precificar o diesel e a gasolina e “colocou em dúvida a continuidade das práticas de paridade de importação da Petrobras”.

“A medida aumentou a flexibilidade da precificação, e impõe em perdas se a Petrobras não conseguir transferir o custo da volatilidade dos preços internacionais do petróleo para os preços dos combustíveis no mercado doméstico”, afirma a Moody’s.

Por fim, o corte nos dividendos da Petrobras já em julho de 2023 e agora, após a divulgação dos resultados anuais, que prejudicou o preço das ações PETR4, apontou a agência, “devido às dúvidas do mercado sobre a alocação de recursos.”

Apesar disso, a Moody’s ressalta que o novo plano da Petrobras, que realoca US$ 34 bilhões a mais em investimentos, de US$ 78 bilhões para US$ 102 bilhões, se baseia na geração interna de caixa e conta com uma economia em razão da redução do pagamento de dividendos.

“O novo plano não colocaria em risco as métricas de crédito da Petrobras nem aumentaria sua dívida, e ampliaria os gastos em projetos de baixo carbono”, conclui a agência.

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Camila Paim

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