PEC da Transição é desidratada para 1 ano após acordo; texto deve ser aprovado nesta terça (20) na Câmara

O Ibovespa opera o dia em alta, com a expectativa de que ocorra a aprovação do PEC da Transição ainda nesta terça-feira (19). Após reunião do futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com deputados na residência oficial do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a proposta foi desidratada e deverá ter duração de um ano, em vez dos dois anos previstos no texto aprovado no Senado.

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Segundo informações do Valor Econômico, Haddad falou rapidamente à imprensa ao chegar no centro de transição. Questionado se o prazo de validade havia sido reduzido, Haddad afirmou que “não é hora [de comentar]”.

Embora investidores estejam animados com valores e prazos menores para a PEC, no Congresso Arthur Lira e parlamentares articulam mudanças que permitam que recursos do chamado orçamento secreto sejam destinados à emendas de comissão.

Os bastidores da PEC: orçamento secreto pode ser redistribuído

Na noite de ontem, o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que os recursos das emendas de relator permanecerão no Orçamento e serão destinados aos próprios parlamentares. A declaração foi feita após Haddad se reunir com Lira para discutir a PEC da Transição.

“Amanhã vamos falar com os líderes, explicar os conceitos que estão por trás da PEC da Transição e o que vamos fazer com a RP9. O recurso vai ficar no orçamento e vamos definir a destinação desse recurso para melhorar as obras de infraestrutura, concluir as obras que estão paradas, definir a destinação desses recursos”, disse.

Foi o que disse ontem orelator do Orçamento da União de 2023, senador Marcelo Castro (MDB-PI). Ele afirmou que os recursos previstos na emenda de relator serão redistribuídos para o atendimento de emendas de bancada e emendas de comissão. O relatório de Castro prevê a destinação de R$ 19,4 bilhões para o orçamento secreto.

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Para onde podem ir os recursos do orçamento secreto?

A mudança na destinação dos recursos foi definida após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que derrubou o modelo atual de distribuição das emendas de relator. Por 6 votos a 5, a corte finalizou ontem (19) o julgamento de que as emendas de relator — ou orçamento secreto — são ilegais e não estão previstas na Constituição.

“Eu não posso, por iniciativa própria, colocar [os recursos] onde eu quiser. Eu só posso alocar esse recurso onde houver emenda. Onde houver solicitação. Então, o que remanesce hoje são emendas de bancadas e emendas de comissão”, afirmou Castro.

Segundo ele, as emendas de comissão são de caráter geral, nacional, e será dado preferência ao atendimento às emendas de comissão.

Nós vamos pegar esses R$ 19,4 bi e distribuir pelas emendas de comissão do Congresso Nacional, tanto da Câmara quanto do Senado.

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Mercado tem expectativa de uma PEC ‘desidratada’

Hoje, diz Rodrigo Ashikawa, economista da Principal Claritas, é um dia decisivo, com expectativa de votação da PEC. “O mercado está querendo comprar a ideia de uma PEC da Transição desidratada. Deve ficar o dia todo lendo especulações neste sentido”, afirma.

De todo modo, Ashikawa pondera que, mesmo que isso aconteça, de redução no valor e do prazo, o cenário fiscal do Brasil continuará preocupante. “Ainda tende a seguir deteriorado. Temos de entender como tudo isso se dará, como ficará essa questão”, diz.

Além disso, conforme aponta Rodrigo Cohen, analista CNPI e co-fundador da Escola de Investimentos, hoje a bolsa está subindo porque Haddad está articulando com Lira de forma mais racional e com maior bom senso.

Isso faz com que as bolsas se animem. Sabemos que a PEC da Transição caiu de quatro anos para um e agora, possivelmente, será aprovada de forma desidratada.

Cohen também destaca a reação em cadeia: “mercado se anima e talvez os juros no ano que vem não subam muito. Isso facilita crédito, dá força para empresas subirem, como as varejistas, aviação, tecnologia e, principalmente, construtoras.”

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PEC da Transição na mira do Congresso e do novo governo

Nesta terça-feira, Haddad se reuniu com deputados na residência oficial da Câmara a fim de negociar pontos da PEC da Transição. Segundo informações do Broadcast Estadão, mais de 25 deputados participam do encontro — que também conta com a presença do presidente da Casa, Arthur Lira.

Mesmo com a decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que abre caminho para que Lula financie o Auxílio Brasil de R$ 600 com a abertura de crédito extraordinário por meio de medida provisória, o “plano A” do governo eleito para ampliar o Orçamento de 2023 continua a ser a aprovação da PEC da Transição.

Após reunião com Lira, o futuro ministro confirmou que o prazo da PEC da Transição deve cair para um ano. Ao chegar ao Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), onde funciona o gabinete de transição, Haddad não respondeu às perguntas dos jornalistas, mas confirmou que o prazo da PEC cairá pela metade.

Um ano, afirmou Haddad, ao entrar no prédio.

O PT buscava formas de evitar a desidratação da proposta, mas já era dado como certa a aprovação de uma emenda supressiva para reduzir de dois para um ano a ampliação do teto de gastos em R$ 145 bilhões.

A proposta está na pauta da Casa, os debates já tiveram início no plenário, e a votação em dois turnos é dada como certa ainda hoje. Para ser aprovada, a PEC da Transição precisa do aval de pelo menos 308 deputados.

Com informações da Agência Brasil e Estadão Conteúdo

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Janize Colaço

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