Petróleo em compasso de espera: BTG vê cenário resiliente para ações de óleo e gás na América Latina
O setor de óleo e gás da América Latina encerra 2025 em um ponto de equilíbrio delicado entre riscos geopolíticos, expectativas de excesso de oferta global e fundamentos ainda resilientes para algumas companhias listadas. Em relatório setorial, o BTG Pactual avalia que, apesar da volatilidade recente do Brent, o mercado segue oferecendo oportunidades seletivas, especialmente entre produtores com geração de caixa robusta e valuation descontado.
Na última semana, o preço do Brent avançou cerca de 3,7%, alcançando a região de US$ 61,5 por barril, movimento impulsionado pelo aumento da pressão econômica dos Estados Unidos sobre o petróleo venezuelano e por ataques aéreos contra grupos extremistas na Nigéria. Por outro lado, ganhos foram limitados pelas negociações de paz entre Rússia e Ucrânia e pela expectativa de um superávit global de petróleo em 2026, fator que segue no radar dos investidores.
Nesse contexto, o banco destaca que a leitura para o setor exige cautela no curto prazo, mas não invalida teses construtivas para empresas bem posicionadas na curva de custos e com forte disciplina de capital.
Petrobras, PRIO e produtores independentes no radar
No segmento de upstream, o BTG observa movimentos distintos entre os principais nomes da região. A PRIOacompanhou o avanço do Brent e registrou alta semanal relevante, enquanto a Petrobras teve desempenho mais moderado, com investidores reagindo à suspensão da greve após sindicatos aceitarem a proposta revisada da companhia, o que reduziu riscos operacionais no curto prazo.
Na cobertura do banco, a Petrobras segue como uma das principais apostas do setor, combinando múltiplos atrativos, geração de caixa consistente e elevado retorno ao acionista ao longo dos próximos anos. O relatório mostra que, mesmo em um cenário de preços menos favorável, a estatal brasileira mantém indicadores de valuation competitivos frente a pares globais.
Entre os produtores independentes, empresas como PRIO, PetroReconcavo e Brava Energia aparecem com FCFE yields elevados nos próximos anos, refletindo estruturas de custo mais enxutas e forte alavancagem operacional aos preços do petróleo.
Downstream, combustíveis e atenção ao gás no Brasil
No downstream, o BTG destaca desempenho positivo de Vibra e Ultrapar, impulsionado por dados resilientes de vendas de combustíveis divulgados pela ANP. Segundo o banco, os números sustentam ganhos de participação de mercado e maior estabilidade de margens para as distribuidoras incumbentes, mesmo em um ambiente competitivo.
O relatório também chama atenção para o segmento de distribuição de gás no Brasil, após o Ministério de Minas e Energia sinalizar preocupação com o aumento das tarifas. Para o BTG, esse ponto pode se tornar um novo foco de discussão regulatória e influenciar o desempenho de ativos ligados à cadeia de gás ao longo de 2026.
De forma geral, o banco reforça que, apesar de um cenário global mais desafiador para o petróleo, a combinação de valuations descontados, geração de caixa elevada e retorno ao acionista mantém o setor de óleo e gás da América Latina como um campo fértil para estratégias seletivas de investimento, desde que o investidor esteja atento aos riscos macro e geopolíticos que seguem no horizonte.