Oi (OIBR3): CEO revela os planos para ‘recuperar’ empresa e cortar dívida bilionária em 50%

Com um resultado que mostra um prejuízo cinco vezes maior na base anual, a Oi (OIBR3) mostrou R$ 17,6 bilhões na sua última linha do balanço, divulgado na noite desta segunda-feira (22).

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Em teleconferência após a divulgação dos números, o CEO, Rodrigo Modesto de Abreu, citou por diversas vezes as expectativas sobre a reestruturação da companhia e da redução da sua dívida financeira.

Atualmente, a dívida total da Oi já está na casa dos R$ 30 bilhões.

A perspectiva da gestão é de um corte de 50% no valor de face relativo à dívida financeira, com o curso do plano de desinvestimentos atual e também as questões operacionais da empresa.

O ‘alvo’ é fruto de novas perspectivas após a aprovação do novo plano de recuperação judicial, na última sexta-feira (19).

“Fizemos uma diluição de 80% dos principais acionistas com a capitalização e reestruturação da dívida da empresa. Além disso, temos contratos de take-or-pay que se mostraram essenciais. Com implementação do plano, esperamos uma redução de 50% da dívida financeira com a conversão para o capital próprio“, diz o CEO.

Além disso, no radar da companhia estão pontos como a rolagem da amortização, que inicialmente seria para 2025, mas agora deve ficar para 2027 e 2028.

“Com relação ao passivo oneroso, tínhamos consumo de caixa de R$ 11 bilhões no início do plano e, com as renegociações, esperamos uma queda de 50% nesse valor, incluindo as negociações com satélites, cabos e submarino”.

Cotação OIBR3

Gráfico gerado em: 23/05/2023
1 Ano

Redução de custos da Oi

A empresa também reportou uma diminuição substancial nos custos operacionais, seguindo a queda gradual que vinha desde o início do ano de 2022.

“Vimos um redução no custo de pessoal recorrente, com uma redução de 15 mil no quadro de funcionários, após fechamento de contratos de M&A. Gastos com aluguel e seguros aumentaram 74% na base anual, mas compensamos isso com a redução do Capex”, comenta a Diretora de Finanças e Relações com Investidores, Cristiane Barretto Sales.

A diretora também apontou que esse movimento está em linha com a adaptação da estrutura da ‘nova Oi’ – termo repetido pelos executivos durante a apresentação e um foco da gestão atual, dada a transição iniciada nos últimos anos.

Sales apontou que em diversos nichos ocorreram reduções de dois dígitos nos gastos operacionais.

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O que analistas acham de OIBR3

Em parecer sobre OIBR3 após a divulgação do balanço, os analistas do BTG Pactual reiteraram sua recomendação neutra para as ações da companhia de telecomunicações.

Eles destacaram o crescimento da receita na base anual, em 6%, mas chamaram atenção para o fato de que os negócios de fibra decepcionaram.

Atualmente o preço-alvo da casa é de R$ 2,50, ao passo que os papéis são negociados a R$ 1,10.

“Após o fechamento da venda da V.tal, as operações de campo para a construção e a manutenção da infraestrutura de fibra fornecida pela Serede à V.tal passaram a ser reconhecidas como receita pela Oi. A receita de continuação operações ficou estável ano contra ano. As receitas do negócio de fibra da Oi cresceram 26% na base anual, compensadas por a enorme queda nas rotações do cobre (-37% na base anual)”, destacou o BTG.

O crescimento da dívida, segundo a casa, pode ser explicado pelo consumo de caixa (impacto de R$ 367 milhões) e ajustes de valor justo sobre sua dívida. Vale lembrar que a companhia fechou o mês de dezembro com R$ 3,2 bilhões em caixa.

Sobre o novo plano de recuperação judicial, os analistas destacaram que viram números exagerados.

“As avaliações parecem excessivas. A Oi divulgou os documentos de seu novo plano de recuperação judicial, fornecendo informações sobre a venda de seus principais ativos e projeções para seus negócios nos próximos anos. Na seção de avaliação econômica, produzida pela consultoria Ernst & Young, a Oi projetou a venda de sua participação ajustada de 14,6% na V.tal por R$ 14,4 bilhões (metade em 2025 e metade em 2026). Isso implica em um valuation de cerca R$ 100 bilhões para a V.tal, que vemos como excessivo”, observa o BTG.

“Outro ativo que a Oi espera vender em 2025 é o UPI ClientCo, que inclui seus clientes de fibra. A empresa pretende levantar R$ 4,8 bilhões com a venda de um 40% de participação, implicando um valuation de R$ 12 bilhões para o ativo, também exagerado, em nossa visão”, completa.

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Eduardo Vargas

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