Por que os bancos estão fechando tantas agências bancárias?

Ao longo das últimas semanas, em meio a divulgação de resultados do terceiro trimestre, algumas das principais instituições financeiras do Brasil, como o Itaú e o Bradesco, reportaram o fechamento de centenas de agências bancárias.

De acordo com uma pesquisa sobre tecnologia bancária desenvolvida pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o número de agências bancárias no Brasil passou de 21,8 mil em 2017 para 21,6 mil em 2018.

Entretanto, esse número em 2016 era de 23,4 mil. Ao considerar os dados entre 2014 e 2018, a redução do número de agências físicas foi de cerca de 6%.

Embora cada instituição financeira aponte um motivo específico para o fechamento de seus postos de atendimentos, é possível notar uma tendência comum para que isso ocorra. Esse aumento está acontecendo, principalmente, após a popularização das contas digitais.

“A decisão de abrir ou fechar postos de atendimentos é tomada por cada banco individualmente com base em análises que levam em conta diversos fatores, como demanda por serviços em cada localidade e estratégia comercial”, afirmou o analista sênior da Febraban, Arthur Chioramital, em entrevista para o SUNO Notícias.

Contas digitais

Em contrapartida ao número cada vez menor de espaços físicos bancários, o número de contas abertas por meio do celular aumentaram 56% em 2018, quando comparado ao ano anterior, segundo a Febraban.

Além disso, o número de transações bancárias feitas por meio de um smartphone aumentou 24% em 2018 ante 2017. Com isso, os aplicativos de bancos se tornaram o canal preferido dos brasileiros para pagar contas, realizar transferências de dinheiro e outras transações financeiras.

Este dado é ainda mais perceptível ao considerar que, atualmente, a cada dez transações, com ou sem movimentação financeira, seis são realizadas por meio do celular ou do computador.

“Com o crescimento da utilização de canais digitais para realização de operações que antes eram feitas presencialmente nos postos de atendimento, as agências passam por um momento importante de readequação e redefinição de papel, adotando cada vez mais um modelo consultivo”, disse Chioramital.

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A comodidade e a eficiência de realizar as transações financeiras por meio de um canal digital é um dos principais fatores para explicar o interesse dos clientes por este tipo de operação.

No entanto, de acordo com o analista da Febraban, mesmo com a redução das agências bancárias, o contato humano nos bancos continuará existindo, pois são fatores que se complementam.

“É importante deixar claro que, por mais que os processos sejam automatizados, a relação humana jamais deixará de existir. E neste contexto, a agência e os funcionários que nelas trabalham se tornam um grande diferencial de disputa do mercado e de novos clientes”, ressaltou Chioramital.

É importante salientar ainda que, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic), em agosto, cerca de 30% da população brasileira ainda não possui acesso à internet. Com isso, a necessidade dos espaços físicos se torna ainda mais clara.

Entenda o fechamento das agências bancárias dos grandes bancos

Após a divulgação dos resultados do terceiro trimestre, o Bradesco anunciou que fechará 10% de sua rede de agências até o final do ano que vem. Dessa forma, aproximadamente 450 unidades serão fechadas.

A pressão dos concorrentes digitais e o aumento nas despesas foram apontadas como as principais causas que motivaram a decisão.

Saiba mais: Bradesco anuncia fechamento de pelo menos 450 agências até o fim de 2020

Seguindo a tendência, o Itaú Unibanco também anunciou o fechamento de 400 das suas agências até o final deste ano. De acordo com o presidente do banco, Candido Bracher, a medida não trará impactos negativos aos clientes.

“O fechamento de agências não impacta o atendimento ao público, tanto que temos crescimento do índice de satisfação dos clientes. É claro que as agências próximas umas das outras vão se esgotando e a decisão de fechar daqui para a frente vai requerer uma análise mais profunda. Mas não digo que não vai acontecer”, salientou Bracher.

Ainda neste ano, o Banco do Brasil colocou em prática um plano para reduzir a estrutura da instituição financeira. Com isso, cerca de 460 agências bancárias já foram fechadas.

Giovanna Oliveira

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