Lula diz que não se opõe a privatizações, mas quer “fortalecer estatais estratégicas”

Em entrevista à rádio Progresso, realizada nesta quinta-feira (17), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou não se opor totalmente à privatização, mas defende o fortalecimento de empresas estatais estratégicas, como a Petrobras (PETR4), Eletrobras (ELET3), e os Correios.

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Para o petista, candidato à presidência, o Estado não pode perder totalmente o controle das estatais estratégicas por meio das privatizações, nem que para isso seja adotado uma gestão de economia mista.

Duas empresas citadas por Lula estão atualmente em processo de privatização pelo governo atual, a Eletrobras e os Correios. A primeira está em fase mais avançada de desestatização, o que Lula criticou duramente.

“Agora vão querer privatizar a Eletrobras para aumentar mais a energia elétrica, para deixar o povo mais no escuro. Os empresários privados não têm preocupação se o povo está vivendo mais no escuro, se está cozinhando na luz do candeeiro, se a mulher está costurando na luz de candeeiro. O que querem é lucro. Quem tem que cuidar do povo é o Estado”, disse.

Lula também voltou a criticar o atual preço da gasolina atrelado ao dólar. Segundo ele, “não faz sentido” adotar a cotação internacional para o preço do mercado interno, uma vez que o “Brasil não precisa importar petróleo”.

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Fez também uma ligação direta entre a tentativa de privatização da Petrobras e a alta dos combustíveis. O candidato à presidência disse que é preciso construir mais refinarias, “porque hoje as nossas refinarias foram vendidas, e algumas para ser privatizadas. O Brasil está refinando 25% de gasolina a menos”.

“Esses malandros estão destruindo a Petrobras, fatia por fatia. Na hora que privatizaram a BR Distribuidora – hoje Vibra Energia (VBBR3) -, apareceram neste país 432 empresas que estão importando gasolina dos Estados Unidos, importando a preço do dólar. E aí o preço é internacional. Quem paga é o nosso companheiro com o carro, que tem um caminhão, são os caminheiros brasileiros, são os pobres que têm um carro”, disse o ex-presidente.

A gasolina hoje é precificada em dólar e seguindo a cotação internacional do petróleo. Desta forma, o fortalecimento da moeda estrangeira e a valorização do barril de petróleo geram reajustes altistas no Brasil.

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“Eu quero dizer em alto e bom som. Eu sei que o mercado fica nervoso quando eu falo, mas quero que pensem o seguinte: nós vamos abrasileirar o preço da gasolina. O preço vai ser brasileiro, porque os investimentos são feitos em reais. A gente vai tirar gasolina, vai aumentar a capacidade de refino”, disse Lula.

Credit Suisse avalia a provável eleição de Lula

Em relatório recente, os analistas do banco Credit Suisse deram suas previsões para a política econômica de um provável mandato de Lula em 2023, caso vença as eleições este ano –o petista lidera pesquisas de intenção de votos.

A expectativa do banco é de que o Lula seja, de fato, o vencedor. Na opinião dos analistas, o mercado já precifica um Lula mais “moderado”, tal como seu primeiro mandato iniciado em 2003. O banco acredita que o discurso populista deve ficar de lado após o período eleitoral e que o candidato deve ser mais pragmático na aprovação de reformas.

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Como principais obstáculos para seu governo, os analistas citam a herança do desequilíbrio fiscal, alta de juros e inflação, queda do consumo e câmbio depreciado.

“Se Lula for eleito, esperamos que o próximo governo tente impulsionar o crescimento econômico por meio de mais investimentos públicos e novos avanços em programas de bem-estar social. Para compensar os maiores gastos, a nova administração provavelmente aumentará a carga tributária (ou seja, por meio da criação do imposto sobre dividendos e imposto de renda mais alto)”, avaliou o Credit Suisse.

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Bruno Galvão

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