Lula chama privatização da Eletrobras (ELET3) de “escárnio”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a atacar nesta quinta (18) a privatização da Eletrobras (ELET3). Na cerimônia de assinatura do acordo para implantação do Parque Tecnológico Aeroespacial, na Bahia, o presidente classificou o processo de desestatização da Eletrobras de “escárnio”.

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“O que se fez num setor estratégico como o energia no Brasil foi um escárnio, como com a privatização da Eletrobras“, afirmou Lula ao assinar o acordo de parceria com o estado da Bahia e com o Senai Cimatec visando a criação do Parque Tecnológico Aeroespacial da Bahia. Segundo o Planalto, o parque representa o ingresso do Brasil no mercado aeroespacial, setor que movimentou, em 2023, US$ 807,7 bilhões, valor que poderá chegar a US$ 1,4 trilhão até 2032.

Desde janeiro de 2023, o governo federal tenta mudar cláusulas da desestaização da Eletrobras, ocorrida na gestão Bolsonaro, principalmente a que se refere ao poder de voto, limitado a 10% – enquanto o governo possui 47% da companhia, se somadas as participações de outros órgãos públicos.

Em março, Lula disse que esperava que o Governo Federal “voltasse a ser dono” da Eletrobras, companhia privatizada durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL). Na ocasião, o petista defendeu que a operação “não iria ficar por isso mesmo” e que levaria o caso à Justiça.

Também naquele mês, o político afirmou que o processo de privatização da Eletrobras foi um “crime de lesa-pátria”. “É como se você tivesse a sua casa e estivesse devendo, aí você resolve vender sua casa para pagar a dívida. Vai ficar com o quê na vida?”, indagou.

O governo Lula entrou com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para elevar o poder de voto na Eletrobras. No último dia 20 de dezembro, o ministro Nunes Marques, relator da ADI, encaminhou o caso para a Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal (CCAF), “para tentativa de reconciliação e solução consensual e amigável entre as partes”.

Em comunicado de 8 janeiro, a Eletrobras afirmou que aderiu ao processo arbitral que envolve a ação direta de inconstitucionalidade (ADI), solicitada pelo governo no Supremo Tribunal Federal (STF), sobre a limitação do poder de voto da União na empresa.

Ainda de acordo com a Eletrobras, “eventuais deliberações decorrentes dos trabalhos na CCAF serão submetidas à aprovação das instâncias de governança da companhia”.

A ADI solicitada pelo presidente Lula com a Advocacia Geral da União (AGU) tem como objetivo anular artigos da Lei 14.182 da privatização da Eletrobras, que estabelecem limite de voto de acionistas da companhia a 10% do capital da empresa. A União tem cerca de 43% de participação na elétrica.

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Após criticar privatização da Eletrobras, Lula diz que Brasil poderia ser a 5ª economia do mundo

O presidente Lula afirmou que o Brasil poderia ser consagrado como a quinta economia do mundo, mas que há pessoas no País que “teimam” em fazê-lo retroceder. Ao criticar a privatização da Eletrobras, ele disse estar ainda mais otimista com o crescimento econômico do Brasil.

“Este país já poderia estar consagrado como a quinta economia do mundo há muito tempo, mas há muita gente nesse país que teima em retroceder. O que fizeram com a nossa Petrobras (PETR4)? E a privatização da Eletrobras? O setor de energia é estratégico”, disse o presidente nesta quinta-feira, 18, em evento na Bahia.

Lula iniciou nesta manhã um “giro” pelos Estados do Brasil para melhorar a imagem do governo em um ano de eleição municipal. Segundo o presidente, visitar os entes federados será uma “rotina” sua daqui para frente.

Na Bahia, o chefe do Executivo discursou por mais de 20 minutos com forte tom eleitoral.

Na fala, Lula criticou o ex-presidente Jair Bolsonaro, sem citá-lo nominalmente, e disse que iniciou seu mandato em 2023 com um país “devastado por uma praga de gafanhoto”.

O presidente confirmou que se reuniu, na noite de quarta-feira, 17, com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Segundo Lula, eles conversaram por cerca de duas horas sobre o “futuro econômico do País”.

“Sou mais otimista hoje do que eu era durante a campanha [eleitoral]”, disse. “Esse país nunca será o país que queremos se não levarmos em consideração que é preciso melhorar a qualidade de vida de cerca de 80% da população”, comentou o presidente da Repúblicas, acrescentando que quer construir uma sociedade com “padrão de classe média”.

Ele disse que viajará aos Estados como forma para mostrar que “coisas boas acontecem no País”. “Às vezes, você fica sentado à frente da televisão e você quase entra em depressão porque acha que nada está acontecendo de bom no País”, afirmou.

Dentre os investimentos que fará no Brasil, Lula disse que terá foco na educação. “Esse abuso do crime organizado, posso dizer que tem mil causas, mas a principal é a ausência do estado brasileiro em não cuidar das pessoas no tempo certo”, comentou.

Parque Tecnológico Aeroespacial da Bahia

As declarações de Lula ocorreram em evento de assinatura do acordo de parceria firmado pelo governo federal, por meio do Ministério da Defesa e do Comando da Aeronáutica, com o Estado da Bahia e o Senai Cimatec para a criação do Parque Tecnológico, que será instalado, futuramente, na Base Aérea de Salvador. A cerimônia ocorreu no período da manhã.

A expectativa é de que sejam investidos R$ 650 milhões na construção do parque e um valor equivalente em equipamentos e laboratórios. As ilhas de atuação do parque serão divididas em quatro vertentes: Espaço, Defesa, Mobilidade Aérea Avançada e Aeronáutica Comercial.

De acordo com o superintendente de Novos Negócios do Senai Cimatec, André Oliveira, é esperado que, no primeiro semestre de 2025, já seja possível ter operações no Parque Tecnológico.

“Vir aqui anunciar o lançamento desse parque tecnológico não é uma coisa qualquer”, disse Lula. “E vou também para Recife para visitar uma refinaria que ficou paralisada durante 14 anos, e que já poderia estar refinando 260 mil barris de petróleo por dia. Depois eu vou lançar o ITA no Ceará. O ITA que fica na cidade de São José dos Campos, em São Paulo, é um dos mais importantes que temos no Brasil”, acrescentou.

Com Estadão Conteúdo e Agência Brasil

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Marco Antônio Lopes

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