Itaú BBA piora (e muito) a projeção para Ibovespa até o fim de 2022; entenda por quê

O Itaú BBA cortou sua projeção para Ibovespa ao fim de 2022, de 115 mil para 110 mil pontos, argumentando que a redução do preço-alvo se deve, entre outros fatores, ao cenário desafiador atual para o investimento em ações brasileiras no curto e médio prazo.

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De acordo com um relatório divulgado recentemente pelo banco, a atualização da estimativa para o índice brasileiro reflete diretamente uma conjuntura de taxas de juros mais altas, com aperto monetário de maior duração, devido à forte pressão que a inflação elevada infringe contra a atividade econômica.

“Achamos que a evolução da inflação e das taxas de juros definirá o desempenho dos mercados acionários”, afirmaram no documento os analistas do Itaú BBA Marcelo Sá e Matheus Marques sobre o desempenho do Ibovespa. “Acreditamos que o valor irá superar o crescimento a curto prazo, já que a inflação está demorando mais do que o esperado e a taxa Selic pode permanecer alta por mais tempo. Este ambiente desafiador poderia continuar a incentivar a saída de ações do Ibovespa para a renda fixa”, completaram eles.

Apesar disso, o BBA anunciou um aumento nas expectativas de lucro para 2022/2023, diretamente ligadas ao aumento dos preços dos commodities.

O banco afirma que está dentro da sua estratégia o aumento da exposição a commodities, apesar do menor crescimento global, devido à sua “valorização atraente”.

O BBA mantém a sua preferência por grandes bancos e pelo setor de utilities (ou energia e saneamento), com a forte proteção que estes mercados oferecem contra a inflação e também pelas suas altas taxas de retorno.

O banco afirma ainda que possui uma visão cautelosa em relação aos setores de Pagamentos, Tecnologia, Construtoras, Saúde e Varejo.

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Por outro lado, os analistas acreditam que o cenário macroeconômico atual, a poucos meses das eleições presidenciais, preocupa os investidores do Ibovespa — fundamentalmente pelo impacto que podem ter algumas políticas na inflação nacional.

“Nos últimos meses, o governo federal e o Congresso brasileiro anunciaram várias medidas para reduzir os preços dos combustíveis e as contas de serviços públicos e, mais recentemente, o aumento do programa social Auxilio Brasil para R$ 600/mês, de R$ 400/mês anteriormente. Se implementadas, estas poderiam ter um impacto significativo sobre a inflação e sobre as contas fiscais”, afirmaram no relatório sobre o Ibovespa.

Entre as mudanças mais relevantes realizadas pelo banco à sua carteira de ações — além do esperado aumento da exposição a commodities — os analistas destacam a redução da exposição aos calls de duration alta, que devem continuar sofrendo no curto prazo devido a seu fluxo de caixa mais sensível ao aumento da Selic.

Segundo o relatório, foram adicionadas à carteira de investimentos os papéis da Gerdau (GGBR4) e a Suzano (SUZB3), enquanto foram removidas as ações da WEG (WEGE3) e da Intelbras (INTB3).

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Marques e Sá afirmam que alguns dos fatores que pesaram a favor da inclusão da Suzano na carteira foram a melhora de fundamentos, apoiada por preços mais altos e dinâmicas de oferta e demanda. No relatório, os analistas argumentam que os papéis da companhia tiveram “um desempenho em linha com o dólar no início do ano”.

Por outro lado, apesar de ter uma visão positiva da Intelbras a longo prazo, o banco decidiu tirar a ação da sua carteira para “aproveitar o desempenho superior da empresa no acumulado de junho para reduzir nossas perdas, uma vez que teve desempenho inferior ao índice desde sua inclusão, com queda de 21,5%, enquanto o Ibovespa teve queda de 16,9%”, diz o relatório.

Ibovespa: veja as ações que compõem agora a carteira do BBA:

Banco do Brasil (BBAS3);
BTG Pactual (BPAC11);
Eletrobras (ELET3);
Energisa (ENGI11);
Gerdau (GGBR4;
Multiplan (MULT3);
Petrobras (PETR4);
Suzano (SUZB3);
Totvs (TOTS3);
Vale (VALE3).

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Jorge C. Carrasco

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