IPCA ficou abaixo das previsões de 2023, diz secretário da Fazenda após inflação vir acima do consenso de mercado

O secretário de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, declarou que o resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgado na manhã desta quinta-feira (11) ficou “muito abaixo das expectativas do início de 2023”.

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O IPCA apresentou uma alta de 0,56% em dezembro, ficando acima das projeções do consenso de mercado, de 0,48%, e deixando o anualizado em 4,62%.

Apesar disso, a inflação ficou dentro do intervalo da meta, que era de 3,25%, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos, após dois anos de descumprimento da meta.

“Acho que os resultados econômicos de 2023 sinalizam que é possível alcançar uma taxa de crescimento econômico robusta, promover a distribuição de renda e, ao mesmo tempo, reconquistar a estabilidade macroeconômica do país, com inflação controlada, queda de juros e câmbio mais estável”, disse Mello ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

O secretário ainda pontuou que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2023 deve ser “muito superior” ao que foi projetado pelo mercado no início de 2023 – em janeiro, o boletim Focus indicava avanço do PIB inferior a 1%, contra 2,92% da pesquisa divulgada nesta segunda-feira.

O Ministério da Fazenda revisou em novembro sua projeção para o crescimento do PIB de 2023 de 3,2% para 3,0%. Para 2024, a estimativa da equipe econômica é de 2,2%.

Já no Banco Central, a projeção atual também é de crescimento de 3,0% para 2023, mas de apenas 1,7% para 2024, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de dezembro.

Mais detalhes sobre o IPCA de dezembro

O IPCA de novembro havia atingido o patamar de 0,28%. Agora, a inflação de dezembro indica uma aceleração nos custos. Em dezembro de 2022, a alta foi de 0,62%.

O Brasil encerrou o ano de 2023 com uma inflação acumulada de 4,62%, dentro da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que não era cumprida desde 2020.

“Apesar da pressão altista vista no mês – que merece atenção –, esse dado não altera a tendência positiva para inflação brasileira. Para a política monetária, o IPCA de dezembro não deve alterar o plano de voo já anunciado pelo Banco Central, de cortes de 0,5 p.p. nas próximas reuniões”, afirmou o economista-chefe da Suno Research, Gustavo Sung.

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Preços de alimentos e bebidas são o maior impacto na inflação de dezembro

No mês de dezembro, o grupo de Alimentos e bebidas foi o que registrou a maior variação. Ao todo, os preços subiram cerca de 1,11%, com um impacto de 0,23 ponto percentual sobre o resultado de 0,56%.

O preço de alimentos e bebidas vinha ajudando na desinflação do país ao longo de 2023, mas nos últimos dois meses do ano os valores voltaram a subir, impactando o resultado de novembro e dezembro.

Neste mês, apenas os alimentos subiram 1,34%, com maior destaque ao custo de alguns produtos como:

  • Batata-inglesa (19,09%);
  • Feijão-carioca (13,79%);
  • Arroz (5,81%);
  • Frutas (3,37%).

“O aumento da temperatura e o maior volume de chuvas em diversas regiões do país influenciaram a produção dos alimentos, principalmente dos in natura, como os tubérculos, hortaliças e frutas, que são mais sensíveis a essas variações climáticas”, explica o gerente do IPCA, André Almeida.

Com Estadão Conteúdo

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Eduardo Vargas

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