HAPV3 despenca, Wall Street afunda e Ibovespa sente pressão em dia de aversão global
Ibovespa terminou esta quinta-feira (13) com queda de 0,30%, aos 157.162 pontos, em um pregão marcado pela aversão ao risco global e pelo forte impacto de ações específicas dentro do índice. A derrocada de Hapvida (HAPV3), que caiu mais de 40% após divulgar resultados fracos no 3T25, ajudou a ampliar a pressão negativa sobre o mercado brasileiro. No exterior, a forte correção de Wall Street — com a Nasdaq novamente liderando as perdas — contaminou todo o humor dos investidores.
Bruno Perri, da Forum Investimentos, aponta que a baixa do Ibovespa também reflete “o aprofundamento da queda das bolsas americanas”, além da pressão de empresas como HAPV3 e BBAS3, somada à retração das varejistas após o dado fraco das vendas do varejo. Para ele, a realização de lucros após o rali dos últimos dias também aparece como um comportamento natural do mercado.
Varejo decepciona e pressiona o mercado
As vendas no varejo caíram 0,3% em setembro, frustrando a expectativa de alta. O dado reforçou a leitura de desaceleração da economia — percepção que já vinha sendo alimentada por indicadores do terceiro trimestre.
Esse movimento atingiu em cheio o setor de varejo na Bolsa, que teve um dia majoritariamente negativo. A situação mais dramática foi mesmo da HAPV3, que apresentou forte queima de caixa livre no trimestre e levou casas como JP Morgan, BB Investimentos e BTG Pactual a revisarem recomendações sobre o papel.
Entre as poucas altas relevantes, MRVE3, ALOS3 e B3SA3 se destacaram após apresentarem números considerados positivos pelos analistas, enquanto PETR4 recuperou parte das perdas recentes com o avanço do petróleo.
Cotação do dólar hoje
O dólar encerrou o dia em alta de 0,10%, cotado a R$ 5,2983, em um movimento de ajuste técnico depois de cair mais de 2% nas sessões anteriores. Segundo Bruno Shahini, da Nomad, a retomada dos indicadores americanos após o fim do shutdown trouxe cautela e motivou ajustes de posição. Ele reforça que o diferencial de juros segue como fator de sustentação para o real, já que o mercado só espera cortes da Selic em 2026.
Nos EUA, os três principais índices fecharam em forte queda:
• Dow Jones: -1,65%
• S&P 500: -1,66%
• Nasdaq: -2,29%
O movimento reflete a correção das empresas de tecnologia, que seguem pressionadas por temores sobre valuations elevados, e a revisão das apostas sobre a trajetória dos juros americanos após falas recentes de dirigentes do Federal Reserve.
Temporada de resultados e Ibovespa no radar
A temporada de balanços segue movimentando o mercado brasileiro. Segundo a XP, 64 das 79 companhias do Ibovespa já divulgaram seus resultados, e 57% superaram as estimativas de lucro — número visto como positivo por Bruno Perri, especialmente diante do contexto de desaceleração econômica.
Mesmo com a queda de hoje, o Ibovespa ainda acumula alta de 2% na semana, 5,1% no mês e 30,66% no ano, o que reforça que o movimento atual tem sido interpretado mais como ajuste do que como mudança de tendência. O interesse do investidor local segue baixo, o que, para analistas, deixa espaço para novas entradas quando o cenário de juros — tanto no Brasil quanto nos EUA — ficar mais claro.