Ibovespa engata reação e volta aos 160 mil após tombo político
O Ibovespa fechou esta sexta-feira (12) em forte recuperação, retomando a linha dos 160 mil pontos após a correção abrupta da semana anterior, quando o índice havia recuado do recorde intradia de 165 mil para a casa dos 157 mil pontos. No encerramento do pregão, o principal índice da B3 subiu 0,99%, aos 160.766,37 pontos, com giro financeiro de R$ 23,2 bilhões, em um movimento que contrariou o sinal negativo das bolsas em Nova York.
Ao longo do dia, o Ibovespa oscilou entre 159.189,10 pontos, nível de abertura, e 161.263,40 pontos na máxima, ganhando fôlego especialmente na parte da tarde. Com o desempenho desta sexta, o índice acumulou alta de 2,16% na semana, voltou ao campo positivo no mês (+1,07%) e passou a registrar ganho de 33,66% no ano, superando novamente o desempenho de 2019 e caminhando para o melhor resultado anual desde 2016.
Brasil reage mesmo com Wall Street no vermelho
O movimento de recuperação do Ibovespa ocorreu na contramão das bolsas americanas, que fecharam em queda, pressionadas por renovados temores sobre uma possível bolha ligada à inteligência artificial. Em Nova York, o Dow Jones recuou 0,51%, enquanto o Nasdaq caiu 1,69%.
Apesar do ambiente externo desfavorável e de um pregão com poucos vetores econômicos relevantes, o mercado doméstico encontrou suporte em fatores políticos. Ao longo da tarde, ganhou força a notícia de que os Estados Unidos suspenderam as restrições impostas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e à sua esposa, no âmbito da Lei Magnitsky. O movimento foi interpretado como um sinal de distensão nas relações entre Brasil e Estados Unidos, contribuindo para melhorar o humor dos investidores.
Bancos e Petrobras puxam retomada
Com o alívio político, as ações de bancos e Petrobras sustentaram a alta do Ibovespa. A Petrobras ON subiu 1,22%, enquanto a PN avançou 1,06%, acompanhando um dia mais favorável para o papel no mercado local.
No setor financeiro, o destaque ficou para Itaú PN (+0,89%) e Bradesco ON (+1,20%), com desempenho positivo também para o Banco do Brasil ON (+0,60%). O Santander Unit destoou, encerrando em leve baixa (-0,09%). Já a Vale ON, principal ação do índice, reduziu perdas ao longo do pregão e terminou próxima da estabilidade (-0,06%).
Na ponta positiva do Ibovespa, Hapvida liderou os ganhos (+5,45%), seguida por Assaí (+4,19%) e Vivara (+3,45%). No lado oposto, Cosan (-2,18%), Minerva (-1,79%) e Raízen (-1,16%) figuraram entre as maiores quedas do dia.
Política segue no radar do investidor
Segundo Felipe Cima, analista da Manchester Investimentos, o mercado buscou se recompor das perdas da semana passada, mas sem apagar totalmente o impacto do episódio que ficou conhecido como “Flávio Day”, em referência à pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro à Presidência. Para ele, a definição do cenário eleitoral seguirá como fator de incerteza até o início do próximo ano.
Na mesma linha, Bruno Perri, economista-chefe da Forum Investimentos, destaca que sondagens eleitorais mostrando maior tração de candidaturas de centro-direita ajudam a sustentar um otimismo moderado com o mercado local, com atenção especial ao nome do governador paulista Tarcísio de Freitas.
Dólar e expectativa para a próxima semana
No mercado de câmbio, o dólar comercial operou em queda frente ao real, acompanhando o alívio das tensões políticas e o desempenho positivo da bolsa brasileira, mesmo em um ambiente externo mais cauteloso.
Após a recuperação da semana, o Termômetro Broadcast Bolsa aponta melhora no sentimento do mercado. Entre os participantes, 60% esperam alta do Ibovespa na próxima semana, enquanto 20% projetam estabilidade e 20%, queda.
Para os próximos dias, o foco dos investidores se volta aos Estados Unidos, com a divulgação de indicadores relevantes de inflação e mercado de trabalho, que podem influenciar as expectativas sobre os próximos passos do Federal Reserve e, consequentemente, o comportamento dos ativos de risco no Brasil.
Com informações do Estadão Conteúdo