Ibovespa cai pela 3ª vez seguida, abaixo dos 117 mil pontos; Vale (VALE3) tomba forte e Petrobras (PETR4) sobe quase 1%

O Ibovespa terminou a sessão de hoje (28) em queda de 0,72%, aos 116.681,32 pontos. A máxima do dia foi de 117.936,71 pontos, enquanto a mínima foi de 116.559,70 ponto. O volume financeiro totalizou R$ 21,5 bilhões.

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Apesar do Ibovespa hoje ter fechado em queda, a terceira seguida, as bolsas dos Estados Unidos encerraram o dia sem uma direção definida, com Dow Jones caindo e Nasdaq avançando.

  • Dow Jones: -0,21%, aos 33.853,91 pontos;
  • S&P500: -0,03%, aos 4.377,13;
  • Nasdaq: +0,27%, aos 13.591,75 pontos.

Após a ata do Copom e o IPCA-15 referentes a junho, ontem, e à espera de outros catalisadores importantes, como o relatório trimestral de inflação e a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), amanhã, o Ibovespa parecia, até o meio da tarde, a caminho de uma quarta-feira comportada: perto do zero a zero, oscilava menos de mil pontos entre a mínima e a máxima da sessão.

Assim, a referência da B3 fechou no menor nível desde o último dia 7, então aos 115.488,16 pontos, tendo encerrado a quarta-feira passada, dia 21, aos 120,4 mil, no maior nível desde 4 de abril de 2022 (121.279,51).

Risco fiscal

No meio da tarde, o movimento mais avesso a risco, que se refletiu também nos juros futuros, veio pouco depois de relato do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que o governo estenderá o programa de redução de tributos para apoiar a venda de veículos, no dia seguinte ao anúncio da Volkswagen de férias coletivas, com o pátio da montadora repleto em São Bernardo do Campo (SP).

O governo deve editar ainda nesta quarta-feira, 28, uma medida provisória que irá ampliar o valor de recursos públicos separados para bancar descontos nos carros, segundo apurou o Broadcast. O plano é aumentar o montante apenas para os veículos leves, reportam as jornalistas Amanda Pupo e Célia Froufe, de Brasília. O programa entrou em vigor no início do mês, com descontos patrocinados pela União também para caminhões e ônibus – mas o crédito separado para essas categorias não teve procura tão alta como para os carros.

Inicialmente contrário ao projeto, o Ministério da Fazenda mudou o tom em relação aos descontos: agora, o programa é visto como um catalisador da renovação da frota nacional. Em entrevista à jornalista Miriam Leitão, de O Globo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, havia antecipado que o programa de incentivo à compra de carros seria estendido.

“Bolsa caiu, dólar subiu e DI futuro também, muito por causa do medo de risco fiscal, que se acentuou após Haddad sinalizar mais estímulo à compra de carro zero. Mercado entende que o governo vai abdicar de mais receita, em injeção de dinheiro num setor que não é tão produtivo. Então, aumenta endividamento: a nova regra do teto de gastos prevê aumento de receita e o governo está abdicando disso, o que vai descasar lá na frente”, diz Gabriel Meira, especialista e sócio da Valor Investimentos.

“O mercado já tem batido no DI futuro, esperando que a inflação no Brasil vai arrefecer um pouco, mas que o governo continuará endividado, com reflexo nos juros, que poderão cair menos do que se antecipa”, acrescenta Meira. Ele menciona também incertezas pendentes sobre os juros americanos, com espaço ainda aberto para nova alta na taxa de referência dos Estados Unidos, o que favorece a combinação de Bolsa para baixo e dólar para cima, no Brasil, enquanto o Federal Reserve busca fazer com que a inflação convirja para a meta, por lá.

“Comentários de autoridades de BCs importantes – como os dos Estados Unidos, Reino Unido e Zona do Euro – contribuem para formar consenso de que haverá novos aumentos de juros até o fim do ano no cenário internacional, o que contribui para manter os receios quanto a uma recessão, com juros altos – por mais tempo – sufocando a economia global”, observa Alan Dias Pimentel, especialista da Blue3 Investimentos. Nesta semana, além dos catalisadores domésticos, como a ata do Copom e o IPCA-15, os investidores têm monitorado de perto as declarações de autoridades monetárias em seminário promovido pelo Banco Central Europeu (BCE) em Portugal.

Ainda assim, aqui, até a fala de Haddad, o “mercado vinha praticamente no zero a zero, dando continuidade a um movimento natural de realização de lucros, desde a semana passada, após a forte alta acumulada desde o final de março quando o Ibovespa vinha de mínima do ano, abaixo de 98 mil pontos, no encerramento do dia 23 daquele mês”, diz Felipe Moura, sócio e analista da Finacap Investimentos. “O cenário se mantém favorável ao risco, mas algumas coisas ainda precisam se materializar – novos gatilhos no radar, como a reforma tributária”, acrescenta.

Por outro lado, “sem dizer de onde sairão os recursos para renovar o programa de incentivo ao setor automobilístico, o mercado voltou a questionar o risco fiscal, sabendo que o governo é gastador e vai tentar sempre abrir brecha para não cumprir metas”, aponta Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos.

Já a cotação do dólar à vista encerrou o dia em alta de 1,02%, a R$ 4,8478, chegando a registrar a máxima de R$ 4,8716.

A curva de juros avançou um pouco hoje, com os agentes fazendo ajustes em suas apostas para a Selic no fim de 2023. A precificação da Selic feita ontem chegou a ser de 11,75% ao final de 2023. Em meio a isso, estão ocorrendo pequenos ajustes, com alguns agentes apostando na Selic a 12,00% para o final deste ano.

Entre os destaques de ações do Ibovespa hoje, Yduqs (YDUQ3) liderou os ganhos, avançando 4,63%, enquanto no campo negativo, a maior queda foi da BRF (BRFS3), com -4,27%.

Entre as ações de peso no Ibovespa, Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3) fecharam em direções opostas. Em relação à petroleira, as ações preferenciais tiveram alta de 0,95% e as ordinárias (PETR3) avançaram 0,73%. Já a mineradora tombou 3,16%.

O que movimentou o Ibovespa hoje?

Segundo Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, a queda do Ibovespa hoje se deve, principalmente, a um movimento de realização de lucros por parte dos investidores.

Na semana passada, o Ibovespa encerrou a 9ª semana seguida de alta. Assim, para o especialista, os investidores estão aproveitando a falta de indicadores, pois já foi anunciada a ata do Copom e IPCA-15 ontem (27), para “colocar o lucro no bolso”.

Já a queda da Vale segue a desvalorização dos outros metais, exceto do minério de ferro, que avançou novamente.

Nesse sentido, outros dois metais que a mineradora possui grande participação, cobre e níquel, tiveram queda hoje (28), principalmente o níquel que recua mais de 3%, o que estaria puxando as ações metálicas para baixo nesta sessão.

Sobre a BRF, os investidores repercutem mais um caso de gripe aviária identificado em outra ave no Espírito Santo (ES). Esse fator está refletindo de forma negativa as ações da empresa, mesmo com a empresa não tendo plantas nesse estado.

Entre as altas, destacam-se Petrobras e Prio (PRIO3), que acompanham a forte alta do petróleo hoje, o que acaba refletindo os dados de estoques de petróleo que recuaram mais do que se esperava, e puxam para cima as cotações de commodities hoje.

Outro ponto forte foram as ações domésticas, como Cogna (COGN3) e Yduqs, que ainda refletem a ata do Copom de ontem. A ata deixou a “porta aberta” para um eventual corte na Selic na reunião que será realizada em agosto.

“Como essas ações são bem sensíveis a mudanças nas taxas de juros, elas seguem performando bem”, explica Fernandes.

Maiores altas e baixas hoje (28)

Última cotação do Ibovespa

O Ibovespa terminou o pregão desta terça (27) com uma desvalorização de 0,61%, aos 117.522,87 pontos.

Com Estadão Conteúdo

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João Vitor Jacintho

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