Ibovespa sobe em dia de recordes em NY, mas índice tem 3ª queda semanal seguida; Vale (VALE3) recua e aéreas decolam na sessão

O Ibovespa encerrou a sessão de hoje (19) com uma valorização de 0,25%, aos 127.635,65 pontos, após variar entre a mínima de 126.533 pontos e a máxima de 127.820,13 pontos. Já o volume financeiro diário totalizou R$ 27,4 bilhões. Na semana, o desempenho foi negativo em 2,56%. Pela terceira semana consecutiva, o Ibovespa acumulou perdas e, desta vez a maior da série, no intervalo mais recente. No ano, o Ibovespa cai 4,88%.

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Uma sequência negativa como a atual não era vista desde a passagem de julho para agosto do ano passado, quando o índice da B3 encadeou quatro retrações semanais, que o fizeram descer dos 120,2 mil para os 115,4 mil pontos. Na correção em curso, que coincidiu com a virada para 2024, o Ibovespa saiu de nível recorde, a 134,1 mil pontos, e chega agora a 127,6 mil, em ajuste de cerca de 6,5 mil pontos.

Nesta sexta, 19, parecia até o meio da tarde que o índice fecharia também em baixa pelo quarto dia, mas a acentuação de ganhos em Nova York acabou sendo acompanhada, ainda que ao longe, pelo Ibovespa.

O Ibovespa hoje fechou em linha com a alta das Bolsas de Valores de Nova York:

  • Dow Jones: +1,05%, aos 37.863,86 pontos;
  • S&P500: +1,23%, aos 4.839,80 pontos;
  • Nasdaq: +1,70%, aos 15.310,97 pontos.

Em dia em que o S&P500 e o Dow Jones registram novas pontuações recordes de fechamento, o Ibovespa interrompe uma sequência de 3 quedas diárias consecutivas que registrava até então.

“O índice mostrou volatilidade hoje, desde cedo, e à tarde conseguiu em certo momento se conectar a Nova York, onde houve renovação de máximas históricas. Nos Estados Unidos, além do bom momento das ações de tecnologia, o dado de confiança divulgado hoje, acima do esperado, contribuiu para a tese do pouso suave de que a economia americana se acomodou sem solavancos à elevação dos custos de crédito, sem mergulhar em recessão”, diz João Vitor Freitas, analista da Toro Investimentos.

O índice de sentimento do consumidor nos Estados Unidos, da Universidade de Michigan, avançou de 69,6 em dezembro para 78,8 na leitura preliminar de janeiro, conforme divulgado pela instituição nesta sexta-feira. Analistas ouvidos pela FactSet previam 69,5 para a prévia de janeiro.

O ânimo visto nos EUA, contudo, não tem se espelhado no desempenho do Ibovespa neste início de ano.

Analistas consideram que o descolamento visto nas últimas sessões sugere retirada de recursos da B3 por estrangeiros, em reposicionamento ante a quebra da aposta, predominante ao longo de dezembro, de que haveria espaço para o Federal Reserve antecipar para março o momento de corte de juros nos Estados Unidos. Assim, mesmo com os juros dos Treasuries mostrando ainda realinhamento nesta semana, para cima, os principais índices de ações em Nova York também obtiveram avanço – com o índice amplo, o S&P 500, trazendo nova máxima histórica intradia e de fechamento nesta sexta-feira, assim como o índice mais restrito, Dow Jones.

Sentido oposto a Nova York

Enquanto os investidores voltam a concentrar apostas em ações americanas – em momento no qual a atividade econômica dos EUA continua a mostrar resiliência, postergando as apostas quanto ao timing da redução de juros por lá -, o Ibovespa vai em sentido oposto neste início de ano, dragado pela perspectiva ainda fraca para a economia chinesa em meio à crise no setor imobiliário, que traz efeito para a demanda por commodities, como minério especialmente, a que a B3 tem exposição. Como corolário, a ação de maior peso no Ibovespa, Vale ON, que corresponde a 14,1% do índice, acumula nessas 14 primeiras sessões de 2024 perda de quase 12%.

A Vale (VALE3) teve uma desvalorização de 1,30% hoje e desabou 5,01% na semana.

Dessa forma, no ano, enquanto o Ibovespa perde quase 5%, os ganhos em Nova York, apesar da recente retomada dos rendimentos dos Treasuries, chegam a 1,47% (S&P 500) e 2,00% (Nasdaq) no intervalo. “As empresas de chips listadas nos Estados Unidos têm reportado bons resultados e perspectiva favorável, o que contribui para esse fortalecimento em Nova York. Trouxe ânimo extra para os investidores”, diz Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research, mencionando o contraponto à recente decepção sobre a trajetória dos juros, de que cairiam mais “rápido e fundo”.

Por outro lado, além da volatilidade nos preços do minério, que afeta diretamente a performance da ação de maior peso no Ibovespa, Ferrer observa que desdobramentos recentes – como a retomada de investimentos que se mostraram custosos no passado, na Refinaria Abreu e Lima – trazem um pouco de “escuridão” a outros ativos fundamentais na B3. As ações preferenciais da Petrobras (PETR4) encerraram a sessão de hoje em queda de 0,53%, cotadas a R$ 37,53, registrando a quarta queda consecutiva. Já as ações ordinárias (PETR3), que também registram essa sequência negativa, fecharam o pregão de hoje em leve baixa de 0,08%.

Na semana, as ações ON da Petrobras tiveram performance de -1,74%, enquanto as ações PN da companhia fecharam com desempenho de -1,68%.

A queda das ações da Petrobras ocorre em dia de baixa do petróleo. A commodity do tipo Brent para março de 2024 recuou 0,68%, cotado a US$ 78,56 por barril, embora tenha avançado 0,34% na semana. Enquanto isso, os futuros do WTI para março caíram 0,95% hoje (19) e subiram 0,51% na semana.

As ações da Vale recuaram apesar dos futuros do minério de ferro terminarem a sessão em alta, pelo segundo dia seguido, diante da melhora nas perspectivas de novos estímulos na China.

O contrato futuro mais líquido de minério de ferro com vencimento em maio de 2024 subiu 2,63% na Bolsa de Dalian, cotado a 957 iuanes por tonelada, equivalente a US$ 133,04.

Na ponta positiva do Ibovespa, as companhias aéreas Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4) foram dois dos principais destaques, com +6,02% e +3,88%, respectivamente. Já as ações da Locaweb (LWSA3) lideraram as perdas de hoje, com -2,04%.

Maiores altas do Ibovespa hoje

  • Gol (GOLL4): +6,02%
  • BRF (BRFS3): +4,75%
  • São Martinho (SMTO3): +3,88%
  • Azul (AZUL4): +3,88%
  • Assaí (ASAI3): +3,70%

Maiores quedas do Ibovespa hoje

  • Locaweb (LWSA3): -2,04%
  • Raia Drogasil (RADL3): -1,83%
  • SLC Agrícola (SLCE3): -1,46%
  • Bradespar (BRAP4): -1,34%
  • Vale (VALE3): -1,30%

O principal destaque de alta do Ibovespa na semana foi a PetroReconcavo (RECV3), com +11,81%. Entre as quedas, o principal destaque foi a Hapvida (HAPV3), com -11,26%. Magazine Luiza (MGLU3) também se destacou negativamente, com -10,18%.

Maiores altas da semana

  • PetroReconcavo (RECV3): +11,81%
  • Pão de Açúcar (PCAR3): +8,33%
  • SLC Agrícola (SLCE3): +7,07%
  • São Martinho (SMTO3): +4,38%
  • BB Seguridade (BBSE3): +3,63%

Maiores quedas da semana

  • Hapvida (HAPV3): -11,26%
  • Grupo Soma (SOMA3) -10,97%
  • Vamos (VAMO3): -10,53%
  • Magazine Luiza (MGLU3): -10,18%
  • Alpargatas (ALPA4): -8,16%

Último fechamento do Ibovespa

O Ibovespa encerrou o pregão de ontem (18) em queda de 0,94%, aos 127.315,74 pontos.

Com Estadão Conteúdo

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João Vitor Jacintho

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