O Ibovespa teve sua pior queda do mês para um só dia nesta quarta-feira (21), depois de três recordes em seis pregões, e terminou o dia com recuo de 1,59%, aos 137.881,27 pontos. O índice da B3 oscilou entre a mínima de 137.538,35 e a máxima de 140.108,61 pontos, logo na abertura.
O índice da B3 fechou com giro a R$ 24,0 bilhões. Na semana, cede 0,94% e no mês avança 2,08% — no ano, sobe 14,63%.
A sessão acompanhou o ritmo de queda dos mercados norte-americanos desde o começo do dia, mas teve um novo movimento de baixa depois de notícias de que a União terá de desembolsar cerca de R$ 1 bilhão para compensar beneficiários do INSS que sofreram descontos irregulares.
Lá fora, o leilão de Treasuries (títulos de dívida do Tesouro norte-americano) influenciou o comportamento dos ativos, com o mercado exigindo uma taxa mais alta para financiar a dívida pública, aponta o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus. “O mercado está preocupado com o endividamento, com o fiscal dos Estados Unidos, e por isso deu essa pesada à tarde”, afirma.
“Apesar do otimismo com o cenário doméstico, o mercado ainda está de olho no que acontece lá fora. Além da redução da nota de crédito dos EUA pela agência de classificação de risco Moodys na semana passada, uma das maiores preocupações no momento é com o aumento do déficit fiscal dos Estados Unidos”, completou Luise Coutinho, head de produtos e alocação da HCI Advisors.
Ibovespa: confira as principais altas e baixas do dia
Na B3, as perdas nas ações de grandes bancos foram a 2,26% (Bradesco, BBDC3) e em Vale (VALE3), o principal papel da carteira, a 1,28% no fechamento. O dia foi negativo também para Petrobras (PETR3, -0,85%; PETR4, -1,12%) e para as demais ações de primeira linha.
- Maiores Altas
- Maiores Baixas
No lado oposto, destaques para as distribuidoras de petróleo Raízen (RAIZ4, +5,95%), Cosan (CSAN3, +1,32%) e PetroReconcavo (RECV3, +1,21%). “A Raízen reportou resultados fracos recentemente, mas que pode estar sendo impulsionada pela expectativa de queda nas taxas de juros mais adiante — o que pode ser bastante benéfico para a companhia”, explicou Anderson Silva, head da mesa de renda variável e sócio da GT Capital.
As ações do setor elétrico recuaram em bloco recuaram em bloco no dia em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou a Medida Provisória da reforma do setor, que será encaminhada ao Congresso ainda nesta quarta, segundo disse, no início da tarde, o ministro da Casa Civil, Rui Costa. A Eletrobras (ELET3) fechou em queda de 1,17%.
O presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Marcos Madureira, classificou como positiva a MP, mas admitiu preocupação com a antecipação do cronograma de abertura do mercado livre de energia para a baixa tensão, conforme anunciado pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Em Nova York, bolsas também sofrem queda acentuada
As bolsas de Nova York acentuaram o ritmo negativo da véspera, com o avanço dos rendimentos dos Treasuries e as preocupações com o crescente déficit fiscal dos Estados Unidos pesando sobre o sentimento do mercado.
Confira os resultados dos índices de Nova York:
- Dow Jones: 41.860,44 (-1,91%)
- S&P 500: 5.844,61 (-1,61%)
- Nasdaq: 18.872,64 (-1,41%)
Luise Coutinho, da HCI Advisors, destaca que o Congresso americano, no momento, discute orçamento proposto pelo presidente Donald Trump, que prevê grandes cortes de impostos e pode deteriorar, ainda mais, o déficit nas contas públicas.
“Essa incerteza nos Estados Unidos enfraquece o dólar frente a outras moedas, e leva os juros dos títulos americanos a subir bastante. Um movimento que acaba influenciando a curva de juros no Brasil também”, destaca a analista.
Com Estadão Conteúdo
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