Humor azeda na Bolsa: dólar sobe e Ibovespa recua com incertezas no radar

Ibovespa abriu o dia em queda firme nesta terça-feira (9), refletindo o aumento das incertezas políticas no país e a expectativa pelas decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos. O índice chegou a recuar 1,27%, tocando a mínima próxima de 156 mil pontos, em um movimento que mostra maior cautela dos investidores diante do ambiente doméstico mais imprevisível. As perdas se concentraram em setores sensíveis ao ciclo econômico, como varejo e serviços, com quedas superiores a 3%.

A pressão sobre o Ibovespa ocorre mesmo com o cenário internacional relativamente estável, indicando que o desconforto dos mercados é majoritariamente local. Ruídos políticos recentes elevaram a percepção de risco e reduziram o apetite por ativos brasileiros, aumentando a volatilidade do pregão e levou investidores a adotar uma postura defensiva.

Dólar avança com busca por proteção

O câmbio também reagiu ao aumento da aversão ao risco. O dólar atingiu a máxima de R$ 5,49 durante a manhã, acumulando alta próxima de 1% em relação ao real. A busca por proteção ganhou força mesmo diante de um ambiente global mais contido, o que reforça o impacto dos fatores domésticos. No mercado futuro, o contrato de janeiro era negociado perto de R$ 5,46.

As decisões de política monetária previstas para os próximos dias também influenciam o humor do mercado. No Brasil, a expectativa é de manutenção da Selic em 15%, enquanto nos Estados Unidos o Federal Reserve deve cortar 25 pontos-base, com foco total na sinalização para 2026. Uma postura mais conservadora do Fed tende a fortalecer o dólar globalmente, ampliando a pressão sobre moedas emergentes como o real.

Para o investidor, o cenário desta terça-feira destaca um padrão clássico de aversão ao risco: Ibovespa em queda, dólar em alta e curva de juros abrindo. A volatilidade deve seguir elevada até que o quadro político e as perspectivas de política monetária se tornem mais claras.

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Maíra Telles

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