Hypera (HYPE3) surpreende com caixa forte e margens em alta, mas analistas mantêm postura cautelosa
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A HYPE3 apresentou um terceiro trimestre robusto, com crescimento de receita, margens em expansão e geração de caixa recorde, segundo análises do BB Investimentos e do BTG Pactual. Apesar dos números positivos, ambas as casas mantiveram recomendação neutra para o papel, citando um ambiente macroeconômico ainda desafiador e dúvidas sobre a consistência do fluxo de caixa.
Receita e margens em ritmo acima do mercado
A Hypera (HYPE3) registrou receita líquida de R$ 2,23 bilhões, alta de 16,3% na comparação anual, impulsionada pelo sell-out — as vendas em farmácias e drogarias — que avançou 8,3%, acima do mercado farmacêutico (+6,4%).
De acordo com o BB Investimentos, o resultado foi sustentado pelo desempenho de categorias como antigripais, analgésicos, gastroenterologia e cardiologia. “A companhia apresentou aumento relevante de receita e melhoria de margens, tanto bruta quanto EBITDA”, destacou a analista Andréa Aznar (CNPI) no relatório.
A margem bruta atingiu 61,2%, alta de 1,4 ponto percentual sobre o 3T24, enquanto o EBITDA ajustado cresceu 41,3%, para R$ 762 milhões, com margem de 34,2%. Segundo o BB, o avanço reflete maior eficiência operacional e um mix de produtos mais rentável após o fim do processo de otimização do capital de giro.
Caixa recorde e endividamento controlado
O fluxo de caixa operacional somou R$ 854 milhões, o maior já registrado pela empresa, enquanto o fluxo de caixa livre ficou em R$ 689 milhões, avanço de 25% sobre o mesmo trimestre do ano anterior. O endividamento líquido foi reduzido para R$ 7,3 bilhões, equivalendo a 2,4 vezes o EBITDA dos últimos 12 meses.
O BTG Pactual também destacou o desempenho do caixa como um dos pontos altos do balanço. “O fluxo de caixa livre foi um destaque positivo, com redução de R$ 389 milhões na dívida líquida”, escreveram os analistas Samuel Alves e Maria Resende, do BTG.
Ainda assim, o banco ponderou que a performance pode não ser recorrente: “Acreditamos que o nível de geração de caixa ainda parece um tanto incerto. A consistência na entrega do FCF permanece essencial para uma visão mais construtiva sobre o papel”, afirmam.
Perspectivas e recomendação
As duas instituições mantiveram recomendação neutra para HYPE3 — o BB Investimentos com preço-alvo de R$ 25,80 para 2026, e o BTG Pactual com preço-alvo de R$ 28,00, o que representa potencial de alta de cerca de 20% em relação à cotação de R$ 23,33 no fim de outubro.
O BB vê a Hypera com fundamentos sólidos, mas cita que “um cenário mais otimista deve se consolidar apenas em meados de 2026”. Já o BTG aponta que, apesar da boa entrega operacional, revisou para baixo suas projeções de EBITDA (-4%) e lucro líquido (-6%) para o próximo ano.
“Apesar do resultado positivo no trimestre, as tendências recentes indicam que o crescimento e as margens devem se manter estáveis até 2026”, conclui o relatório do BTG Pactual sobre HYPE3.