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Guedes sobre a Petrobras (PETR4): “Conselho e diretoria definem política de preços”

Guedes condiciona auxílio de R$ 600 à taxação de dividendos

Foto: Marcelo Camargo /Agência Brasil

“O presidente Jair Bolsonaro escolhe o ministro Adolfo Sachsida (das Minas e Energia), que escolhe o presidente da Petrobras (PETR4)“, resumiu o ministro da Economia, Paulo Guedes, em conversa com jornalistas, nesta terça-feira (24). Ele evitou falar sobre a nova mudança de comando da Petrobras nos corredores do Fórum Econômico Mundial, em Davos. Mas comentou, tentando indicar que o governo não quer interferir na estatal: “Quem define política de preço da Petrobras são Conselho (de Administração) e diretoria.”

O Conselho da petroleira precisa ratificar o nome do escolhido pelo governo para ocupar a presidência no lugar de José Mauro Ferreira Coelho, demitido nesta segunda (23), completou Guedes.

Mais cedo, o blog da jornalista Ana Flor, no G1, disse que Bolsonaro pretende congelar os preços dos combustíveis até a eleição presidencial. A sinalização de interferência do governo na Petrobras manteve as ações da estatal em forte queda nesta terça: PETR3 caiu 2,85% (a R$ 34,40) e PETR4 cedeu 2,92% (R$ 31,60). Chegaram a cair até 5% no intradia.

Analistas políticos e jornalistas também falaram sobre reajustes de preços da gasolina e do diesel com espaços maiores entre eles — a cada 90 ou 100 dias, por exemplo, como apurou a colunista Andréia Sadi, também do G1 e da Globonews, para diminuir o impacto dos aumentos dos aumentos até as eleições presidenciais.

A Petrobras informou no final da noite desta segunda-feira que, se a demissão de José Mauro Coelho da presidência da companhia for aprovada em Assembleia Geral Extraordinária (AGE), ocorrerá a destituição de todos os membros do Conselho eleitos como ele, por meio do voto múltiplo. A estatal terá, assim, de realizar uma nova eleição para esses cargos.

Em fato relevante, a Petrobras informou que o Ministério de Minas e Energia enviou ofício à empresa solicitando a convocação de uma AGE para destituir Coelho e eleger Caio Paes de Andrade como membro do Conselho de Administração da companhia.

Segundo a Petrobras, o ministério solicitou que a avaliação do nome de Andrade pelo Conselho ocorra após a realização da AGE.

José Mauro foi o terceiro presidente da estatal no governo Bolsonaro, ficando apenas 40 dias no cargo. O nome indicado pelo governo para o comando da Petrobras é Caio Mário Paes de Andrade, próximo a Guedes.

O ministro da Economia está com a agenda cheia nesta terça-feira, com nove reuniões bilaterais, fora um almoço e um jantar, além de uma reunião informal com participantes do Fórum.

Demissão de Coelho foi ‘intempestiva’, diz conselheiro da Petrobras

Um dos conselheiros da Petrobras eleito com voto dos acionistas minoritários disse na noite desta segunda-feira que a demissão de José Mauro Ferreira Coelho da presidência da estatal foi recebida como “intempestiva”, mas não com surpresa, visto o acúmulo recente de manifestações do presidente Jair Bolsonaro, insatisfeito com a política de preços de derivados da empresa. O conselheiro falou sob a condição de anonimato.

A fonte informou que a convocação de uma assembleia extraordinária de acionistas deverá ser formalizada na quinta-feira, 26. Assim, a assembleia capaz de ratificar a indicação poderá acontecer 30 dias depois, a partir de 26 de junho. O indicado, segundo o Ministério de Minas e Energia, será Caio Mário Paes de Andrade, hoje à frente da Secretária Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia.

O conselheiro informou que os minoritários entendem se tratar de uma decisão “tomada dentro do Gabinete do Ministro da Economia” e que não se levanta suspeitas sobre o currículo de Paes de Andrade, com carreira no setor de informática. Por ora, portanto, não há costura de estratégia para obstruir ou limitar a mudança da vez.

Ele disse acreditar em diálogo com o novo indicado, sobretudo na manutenção da política de paridade de preços internacionais, ainda que em intervalos maiores de tempo, conforme vem sinalizando o Planalto.

Ciro Nogueira diz que maioria do governo é contrária a subsídio a combustíveis

O ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, afirmou que a maioria do governo federal é contrária à criação de um subsídio para frear a alta dos combustíveis – em linha, portanto, com o que defende o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Nos bastidores, no entanto, há tempos circula a possibilidade de o Tesouro bancar um subsídio temporário aos combustíveis para amortecer o impacto dos reajustes da Petrobras na inflação em ano eleitoral.

Em entrevista ao SBT News, Ciro Nogueira reconheceu que o subsídio é uma “alternativa”, mas não tem endosso da maioria do Executivo. “Não posso externar se eu sou a favor ou contra. Eu sou fiel à política econômica do presidente e ele tem demonstrado que tem confiança total no ministro Paulo Guedes. Temos que reforçar essa visão que é majoritária no governo atualmente”, declarou. “Todo mundo quer diminuir o preço dos combustíveis. Subsídio é uma alternativa, mas hoje o ministro Paulo Guedes não acha viável.”

O ministro afirmou ainda que o foco do governo neste momento é minimizar o preço dos combustíveis. “O governo está todo voltado ao setor de combustíveis. A nossa principal aflição é diminuir os impactos no bolso do consumidor”, disse o líder do Centrão, na mesma entrevista.

Autonomia do novo presidente

Ciro Nogueira afirmou também nesta terça-feira que o novo presidente da Petrobras precisa de autonomia para trocar as diretorias da empresa.

Revoltado com a alta dos combustíveis em ano eleitoral, o presidente da República, Jair Bolsonaro, demitiu na segunda-feira José Mauro Coelho do comando da estatal e indicou para o cargo o secretário especial de desburocratização do Ministério da Economia, Caio Paes de Andrade.

Como mostrou o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), a demissão de Coelho também abre caminho para alterações na diretoria da empresa.

De acordo com Ciro Nogueira, trocas nas diretorias são uma decisão do presidente da Petrobras. “É uma decisão do novo presidente. Não é decisão minha. Mas acho que o presidente tem que ter autonomia para fazer modificações que sejam necessárias”, declarou em entrevista ao SBT News.

Privatização

O ministro também afirmou que uma eventual privatização da Petrobras seria um processo que tomaria mais de um ano de discussões no meio político. “É uma discussão que não vai acontecer a curto prazo“, avaliou o cacique do Centrão, para quem o ano eleitoral inviabiliza votações de porte no Congresso.

Com informações do Estadão Conteúdo

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