Brasil volta a ficar livre da gripe aviária; quais os impactos na economia?
O Brasil voltou a ser um país livre da gripe aviária, após ter cumprido os protocolos internacionais que preveem, entre outras medidas, o prazo de 28 dias sem novos registros em granjas comerciais. O anúncio oficial de cumprimento do período de vazio sanitário foi dado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), na semana passada.

O único caso confirmado em estabelecimento comercial ocorreu em uma granja no município de Montenegro (RS), no dia 16 de maio. A confirmação da doença foi feita no dia 22 de maio, após a conclusão da desinfecção da granja contaminada. Conforme previsto em protocolo, foi iniciado, ali, o período de vazio sanitário.
De acordo com o ministério, com o encerramento desse prazo sem novas ocorrências, “o Brasil concluiu todas as ações sanitárias exigidas, recuperando novamente o status de livre da doença”. Agora, já está em andamento a etapa de notificação aos países que impuseram restrições temporárias às exportações brasileiras de produtos avícolas. A expectativa é de que as relações comerciais sejam restabelecidas o mais rápido possível.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, declarou que a crise serviu para mostrar a robustez do sistema sanitário brasileiro. “Seguimos os protocolos, contivemos o foco e agora avançamos com responsabilidade para uma retomada gradativa do comércio exterior, mostrando a força do serviço sanitário brasileiro”, declarou.
A gripe aviária afeta principalmente aves, mas também foi detectada em mamíferos, incluindo bovinos. A transmissão ocorre pelo contato com aves doentes e também por meio da água e de materiais contaminados. Segundo o Ministério da Agricultura, carnes e ovos podem ser consumidos com segurança, desde que preparados adequadamente.
Gripe aviária: qual o impacto econômico?
A crise afetou as importações de alguns dos principais importadores de proteína animal brasileira, entre eles a China, que suspendeu totalmente as compras. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) apontam que o volume embarcado caiu 14,4% na comparação anual e 17,6% em relação a abril, totalizando 363 mil toneladas.
Para a Genial Investimentos, a retomada do status sanitário é uma notícia positiva para players como BRF (BRFS3) e JBS (JBSS3), que enfrentaram um certo nível de pressão nas exportações de aves desde o surto.
“O movimento restaura parte da confiança internacional e tende a destravar os volumes nos próximos trimestres, à medida que a retirada das restrições ocorrerem. Isso também ajuda a expurgar a potencial pressão nos preços do mercado doméstico por redirecionamento da oferta que seria impedida de ser exportada caso as restrições se mantivessem”, aponta a análise da empresa.
As negociações para o retorno das exportações ocorrem de país para país e não em conjunto. Alguns países já haviam suspendido as importações apenas de forma regional, e outros podem optar por agir assim a partir de agora, mantendo por mais tempo a restrição ao local onde houve a manifestação da gripe aviária.