GPA (PCAR3): alta alavancagem deve pesar no 4T23; oferta de ações está no radar

Previsto para ser divulgado nesta quarta-feira (21), após o fechamento do pregão, o balanço do quarto trimestre do GPA (PCAR3) deve sentir os efeitos de uma alavancagem ainda elevada. Em paralelo, está a oferta subsequente de ações, que deve ser lançada após a divulgação dos resultados, segundo o jornal Valor Econômico.

“Com uma estrutura de capital alavancada e apesar de todos os esforços em otimizar o seu operacional, o montante de despesas financeiras ainda deve consumir todos os ganhos até aqui”, avaliam os analistas Iago Souza, Vinicius Esteves e Nina Mirazon, da Genial Investimentos.

A casa projeta um prejuízo líquido de R$ 173 milhões no 4T23, queda de 36,4% na base anual, e uma margem líquida negativa em 3,3% (+230 pontos-base ano contra ano). A receita bruta do GPA, por sua vez, deve chegar a R$ 5,7 bilhões, alta de 8,1% na base anual e de 12,4% na base trimestral.

“Mesmo diante do cenário de deflação alimentar no ano, esperamos que o crescimento de fluxo às lojas e o aumento de volume de compras por consumidor mais do que neutralize o impacto da variável preço na receita bruta do GPA”, diz a casa.

Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado do GPA deve ser de R$ 397 milhões no quarto trimestre, com uma margem Ebitda de 7,5% (+155 pontos-base ano contra ano), projeta a Genial.

No quarto trimestre, portanto, a Genial acredita que o GPA deve continuar se beneficiando de três pilares: melhora de negociações com fornecedores, aumento de participação de vendas da bandeira Pão de Açúcar e redução de ruptura nas gôndolas.

Segundo o relatório mais recente, a casa tem recomendação de ‘compra’ para as ações de GPA, com preço-alvo a R$ 3,96 e upside de 39%.

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Gestão de custos deve ser um dos grandes desafios do GPA, diz analista

Outro player importante do varejo alimentar, o resultado do Carrefour (CRFB3), divulgado na última segunda-feira (19), foi influenciado pelos custos, impactos contábeis e despesas que vieram do fechamento das lojas físicas, movimento que também pode servir de alerta para o balanço do GPA, ressalta Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital. 

“Isso deve deixar os investidores mais apreensivos quanto ao resultado do GPA, apesar de não concorrer diretamente com Atacadão-Carrefour, e sim com players como St. Marche e Mambo, o que deixa no ar um sinal de desconfiança quanto ao efeito da deflação dos alimentos nos resultados da empresa”.

O analista acrescenta que o maior obstáculo do Grupo Pão de Açúcar será a execução de sua estratégia principalmente de lojas de proximidade – como mini mercados, por exemplo – para ajudar a melhorar os números da empresa, além da gestão de custos, fator chave para conseguir executar essa estratégia de forma eficiente.

“Acredito que as principais linhas do balanço do 4T23 que devem ser observadas serão as despesas do grupo. Caso apresente queda ou estabilidade, poderemos vislumbrar um futuro promissor para o grupo nos próximos trimestres”, acrescenta Fernandes.

Mercado está confiante quanto ao “turnaround” do GPA; entenda

Segundo fontes informaram ao jornal Valor Econômico no início do mês, o GPA deve lançar sua oferta subsequente de ações após a divulgação dos resultados do 4T23. 

A varejista planeja aproveitar o momento em que deverá apresentar ao mercado uma melhora em seus resultados operacionais, incluindo a margem. Trabalham na oferta o BTG Pactual (BPAC11), Itaú BBA e Bradesco BBI.

No fim do ano passado, o GPA anunciou que faria uma emissão, que poderia chegar a R$ 1 bilhão, para ajustar o balanço. A operação levaria a uma diluição de 50% do seu principal acionista francês, o varejista Casino Guichard-Perrachon, que não deve acompanhar a oferta. 

No mês passado, o GPA abriu espaço em seu estatuto para a oferta, ao aprovar em assembleia geral extraordinária (AGE) um aumento do limite de seu capital autorizado.

No entanto, diz o Valor, ao longo de janeiro, as condições de mercado não se mostraram interessantes para uma oferta devido à alta volatilidade das ações do GPA, e a companhia decidiu adiar os planos.

A avaliação era de que a varejista não estava muito confortável com a forte oscilação das ONs e a dinâmica de investidores na posição “short” (aposta na queda), com a ação sendo muito operada pelos investidores, de acordo com o jornal.

Ainda segundo o Valor, nos bastidores, fontes a par do caso passaram a mensagem de que não havia pressa em avançar com a operação, e que a reestruturação interna já vinha trazendo resultados.

Assim, até este momento, os analistas Iago Souza, Vinicius Esteves e Nina Mirazon, da Genial Investimentos, estão confiantes em relação ao andamento do turnaround do GPA.

“Apesar de entendermos que o risco de execução é algo a ser monitorado em 2024, enxergamos com ‘bons olhos’ as melhorias realizadas até aqui. Entendemos que a operação de follow-on deva vir com lock-up para os controladores do GPA, por mais que estes não participem da oferta. Dessa forma, uma eventual pressão de um overhang do controlador não é uma preocupação imediata”, finalizam.

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Giovanni Porfírio Jacomino

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