Dirigente do Fed evita comentar sobre Lisa Cook, mas defende independência do BC
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O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Nova York, John Williams, evitou comentar sobre a demissão da diretora do BC dos Estados Unidos Lisa Cook, em entrevista à CNBC nesta quarta-feira, 27. Questionado diversas vezes, o dirigente comentou apenas que há um processo legal em andamento e que sempre viu a colega trazer muita “integridade” ao Fed, elogiando o trabalho de Cook.

“Ela é respeitada como economista”, lembrou o dirigente.
Apesar de evitar comentar diretamente sobre o assunto, Williams defendeu a importância de manter a independência do Federal Reserve para garantir a estabilidade econômica dos Estados Unidos e para que os dirigentes consigam cumprir o mandato de controlar a inflação.
“O banco central foi feito para ter dirigentes independentes que possam tomar decisões de longo prazo e se distanciarem de pressões políticas que afetam somente o curto prazo“, apontou Williams.
Relembre quem é Lisa Cook
Lisa DeNell Cook é uma economista americana, indicada pelo presidente Joe Biden em janeiro de 2022 e confirmada pelo Senado no mesmo ano. Ela é a primeira mulher negra a compor o Conselho de Governadores do Federal Reserve — o banco central dos EUA — com mandato previsto até 2038. Com doutorado em economia pela Universidade da Califórnia em Berkeley, Cook se tornou uma autoridade em macroeconomia, história econômica e economia internacional, além de ter atuado como professora na Michigan State University e como economista no Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca durante o governo Obama.
Nos últimos dias, Cook foi alvo de uma polêmica política de grande repercussão: o ex-presidente Trump anunciou sua demissão, alegando fraudes em documentos de hipoteca, acusação levantada pelo diretor da Federal Housing Finance Agency. Ela rejeitou veementemente as acusações, destacou que o presidente não teria autoridade legal para removê-la — já que, de acordo com a lei, um membro do Fed só pode ser destituído “por justa causa” — e anunciou que irá contestar judicialmente a decisão. Essa tentativa de interferência elevou preocupações sobre a independência do Federal Reserve e possíveis impactos na política monetária americana, ampliando o debate sobre a autonomia do Fed.
Com Estadão Conteúdo