Fed: dirigentes projetam recessão nos EUA com crise dos bancos; juros devem aumentar, mas “pausa” nas altas é cogitada

A equipe do Federal Reserve (Fed) projeta que os Estados Unidos deverão passar por uma “recessão leve”, que deverá iniciar no fim deste ano, em resposta aos “efeitos econômicos dos recentes desdobramentos do setor bancário”, seguida de uma recuperação nos dois anos seguintes.

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Na avaliação, publicada na ata da última reunião de política monetária do BC americano, a equipe também destaca que a previsão é de que o índice cheio de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), como também seu núcleo, cheguem perto de 2% em 2024 e 2025.

Tensões bancárias

A ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed) destaca que alguns dirigentes observaram que, dada a inflação persistentemente alta e a força dos dados econômicos recentes, eles teriam considerado um aumento de 50 pontos base nos Fed Funds como apropriado, na ausência dos desenvolvimentos recentes no setor bancário. O Comitê elevou a taxa em 25 pontos. Devido ao potencial de desenvolvimentos do setor bancário para apertar as condições financeiras e pesar sobre a atividade econômica e a inflação, eles julgaram prudente aumentar o intervalo da meta em um incremento menor nesta reunião, diz a ata.

Por outro lado, o documento aponta que vários participantes do encontro consideraram manter a taxa inalterada. Os participantes da reunião geralmente concordaram com a importância de monitorar de perto as informações recebidas e suas implicações para as perspectivas econômicas, e que estavam preparados para ajustar suas opiniões sobre a postura apropriada da política monetária em resposta aos dados recebidos e aos riscos emergentes para as perspectivas econômicas, afirma o documento.

Os membros do Comitê concordaram que, ao determinar a extensão dos aumentos futuros nos juros, eles levariam em conta o aperto cumulativo da política monetária, os atrasos com que a política monetária afeta a atividade econômica e a inflação e os desenvolvimentos econômicos e financeiros, afirma o documento.

Dirigentes do Federal Reserve (Fed) concordaram que as tensões bancárias serão consideradas nas decisões de política monetária da instituição.

Segundo documento, muitos dirigentes afirmam que as tensões financeiras os levaram a reduzir as perspectivas de juros, mas ampliaram as incertezas em relação à economia e à inflação. No entanto, os dirigentes também observaram que as ações tomadas pelo Federal Reserve (Fed), junto a agências governamentais, “ajudaram a acalmar as condições no setor bancário e a diminuir os riscos de curto prazo para a atividade econômica e a inflação“.

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Eventos recentes em bancos devem levar a um enfraquecimento do crédito, diz Fed em ata

A ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) destaca que os dirigentes avaliaram que os desenvolvimentos até agora relativos ao sistema bancário provavelmente levariam a algum enfraquecimento das condições de crédito, já que alguns bancos provavelmente apertariam os padrões de empréstimo em meio ao aumento dos custos de financiamento e maiores preocupações com a liquidez.

Os participantes da reunião observaram que era muito cedo para avaliar com confiança a magnitude do efeito de um aperto de crédito sobre a atividade econômica e a inflação, e que era importante continuar monitorando de perto os desenvolvimentos e atualizar as avaliações dos efeitos reais e esperados do aperto de crédito, segundo a ata divulgada nesta quarta-feira, 12.

Vários dirigentes observaram que os bancos regionais e comunitários, um pequeno número dos quais passaram por estresse significativo, eram importantes para empréstimos a pequenas empresas e empresas de médio porte e estavam fornecendo serviços financeiros essenciais e exclusivos para muitas comunidades e indústrias, diz o documento.

De toda forma, os participantes do encontro concordaram que o sistema bancário dos EUA permaneceu sólido e resiliente na crise, afirma a ata.

Leituras altas da inflação sugerem que há mais trabalho a fazer no aperto, diz dirigente do Fed

A presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de São Francisco, Mary Daly, afirmou nesta quarta-feira, 12, que as leituras altas da inflação sugerem que há mais trabalho a fazer no aperto monetário. Em evento na Câmara de Comércio de Salta Lake, a dirigente indicou que “tivemos algumas notícias boas hoje” no índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de março dos Estados Unidos, mas que a inflação ainda segue elevada.

“Continuamos resolutos e comprometidos em reduzir a inflação para nossa meta de 2%”, afirmou Mary Daly, indicando que o Fed “absolutamente” tem as ferramentas para restaurar a estabilidade de preços. “Não esperamos continuar aumentando os juros em todas as reuniões”, apontou, sugerindo que ainda há incertezas sobre o impacto do aperto monetário na economia, o que faz com que os dados sejam importantes para os próximos passos.

Sobre os impactos na atividade econômica, “não projeto uma recessão, mas precisamos que o crescimento desacelere”, afirmou Mary Daly, indicando que as restrições são importante para um ambiente sustentável.

Além disso, a dirigente afirmou que há uma série de sinais de que o mercado de trabalho está começando a esfriar, mas que continua extremamente apertado e deve voltar ao equilíbrio apenas gradualmente.

Setor bancário

A presidente do Federal Reserve de São Francisco ainda destacou que a autoridade está preparada para usar todas ferramentas em instituições bancárias de todos os tamanhos para garantir a estabilidade.

A dirigente afirmou que o sistema bancário dos Estados Unidos está sólido e resiliente depois dos eventos recentes, e que isso ocorreu em parte pelas ações do Fed.

“Essas ações demonstram que estamos comprometidos em garantir que todos os depósitos sejam seguros”, indicou. “Continuaremos a monitorar de perto as condições do sistema bancário”, afirmou Mary Daly, do Fed.

Com Estadão Conteúdo

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Redação Suno Notícias

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