Exclusivo: China Mobile pede informações e pode estar de olho na Oi

A China Mobile, maior operadora de telefonia móvel do mundo, apresentou pedido à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para obter mais informações sobre como operar no Brasil. A informação foi obtida com exclusividade pelo SUNO Notícias. O pedido pode colocar a operadora mais próxima de concluir um negócio com a Oi. Uma possibilidade que já tinha sido aventada no passado, mas não chegou a se concretizar.

No documento sobre a solicitação da China Mobile, a agência reguladora do setor de telecomunicações informou que a chinesa necessita cumprir alguns requisitos para poder operar no país. E, eventualmente, de qualquer tipo de acordo com a Oi.

O passo a passo exigido passa por:

  • estabelecer duas empresas
  • adquirir espaços de radiofrequência
  • obter registro em órgãos reguladores do país
  • cumprir requisitos eletrônicos
  • pagar uma taxa por cada licença

O documento informa ainda que, caso a chinesa adquira uma companhia brasileira, ela poderia pular algumas dessas etapas burocráticas. Além disso, nesse caso a China Mobile poderá conquistar espaço na rede brasileira sem precisar esperar novos leilões e adquirir rapidamente uma infraestrutura avançada. É aí que um possível negócio com a Oi poderia fazer sentido para a gigante asiática.

Saiba mais: Com interesse da Telefônica no radar, Oi opera em alta nesta segunda

“A China Mobile tem interesse no mercado brasileiro e vai estudar, sim, a oportunidade com a Oi. Isso não quer dizer que [a empresa chinesa] vai se interessar”, disse à reportagem uma fonte do setor.

Segundo os dados da consultoria Teleco, a telefônica chinesa detém, atualmente, 925 milhões de linhas de celulares ativas. Sua receita foi de cerca de US$ 107 bilhões (cerca de R$ 430 bilhões) no ano passado.

O pedido à Anatel, segundo fontes do setor, demonstra que a China Mobile estuda oportunidades concretas de iniciar a operar no Brasil.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2024/04/1420x240-Banner-Home-1.png

No passado, a China Mobile considerou a ideia de fazer uma oferta de compra de, ao menos, parte da Oi voltada ao mobile. A grande questão, segundo apurou a SUNO Notícias, foi a grande dívida da empresa brasileira.

 

Documento da Anatel com respostas sobre pedido da China Mobile

Oi em recuperação judicial

A Oi entrou em recuperação judicial em 2016, no então maior caso da história do Brasil, superado apenas pela recuperação judicial da Odebrecht em 2019.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2024/04/1420x240_TEXTO_CTA_A_V10.jpg

A empresa poderia ser beneficiada pela aprovação do Projeto de Lei Complementar (PLC) 79/16. A lei atualiza o marco legar no setor e muda a classificação de ativos reversíveis. A Oi e a Telefônica, que obtiveram o status de concessão no momento da privatização da Telebras, poderiam mudar parte de seu processo de gestão.

Saiba mais: Para Moody’s, aprovação da lei de teles será positiva para Telefônica e Oi

Com a nova lei, a Oi poderia redirecionar investimentos, atualmente obrigatórios em telefonia fixa, e também vender ativos da época da concessão. Uma mudança que permitira uma economia calculada por analistas entre R$ 400 milhões até R$ 2 bilhões, deixando a empresa mais atrativa para investidores.

Mercado corporativo

Entretanto, a compra da Oi, ou de parte dela não é a única opção para a China Mobile. Existe a possibilidade que a telefônica asiática inicie uma operação no Brasil mais voltada ao mercado corporativo, atendendo empresas chinesas que operam no País.

Saiba mais: Oi: Plenário do Senado Federal aprova nova lei das teles

“Ela pode entrar no Brasil, em um primeiro momento, atendendo apenas empresas”, diz Eduardo Tude, consultor da Teleco. Segundo ele, a empresa chinesa poderia seguir os passos de concorrentes como Orange e Verizon, por exemplo.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2020/08/af8bb5b4-planilha-controle-de-gastos.png

Desde 2017, a China Mobile tem um escritório no Brasil. O local é o centro dos negócios da empresa na América Latina, onde atua em diversos países. Segundo a companhia, o escritório auxilia a empresa a entender melhor o mercado da região. E nele deveria ser tomada a decisão se investir ou menos na Oi. Procurada, a Oi não respondeu a solicitação da reportagem.

Vinicius Pereira

Compartilhe sua opinião