Governo diz que ainda negocia com (EMBR3) compra de cargueiros

Em aceno à Embraer (EMBR3) na Dubai Air Show, o Governo Federal afirmou que ainda está em negociação sobre a compra de aeronaves, após a Força Aérea Brasileira (FAB) desistir unilateralmente de honrar a compra inicial de 28 unidades do cargueiro KC-390 Millennium.

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O comando da Aeronáutica comunicou que, por causa de restrições orçamentárias, vai reduzir a encomenda para apenas 15 unidades da Embraer – sendo que quatro foram entregues. Agora, o Ministério da Defesa diz que a negociação continua.

“A negociação não foi encerrada, e esse foi o motivo de estarmos aqui”, disse o ministro da Defesa, general Braga Netto, durante a visita presidencial às aeronaves da Embraer na Dubai Air Show, nos Emirados Árabes Unidos. “Continuamos em negociação e vamos entrar num acordo.”

Com o anúncio da desistência, as ações da Embraer beiraram queda de 8% no pregão que sucedeu o cancelamento do planalto. Pelo contrato inicial assinado em 2014, os 28 aviões seriam comprados por R$ 7,2 bilhões (cerca de R$ 11 bilhões hoje, corrigidos pelo IPCA).

Após a decisão da FAB, a Embraer arquivou um comunicado ao mercado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) acerca da decisão, afirmando que iria “procurar medidas legais para o equilíbrio econômico do contrato”.

Dentro de um cargueiro KC-390 da FAB exposto na feira Dubai Air Show, Bolsonaro puxou para perto de si o presidente da Embraer Defesa & Segurança, Jackson Schneider, e falou: “continuaremos nos amando, tá ok?”. O executivo não quis comentar.

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Bolsonaro segurava uma miniatura do KC-390, numa tentativa de promover o cargueiro cujas vendas nos últimos anos colaboraram para impulsionar a indústria de Defesa nacional: as exportações somam US$ 1,35 bilhão neste ano.

O KC-390 trata-se da maior peça do portfólio da companhia para o setor de defesa, sendo que uma compra no mercado doméstico é vista como categórica para que a companhia possa vender o modelo no mercado externo.

Recuo com a Embraer deve ser tratado com ‘naturalidade’, diz ministro

Um ministro militar disse ao Estadão que a decisão do governo deve ser encarada com naturalidade por causa da retração econômica e sinalizou que a compra pode ser retomada aos poucos.

Até o momento, a Embraer não foi notificada oficialmente da decisão da Aeronáutica, endossada por Bolsonaro. Na véspera da feira, o presidente disse que o ministério não tem dinheiro para manter a compra inicial.

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As conversas vinham desde abril, mas, segundo o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Baptista Junior, não houve acordo. A empresa diz que vai estudar medidas legais e avalia o equilíbrio financeiro do contrato, de 2014, atualmente em cerca de R$ 11 bilhões.

Nos bastidores, a redução da compra abriu uma crise pelo impacto potencial não só nas finanças da empresa, como na imagem dela e no prestígio do KC-390 internacionalmente. As encomendas são feitas por governos estrangeiros e costumam contar com apoio do Palácio do Planalto.

No domingo (14), o presidente circulou ao redor e entrou em outros aviões da empresa, entre eles o caça Super Tucano da Força Aérea dos Emirados Árabes, que conta com apoio de pilotos brasileiros.

Segundo o presidente, além do Super Tucano, o governo local avalia a aquisição do KC-390 para a frota dos Emirados Árabes. Fontes militares do governo brasileiro dizem que a quantidade não foi definida e ponderaram que a Embraer só pode aceitar encomendas se tiver capacidade de produção.

FAB redigiu nota oficial sobre o imbróglio

Em texto publicado no site oficial da FAB, na sexta (12), o comandante da Força, brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior, afirmou que a decisão do governo foi “indesejável” e o correu por responsabilidade da Embraer.

O artigo foi intitulado de “FAB e Embraer: caminhos futuros em prol de interesses convergentes?”.

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“Considerando a decisão da Embraer e a impossibilidade de permanecer com a execução do contrato nas quantidades atuais, a Força Aérea Brasileira, no intuito de resguardar o interesse público, iniciará, dentro dos limites previstos na lei, os procedimentos para a redução unilateral dos contratos de produção das aeronaves KC-390, fato inédito e indesejável nessa importante e cinquentenária relação”, diz o oficial, na nota da FAB.

“O Comando da Aeronáutica, ratificando a manutenção do espírito de parceria que sempre existiu entre a FAB e a Embraer, permanecerá envidando esforços junto à empresa no intuito de reduzir a frota de aeronaves KC-390 para os patamares considerados adequados para a Força Aérea Brasileira”, segue.

A compra das aeronaves foi acertada em meados de abril deste ano, quando a Aeronáutica alertou que a União havia feito restrições orçamentárias sob programas estratégicos que afetariam essa negociação em específico com a Embraer.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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Eduardo Vargas

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