Dólar cai a R$ 5,5376 e cenário se mantém favorável para queda no câmbio

O dólar encerrou a sessão desta quarta-feira (11) em baixa de 0,59%, a R$ 5,5376, no menor nível de fechamento desde 8 de outubro (R$ 5,5328). A divisa já apresenta desvalorização de 3,18% nos oito primeiros pregões em junho. No ano, o dólar acumula perdas de 10,40% em relação ao real, que tem o melhor desempenho entre as divisas latino-americanas.

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A desvalorização da moeda norte-americana continua no exterior. A queda de hoje se consolidou em função de novas apostas em cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed), após a divulgação de dados sobre inflação e consumo dos EUA considerados aquém das expectativas. O apetite ao risco melhorou, de maneira pontual, com a possibilidade do anúncio da prorrogação do congelamento das chamadas tarifas recíprocas, parte de um acordo comercial preliminar entre americanos e chineses.  

Já a apreciação do real frente ao dólar poderá continuar, mesmo se, na reunião da semana que vem, o Comitê de Política Monetária (Copom) mantiver a Selic em 14,75% ao ano ou aumentá-la. Seja qual for a decisão, a taxa real de juros permanecerá ao redor de 10% o que estimula operações de carry trade e desencoraja a manutenção de posições compradas na moeda americana, segundo Marcelo Bacelar, gestor de portfólio da Azimut Brasil Wealth Management.”Além do carrego muito alto, o real se beneficiou da mudança de portfólio internacional, com migração de recursos dos Estados Unidos para outras geografias”, ele afirma. 

Em relação ao aumento do câmbio no fim do ano passado, Bacelar explica que a movimentação ocorreu por temores de que o mandato do presidente do Banco Central do Brasil, Gabriel Galípolo, poderia resultar em risco monetário doméstico. Ou seja, uma postura mais frouxa do BC em relação às metas de inflação, unida à grave desancoragem fiscal. “O mercado tinha dúvidas se Galípolo ia fazer o necessário para a inflação voltar à meta. O risco monetário acabou”, afirma gestor de portfólio da Azimut Brasil. 

Apesar das discussões em torno das medidas do Ministério da Fazenda, anunciadas como alternativas ao aumento do IOF, o fato de o governo não ter alterado a meta fiscal de 2026, em razão de uma eventual frustração de receita, é um ponto positivo para o real. “O governo não dá sinalização publicamente de ajuste do lado da despesa, mas fez contingenciamento e congelamento bem acima do que o mercado esperava”, destaca Marcelo Bacelar.

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Dólar cai lá fora, na expectativa de cortes de juros pelo FED

O dólar operou em baixa também em relação à maioria das moedas mundo afora. O índice DXY, que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis moedas fortes, caiu 0,47%, a 98,631 pontos. Por volta das 16h50 (horário de Brasília), o dólar caia para 144,61 ienes, enquanto o euro avançava para US$ 1,1485 e a libra era negociada em alta, a US$ 1,3541.

Motivos para a queda: o dia contou com a leitura do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) norte-americano de maio, que veio com um avanço ligeiro, reforçando perspectivas para um corte de juros pelo Fed, em setembro. 

As probabilidades de redução acumulada de 50 pontos-base (pb) ou mais ao longo deste ano também aumentaram, segundo a ferramenta de monitoramento do CME Group. O esperado anúncio oficial de um acordo comercial entre Estados Unidos e China não ocorreu hoje, o que também não ajudou na recuperação da moeda norte-americana.  

Com Estadão Conteúdo

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Fernando Cesarotti

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