Dólar reverte tendência e fecha em leve alta, de olho em acordo de EUA e China

O dólar ganhou força em relação ao real ao longo do dia, acompanhando o cenário global, e terminou a sessão desta terça-feira (10) em alta de 0,14%, R$ 5,5704, após três pregões consecutivos de queda. A moeda norte-americana oscilou entre a mínima de R$ 5,5388, pela manhã, e a máxima de R$ 5,5749, já próximo do encerramento das negociações.

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A moeda dos EUA acumula baixa de 2,61% nos sete primeiros pregões de junho e de 9,87% em 2025 na comparação com o real, que apresenta o melhor desempenho entre as divisas latino-americanas.desde o início.

Ao longo do dia, investidores reduziram a exposição a divisas emergentes, enquanto aguardavam um desenlace das negociações comerciais entre EUA e China, que entraram hoje em seu segundo dia com perspectivas positivas. Pela manhã, a moeda chegou a operar pontualmente em queda diante do real, com relatos de entrada de recursos estrangeiros para ativos locais e alta do petróleo, que se reverteu à tarde.

A leitura benigna do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio não dividiu as projeções sobre uma nova alta da Selic em 0,25 ponto porcentual no encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana que vem. O IPCA desacelerou de 0,43% em abril para 0,26% em maio

“Esse resultado do IPCA, junto com os impactos da mudança no IOF, reforça a tese de fim de ciclo de alta de juros e de manutenção da Selic na próxima reunião do Copom, apesar dos sinais ainda incipientes de desaceleração da atividade econômica”, afirma o economista Vladimir Caramaschi, sócio-fundador da +Ideas Consultoria Econômica.

Mesmo que não haja alta adicional da Selic, a visão de analistas é a de que a perspectiva de que a taxa de juros permaneça em nível elevado por período prolongado dá certa sustentação ao real, ao estimular operações de carry trade e tornar muito custoso o carregamento de posições compradas em dólar.

As negociações entre governo e parlamentares sobre as medidas fiscais do ministério da Fazenda para substituir parcialmente o aumento do Imposto de Operações Financeiras (IOF) permaneceram como pano de fundo para os negócios, diante de dúvidas sobre a aprovação das medidas pelo Congresso de novas tributações e da eventual adoção de cortes de gastos.

Os operadores acreditam que o real pode ser prejudicado pelas incertezas que cercam a política fiscal, em meio às negociações em torno do pacote do governo para substituir parcialmente o aumento do IOF. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que expôs nesta terça (10) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que retornou de viagem à França, as medidas negociadas com os líderes parlamentares.

Haddad minimizou do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de que o Congresso não tem compromisso em aprovar as medidas apresentadas. “É uma fala de prudência, Qual foi a medida da Fazenda que não foi aprovada depois de uma negociação?”, questionou o ministro.

“As falas de Haddad em relação à política fiscal continuam voltadas mais para arrecadação do que para um corte de gastos. Não está claro se ele está disposto a negociar com cada um dos segmentos que vão ser impactados pelas medidas”, afirma a economista Paloma Lopes, da Valor Investimentos.

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Dólar tem leve recuperação no cenário global

O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes, subiu 0,16%, a 99,098 pontos. Por volta das 16h50 (horário de Brasília), o dólar subia para 144,83 ienes, enquanto o euro avançava para US$ 1,1434 e a libra era negociada em baixa, a US$ 1,3505.

“O mercado está na defensiva e um pouco pressionado com essa expectativa pela negociação entre os Estados Unidos e China, em um momento em que o presidente Donald Trump enfrenta protestos e resistências dentro do próprio partido”, afirma o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, que vê a China ainda com “bastante força” para sustentar a guerra comercial, apesar dos indicadores recentes mostrando desaceleração da economia chinesa.

Mesmo fechando em alta, o DXY perdeu parte dos ganhos do início da sessão, com os investidores adotando uma postura mais cautelosa antes da divulgação dos dados de inflação dos EUA e dos leilões de Treasuries desta semana, nos quais uma demanda fraca pelos títulos americanos poderia pressionar o dólar para baixo.

“O único potencial de alta para o dólar nesta semana depende das negociações comerciais entre EUA e China em Londres, embora nenhum resultado significativo tenha sido divulgado até agora”, diz Antonio Ruggiero, da Convera, fintech com foco em operações de câmbio.

Os ganhos do dólar permanecem limitados, afirmam em nota os analistas do IG Group. Segundo eles, o sentimento em relação à moeda americana continua frágil devido às preocupações com a “política comercial errática e os riscos fiscais” nos EUA.

A libra esterlina se desvalorizou diante do dólar e do euro nesta terça-feira, após dados mostrarem aumento do desemprego e queda no crescimento dos salários no Reino Unido. Os números reforçam as perspectivas de que o Banco da Inglaterra continuará cortando as taxas de juros. 

Com Estadão Conteúdo

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Fernando Cesarotti

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