CVM adia assembleia de fusão entre BRF (BRFS3) e Marfrig (MRFG3); entenda

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) decidiu nesta sexta-feira (11) adiar, pela segunda vez, a realização da Assembleia Geral Extraordinária (AGE) da BRF (BRFS3), que estava prevista para acontecer na próxima segunda-feira (14). A assembleia trataria da fusão entre BRF e Marfrig (MRFG3), operação que transformaria a BRF em subsidiária integral da controladora.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2025/07/Artigos-e-Noticias-Lead-Magnet-01-Desktop_-1420x240-1.png

O novo adiamento da fusão entre BRF e Marfrig ocorre após acionistas minoritários questionarem a falta de informações detalhadas sobre os termos da transação. A decisão da CVM foi tomada por unanimidade, com o objetivo de garantir mais transparência no processo e assegurar que todos os investidores tenham acesso aos dados necessários antes de deliberar sobre a proposta.

Por que a assembleia de fusão foi adiada?

Segundo a CVM, os documentos mais recentes entregues pelas empresas, em 23 de junho, não apresentaram projeções financeiras nem detalhamento sobre os critérios utilizados para a relação de troca das ações. A justificativa apresentada pelas companhias foi de que as informações são protegidas por sigilo comercial.

No entanto, a Superintendência de Relações com Empresas (SEP) da CVM avaliou que a ausência desses dados compromete o princípio de transparência e “esvazia o propósito da norma” que regula operações societárias. A SEP também observou que, enquanto a Marfrig teve acesso a esses dados, os demais acionistas não tiveram, o que gera uma assimetria informacional no processo.

Com isso, o órgão determinou um novo adiamento de 21 dias, que passará a contar a partir da publicação dos dados exigidos. A diretora da CVM, Marina Copola, destacou ainda que há divergências entre a proposta de relação de troca e os parâmetros técnicos, como cotações históricas e laudos de avaliação, o que reforça a necessidade de mais esclarecimentos.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2025/06/Artigos-e-Noticias-Banner-Materias-02-Desktop_-1420x240-1.png

Entenda a fusão entre BRFS3 e MRFG3

A proposta de fusão foi anunciada em maio. Segundo o plano, a BRF passaria a ser uma subsidiária integral da Marfrig, com as duas marcas combinando seus negócios para criar uma gigante do setor de alimentos. A nova companhia estima sinergias de R$ 485 milhões ao ano, com ganhos operacionais e redução de custos.

No entanto, a fusão BRF Marfrig enfrentou resistência desde o início. A proposta de troca prevê que cada ação da BRF será convertida em 0,8521 ação da Marfrig. A negociação considera ainda a distribuição de dividendos e JCP de R$ 3,52 bilhões pela BRF e R$ 2,5 bilhões pela Marfrig.

A Genial Investimentos avaliou que os termos da relação de troca impõem um deságio de cerca de 15% aos acionistas da BRF. O mercado também questiona a ausência de um prêmio de controle, algo comum em operações de fusão dessa magnitude.

Cotação de BRFS3 e de MRFG3

Em meio ao adiamento da assembleia, os papéis das duas companhias estão operando em forte queda nesta sexta-feira. Por volta das 14h30, as ações MRFG3 estão caindo 3,21%, a R$ 23,23.

No mesmo horário, as ações BRFS3 operam em baixa de 2,87%, a R$ 22,32.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2025/06/Artigos-e-Noticias-Banner-Materias-03-Desktop_-1420x240-1.png

Giovanna Oliveira

Compartilhe sua opinião