CVC (CVCB3): analistas apontam 4T22 fraco e ações despencam no Ibovespa

As ações da CVC (CVCB3) lideraram a ponta negativa do Ibovespa nesta quarta-feira (15), fechando com perda de 6,12%, a R$ 3,07. Isso porque, na véspera, além de ter a recomendação cortada pelo JP Morgan, a holding divulgou seu balanço do quarto trimestre de 2022 (4T22) e não agradou os investidores.

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Embora tenha reduzido o prejuízo em 33,6% frente a um ano antes, a CVC ainda reportou um montante de R$ 96,8 milhões no 4T22. No acumulado de 2022, houve uma melhora no indicador em 10,9%, saindo do negativo de R$ 486,6 milhões em 2021 para o prejuízo de R$ 433,4 milhões. Os números, no entanto, ainda foram aquém das estimativas do mercado.

De acordo com Luiz Guanais, Gabriel Diselli e Victor Rogatis, analistas do BTG Pactual (BPAC11), embora os números operacionais tenham mostrado uma melhoria ano a ano, o take rate (valor da receita líquida sobre reservas) caiu.

“Devido aos efeitos do mix de produtos, com maior participação de B2B, pacotes marítimos e viagens internacionais. As reservas ainda estão no modo de recuperação, mas a taxa de aceitação mais baixa novamente cobrou seu preço”, pontuam.

A casa reforça que a receita líquida da CVC no Brasil totalizou R$ 256 milhões (-2% na comparação anual), com a receita B2C (business to consumer) crescendo 11% a/a, juntamente com uma taxa de aquisição de 12,6% (recuo de 60 pontos-base). Já a receita líquida corporativa (B2B) cresceu 13% para R$ 89 milhões, com uma take rate de 6,2% (- 60 pontos-base), enquanto a receita líquida consolidada (Brasil + Argentina) cresceu 2% (5% abaixo da projeção do BTG).

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Também ficou aquém das projeções do BTG o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da CVC. No report do 4T22, a holding contabilizou R$ 4,2 milhões, mais da metade do valor estimado pela casa, que era de R$ 10 milhões.

O indicador também decepcionou os analistas do Santander (SANB11). Ruben Couto, Eric Huang e Vitor Fuziharo, analistas do banco, revelaram que o Ebitda da CVC ficou 87% abaixo consenso feito por eles e 91% abaixo do consenso do mercado

“Além disso, notamos que, embora a demanda tenha continuado a melhorar durante o trimestre, a maior participação de B2B no mix de reservas, bem como a maior participação de cruzeiros nas reservas B2C, pressionou o take rate da CVC”, pontua os analistas do Santander.

Capital e caixa da CVC

Para os analistas do BTG, um dos destaques da CVC no 4T22 foi a sua estrutura de capital, que encerrou o período com R$ 815 milhões em caixa, R$ 961 milhões em recebíveis e R$ 897 milhões em dívidas financeiras.

“Além disso, há outros R$ 1,4 bilhão nas vendas antecipadas de pacotes de viagens que impactarão o fluxo de caixa nos próximos trimestres. A CVC também anunciou a proposta de reperfilamento de sua dívida, prorrogando em 3,5 anos os vencimentos de suas debêntures”, menciona o BTG.

Para os analistas do Santander, a geração de caixa da CVC foi impulsionada, principalmente, por um “desconto de recebíveis de R$ 432 milhões”, que ajudou a compensar o fraco números operacionais do trimestre.

“Em relação à alavancagem financeira da CVC, na semana anterior a companhia chegou a um acordo com seus credores para adiar o pagamento de suas dívidas com vencimento em 2023. Ainda assim, diante do endividamento de R$ 897 milhões da empresa, suas despesas financeiras provavelmente continuarão pesando em seus resultados, especialmente considerando os atuais níveis de dois dígitos da Selic”, afirma o Santander.

Cotação

As ações da CVC fecharam em queda de 6,12% no pregão desta quarta-feira, cotadas as R$ 3,07. Segundo dados do StatusInvest, neste mês de março os papéis tiveram uma valorização de 5,92%, enquanto no acumulado dos últimos 12 meses houve uma desvalorização de 74,28%.

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Janize Colaço

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