Argentina: credores rejeitam proposta de reestruturação da dívida

Três grandes grupos de credores da Argentina rejeitaram nesta segunda-feira (4) a proposta do governo do presidente Alberto Fernandez para reestruturação da dívida externa de US$ 65 bilhões (cerca de R$ 360 bilhões).

Os credores reiteraram sua posição de rejeitar uma oferta feita pelo governo argentino no mês anterior. A Argentina endureceu seu posicionamento de que o acordo nas condições atuais é o único caminho para evitar uma crise completa da dívida.

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A proposta do país inclui uma suspensão por três anos nos pagamentos dos títulos de dívida. A oferta ainda implica uma redução de 62% nos pagamentos de cupons e o adiamento dos vencimentos para pelo menos 2030.

No entanto, os detentores de títulos afirmaram que não iram oferecer seus ativos na oferta com as condições atuais. Por outro lado, os credores disseram estar dispostos a negociar com o governo da Argentina quando este estivesse preparado.

“Os credores consideram que os termos exigem que os portadores de bônus argentinos sofram perdas desproporcionais que não são justificadas nem necessárias”, informaram os três grupos de credores, por meio de comunicado.

Os bônus da Argentina caíram, em média, 2,7% nesta segunda-feira e estão sendo negociados na casa dos centavos, na faixa de 20 a 35.

Argentina pode ter default pela 9ª vez

O impasse nas negociações aumenta o risco do país cair no que seria o nono default da dívida soberana, em 22 de maio quando o período de carência do pagamento de juros no valor de US$ 500 milhões de dólares vencer.

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O chefe do gabinete da Argentina, Santiago Cafiero, afirmou nesta segunda-feira que a proposta do país não será modificada. Segundo ele, esse é “o compromisso que podemos cumprir e que será sustentável ao longo do tempo”.

Enquanto, no último domingo (3), o ministro da Economia, Martín Guzmán, escreveu em artigo publicado no Financial Times que a Argentina não tem condições de pagar mais aos credores. Segundo o chefe da pasta, a situação se agrava ainda mais com a crise causada pela pandemia do novo coronavírus, que reduziu fortemente o volume de exportações e das receitas fiscais.

Arthur Guimarães

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