Pagar boleto é cringe?
Nos últimos dias, uma palavra tomou conta da internet: cringe, verbo em inglês que significa algo como “passar vergonha alheia”. A expressão ganhou vida própria aqui no Brasil quando a turma da Geração Z (os nativos digitais) começou a listar comportamentos dos millennials que eles consideram “coisa de velho”.
Entre os itens mais citados, junto com hábitos aparentemente normais como tomar café da manhã, estava a satisfação expressa pela Geração Y depois de pagar os boletos do mês.
De repente, toda a internet estava debatendo: afinal, pagar boletos é cafona? É para ter vergonha alheia de quem fica feliz por estar com suas contas em dia? Polêmicas à parte, acredito que esta é uma ótima oportunidade para as famílias contarem aos adolescentes uma importante verdade: o mundo não é grátis!
Mesada: a melhor ferramenta da educação financeira
A princípio, pode parecer normal que os mais novos tirem sarro dos jovens adultos, que já entraram no mercado de trabalho, não moram com os pais e têm responsabilidades financeiras.
Enquanto isso, os adolescentes só precisam se preocupar com a próxima lacração ou quem acaba de ser cancelado.
Na verdade, isso não deveria ser natural. Desde cedo é possível — e importante — ter clareza sobre os custos de tudo o que temos e consumimos.
Acredito que a educação financeira dos adolescentes começa pela mesada. Quando os pais dão dinheiro aos filhos com valor fixo e em data certa, eles estão oferecendo a oportunidade de gerenciar uma parte do orçamento familiar. E isso é muito educativo.
Com a mesada, os adolescentes aprendem na prática que por mais que se tenha dinheiro, os recursos são sempre limitados. E por isso é preciso aprender a fazer escolhas. Isso passa por planejar os gastos e adiar o consumo.
Essas lições só são realmente compreendidas quando vivenciadas no dia a dia, com o aprendizado ativo, como já foi dito na minha coluna sobre o tema.
Ao começar a lidar com a limitação de recursos desde cedo, os mais jovens vão entender que quando o dinheiro acaba, só resta esperar o próximo pagamento. E essa pode ser uma boa prática para eles aprenderem a administrar suas despesas, além de compreenderem a ordem de grandeza dos principais gastos.
Por exemplo, um lanche no app de delivery custa em média 30 reais (mais a taxa de entrega), mas um fone de ouvido varia entre 50 e 300 reais.
Já o tão sonhado tênis pode custar até 600 reais. Dar a mesada é incentivar que eles priorizem despesas e poupem para realizar um sonho de consumo. E esta é uma das maiores lições de educação financeira que você poderá dar a seus filhos!
Então, vamos combinar: pagar boletos não é cringe! Pelo contrário: saber lidar com dinheiro é super based (ou, se você tem mais de 25 anos, super cool). E você, o que acha desse debate? Pagar boletos é assunto para conversar com os filhos? Compartilhe suas opiniões no espaço de comentários.
