Julio Hegedus Netto

Lula ou Bolsonaro? Nenhum dos dois!

A simbiose perversa do populismo se instalou de vez no Brasil e não parece ter hora para sair

Nos manuais acadêmicos de Ciência Política, definimos “populismo” da seguinte forma.

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“É o sistema de poder que apregoa a “simpatia pelo povo”; a doutrina ou prática política, que procura ganhar vantagens com o apelo à reivindicações ou preconceitos, amplamente disseminados entre a população, geralmente fazendo a distinção entre dois grupos antagônicos: um, virtuoso e majoritário – o povo – que exalta e diz defender; outro, minoritário e apontado como fonte dos problemas gerais, que pretende combater; doutrina ou regime, geralmente, de caráter “paternalista”, assentado na ideia de que a liderança política deve ser exercida em estreita ligação com o povo, sem a intermediação de partidos; corrente artística que escolhe como temática os costumes ou o modo de vida popular”.

Incrível como esta simbiose perversa do “populismo”, entre governantes e povo, se instalou de vez no Brasil e não parece ter hora para sair.

As disputas eleitorais mais recentes, e a de 2022, bem representam isso, nos colocando nesta “vala comum” da demagogia e promessas sorrateiras.

Dois candidatos populistas, que pouco pretendem alterar a estrutura socioeconômica do País, mas sim conquistar o poder e dele viver dando “agrados” aos mais pobres, para assim se perpetuar por muitos anos.

De um lado, Lula da Silva, e o seu “ismo de esquerda”, fenômeno político, que se manteve por 13 anos no Palácio do Planalto e pouco alterou a estrutura socioeconômica do País. Continuamos um país com gritantes desigualdades de renda, poucos avanços institucionais, um sistema de poder, que foi se tornando cada vez mais corrompido e corruptor. Se manteve através do clientelismo, de um sistema de peleguismo e “intenso patrulhamento ideológico”.

Do outro, um “ismo de direita”, de um “capitão insubordinável”, expulso do Exército no passado, que conseguiu ser eleito por fatores fortuitos (uma “facada”) , mas, também, por se opor ao sistema de poder anterior. Sua grande bandeira de luta é o “anti-Lulismo”. Foi isso que o elegeu, agora será isso a lhe impulsionar para 2022, embora o anti-bolsonarismo lhe ameace o poder.

Dois populistas demagogos e pouco preocupados em transformar a fundo a sociedade brasileira.

Projetos de poder, “poder pelo poder”, não caracterizados por programas de governo consistentes e transformadores. O que lhes permeia é a conquista e o deleite do poder.

Nem dá para comparar.

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Lula e Bolsonaro são uma antítese um do outro. Um defende uma certa frouxidão moral, outro é “mais rigoroso”, mas aceitando outras leniências. Ideologicamente, parece um ser o contrário do outro. No entanto, são personagens de uma mesma estirpe, uma mesma cepa, um mesmo pedigree. São POPULISTAS com sede pelo poder.

Perderemos mais uma década deste populismo rastaquera e vamos ficando para trás na corrida global. Mais uma década perdida, mas quando a acharemos?

São quantos anos? Quantas décadas?

Creio que desde 2002 vivemos a “patinar”, encalacrados nestes esquemas perversos de governança.

Não conseguimos ver muitas qualidades no ciclo de poder lulo-petismo, nem do bolsonarismo.

Lula se elegeu em 2002 e sua primeira decisão foi criar um mecanismo de transferência de renda, mais parecido com o tal “voto de cabresto”, o FOME ZERO, nada mais do que “esmola” para o povão a gerar uma “sensação” de bem-estar e prosperidade, momentânea que fosse.

Realmente. Não consideramos isso uma política consistente de transferência de renda, uma política social na acepção do termo, ou algo que os “intelectuais” brasileiros tanto se preocuparam em “denominar”.

Para pegar 100 reais e dar aos pobres, basta apenas uma boa capilaridade, uma boa base de informações, criar um cartão e selecionar a quem irá beneficiar, via Caixa Econômica. Apenas isso.

Política pública profunda é promover as REFORMAS ESTRUTURAIS, acabar com a fábrica de desigualdades que é a nossa estrutura previdenciária, em que só servidores públicos (no geral) se beneficiam.

Temos que falar em REFORMA TRIBUTÁRIA, para acabar com este cipoal de impostos, que não fazem políticas distributivas e só desorganizam as estruturas produtivas.

Temos que falar, enfim, de uma PROFUNDA reforma do Estado, tentando blindá-lo contra a CORRUPÇÃO e colocar o servidor público no seu devido lugar, a cumprir o seu papel, SERVIR AO PÚBLICO, SER UM EMPREGADO DOS PAGADORES DE IMPOSTO E NÃO SE SERVIR DELES.

Bolsonaro escorrega pela mesma retórica. Um negacionismo perverso, obscurantista, que não reconhece a ciência, os progressos obtidos, sempre apegado a teorias conspiratórias amalucadas.

Sua postura na pandemia é criminosa.

Minimizou a pandemia e fez de tudo para sabotar o isolamento social e as medidas de prevenção; acreditou na “imunidade de rebanho” e, por isso, não quis comprar vacinas e pregou o uso da cloroquina como prevenção.

Sua postura, mais matou do que salvou vidas.

É nesta toada, nesta visão distorcida, com pitadas de “teologia salvacionista”, que chegamos agora a esta encruzilhada,

Lula ou Bolsonaro?

Um usurpou a democracia, agindo como Hugo Chavez, “comprando” os poderes da República. Daí o Mensalão, na qual o PT oferecia mesadas para se manter numa boa com o Legislativo e o meio empresarial.

Outro não sabe bem o que é democracia, se serve dela, não tem muita simpatia ou cultura pela diversidade. É por natureza, um ignorante autoritário.

Neste olhar para 2022, poucos enxergam UMA saída.

Claro que nenhum dos dois servem. Seus legados estão postos. Um criou o maior sistema de corrupção da história moderna, outro, no seu negacionismo, não combateu a pandemia e muito contribuiu para as mortes que estamos acumulando até o momento (450 mil).

Temos que ter uma memória clara sobre o desastre que foi Lula no poder, nos seus Mensalões, Lava Jatos, esquemas de corrupção ativa, seus conluios com empreiteiras, entre outros.  Não dá também para apoiar um presidente, caótico nos seus dois anos e meio no poder.

Vamos conversando.

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Nota

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Julio Hegedus Netto

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