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Gabriel Diniz Junqueira
Gabriel Diniz Junqueira

Sustentabilidade no Agro: uma visão sobre ESG rural.

Com as crescentes mudanças climáticas, a questão da sustentabilidade vem, cada vez mais, ganhando espaço nas discussões políticas, econômicas e sociais. No mercado financeiro, esse tema é amplamente analisado e leva consigo as siglas que o endereçam: Environmental, Social & Governance (ESG), representando as pautas ambientais, sociais e de governança nas principais empresas. Quando vemos pela perspectiva do agronegócio, a sua relevância destoa ainda mais, não somente pelo fato de o PIB rural representar quase 30% do nacional, mas por se tratar de uma atividade intimamente ligada ao convívio com o meio ambiente. Portanto, é importante que o investidor entenda como o agronegócio vem tratando esse tema e quais são as melhores métricas objetivas para se avaliar o andamento nos três aspectos.

Iniciando a análise pela primeira letra, E, e talvez a mais evidente no setor, o agronegócio é uma atividade que atua diretamente no meio ambiente que o circunda e depende de um convívio equilibrado com este para que se obtenham boas e longevas produtividades. Portanto tal questão é tratada com muita atenção e zelo. O Brasil possui hoje um dos mais completos Códigos Florestais entre os países grandes produtores. Desta forma vale destacar alguns pontos:

• O Código Florestal regulamenta a porcentagem de reserva legal, isto é, a área obrigatória que se deve preservar e proteger com vegetação nativa em propriedades rurais. Para o bioma amazônico, a área de proteção obrigatória representa 80% do total do imóvel. Em um exemplo simples isso significa que em uma fazenda de 1.000 hectares o produtor rural só pode explorar 200 hectares, sendo que o restante deve-se manter intocável e preservado. O bioma do cerrado apresenta 35% de reserva legal e os demais biomas 20%;

• É relevante avaliar a conservação do solo e o uso adequado de agroquímicos e fertilizantes. O primeiro ponto é extremamente relevante quando se trata do balanceamento dos elementos presentes na terra como nitrogênio (N), potássio (K), magnésio (Mg), fósforo (P) entre outros. Para tanto, a rotina de realização de análises de solo é essencial, assim medindo a qualidade solo e evitando possíveis lixiviações que podem contaminar lençóis freáticos, provocando perdas econômicas relevantes.

Um exemplo desta ação é a redução do uso de canais de vinhaça em áreas de cana de açúcar. A vinhaça é um substrato industrial do processo das usinas sucroenergéticas e muita utilizada como adubo por suas características. No entanto, a sua aplicação por canais abertos gravitacionais estava apresentando problemas sérios de contaminação de lençóis freáticos e, atualmente, tem sido cada vez mais comum a aplicação de forma localizada na soqueira da cana. O segundo ponto apresenta as mesmas preocupações que podem desencadear questões ambientais graves;

• Tem crescido cada vez mais o uso de inoculantes e insumos biológicos. Os inoculantes são produtos que englobam uma grande quantidade de bactérias nitrificantes que possuem como principal função a fixação de nitrogênio da atmosfera no solo. O uso crescente destes insumos tem se mostrado extremamente eficaz na redução de lixiviação de nitrogênio e fósforo;

A questão ambiental é extremamente relevante e o produtor brasileiro tem se mostrado cada vez mais capaz de realizar uma produção de excelência e sustentável, seguindo as regras estabelecidas e as orientações de instituições de grande credibilidade como a Embrapa nessa direção.

O ponto de vista social, S, é extremamente relevante também. Neste quesito, o foco da análise se dá pelas condições adequadas de trabalho conferidas aos colaboradores. Segurança e condições de trabalho são os pontos para discussão. Para evitar riscos associados que vão desde acidentes com maquinas, manipulação indevida de agroquímicos, entre outros, a Norma Regulamentadora (NR) 31 norteia os principais aspectos que devem ser seguidos. Essa NR orienta as diretrizes para que o trabalho discorra da melhor maneira possível minimizando riscos.

Por fim, o aspecto de governança, G, é, sem dúvida alguma, a grande fragilidade entre os 3. A maior parte das empresas agrícolas e produtores rurais, ainda trabalha em estruturas pouco profissionalizadas e familiares, com produtores operando grande parte em suas pessoas físicas. No entanto, essa realidade tem mudado e o setor vem passando por uma transformação expressiva. Prova disso é o aumento do número de empresas agrícolas listadas na bolsa e a perspectiva deste número aumentar consideravelmente no futuro próximo!

O agronegócio no Brasil é pujante e resiliente. Aspectos ESG são importantíssimos e o produtor ruraL brasileiro, cada vez mais, se mostra moderno e alinhado para semear e colher o futuro!

Agro é Sustentável, Agro é Responsável, FIAGRO é Agro!

Nota

Os textos e opiniões publicados na área de colunistas são de responsabilidade do autor e não representam, necessariamente, a visão do Suno Notícias ou do Grupo Suno.

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