O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, nesta sexta-feira (5), a fusão entre a BRF (BRFS3) e a Marfrig (MRFG3). A decisão foi unânime e sem restrições, consolidando a criação da MBRF Global Foods, que nasce como uma das maiores empresas do setor de alimentos do mundo.
A nova companhia terá receita líquida anual estimada em R$ 152 bilhões, presença em 117 países e um portfólio que reúne marcas conhecidas do consumidor, como Sadia, Perdigão, Qualy e Bassi. Juntas, as empresas afirmam que a operação permitirá ganhos de eficiência e sinergias de custos.
Segundo as companhias, a aprovação do Cade confirma que a operação não representa riscos para a concorrência, já que a participação de mercado combinada é inferior a 20% no setor. Com a decisão, a expectativa é que a MBRF seja oficialmente constituída ainda neste mês.
MBRF: entenda a fusão entre Marfrig e BRF
A fusão Marfrig-BRF foi anunciada oficialmente em maio de 2025, mas começou a ser desenhada anos antes. A Marfrig iniciou a compra de participações na BRF em 2021 e, ao longo dos anos seguintes, ampliou sua fatia até se tornar acionista majoritária. O passo seguinte foi a proposta de integração total, aprovada pelos acionistas em assembleias extraordinárias realizadas em agosto deste ano.
Durante o processo, houve questionamentos no mercado. A Minerva (BEEF3) entrou na Justiça alegando que a união das companhias criaria uma gigante com poder excessivo no setor de alimentos, o que poderia comprometer a concorrência. O argumento foi descartado pelo Cade, que considerou a operação dentro dos limites de participação de mercado previstos pela legislação.
Outra resistência partiu de acionistas minoritários da BRF, incluindo a Previ, que chegou a vender sua participação na companhia em julho, antes da aprovação final. O fundo alegava que a relação de troca de ações proposta não refletia o valor justo da BRF, o que poderia resultar em perdas para os investidores que permanecessem na operação.
Superados esses impasses, a MBRF nasce com um portfólio multiproteínas, abrangendo carnes bovina, suína e de aves, além de industrializados, pratos prontos e pet food. Com 130 mil colaboradores, a companhia terá capacidade de produzir cerca de 8 milhões de toneladas de alimentos por ano, atendendo a mais de 425 mil clientes em todo o mundo.
Segundo as companhias, a fusão deve gerar sinergias estimadas em R$ 485 milhões por ano, além de economias adicionais com logística, estrutura corporativa e benefícios fiscais que podem alcançar até R$ 3 bilhões.
Como ficam os acionistas de BRFS3 e MRFG3?
Com a aprovação final, a BRF passa a ser subsidiária integral da Marfrig. A relação de troca estabelecida é de 0,8521 ação da Marfrig para cada papel da BRF. Assim, os investidores que detêm BRFS3 terão suas ações convertidas conforme essa proporção.
Os acionistas que não concordaram com a operação tiveram a possibilidade de exercer o direito de retirada, mediante solicitação expressa dentro do prazo de 30 dias a partir de 5 de agosto. Essa opção assegurava o reembolso do valor de suas participações, respeitadas as condições previstas no protocolo da transação.
Com a conclusão do processo de fusão entre BRF e Marfrig, a expectativa é que a MBRF Global Foods se consolide como uma das maiores companhias do setor de alimentos no cenário internacional.
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