Alinhada a Bolsonaro, Petrobras avalia cortar patrocínios culturais

A Petrobras (PETR4) estuda cortar patrocínio de eventos culturais e romper contratos, firmados em governos anteriores, com grupos de teatro e cinema e com a imprensa profissional. Segundo informações do O Estado de S. Paulo, esses recursos devem ir para redes sociais e artistas menos conhecidos.

A mudança na política de patrocínio cultural está alinhada com o que o presidente Jair Bolsonaro já manifestou anteriormente. A decisão, entretanto, não foi bem recebida por executivos da área de comunicação da Petrobras. Eles veem nisso uma interferência ideológica do governo nos assuntos da companhia.

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A falta de critério para definir o que vai ser cortado e onde o dinheiro será realocado é alvo de críticas internas. Os patrocínios atuais são direcionados a projetos alinhados com o que a Petrobras quer transmitir ao público: inovação, alto potencial e capacidade técnica única.

Foi com esses propósitos que a estatal patrocinou mais de 4 mil projetos culturais desde 2003. Naquele ano, foi criado o Programa Petrobras Cultural, voltado para patrocínios de arte e cultura por meio de uma seleção pública (por chamada e escolha direta de projetos).

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A petrolífera brasileira investiu aproximadamente R$ 160 milhões nas áreas de cultura e imprensa em 2018. Desse montante, a publicidade consumiu cerca de R$ 120 milhões e o patrocínio de projetos culturais, R$ 38 milhões. Segundo a assessoria de imprensa da própria empresa, a Petrobras está “revisando a sua política de patrocínios e seu planejamento de publicidade. Os contratos atualmente em vigor estão com seus desembolsos em dia”.

O jornal informou também quem está na mira dos cortes dos gastos. Trata-se de grupos culturais de grande visibilidade que recebem os aportes há anos, como:

  • Companhia de teatro Galpão, com contrato de R$ 4,2 milhões até abril de 2020;
  • Companhia de teatro Poeira, com contrato de R$ 1 milhão até fevereiro de 2019;
  • Companhia de Dança Deborah Colker, com contrato de R$ 4,9 milhões até junho de 2020;
  • Casa do Choro, com contrato de R$ 950 mil até março de 2019;
  • Festival de Cinema do Rio, com contrato de R$ 750 mil até março de 2019.

 

Guilherme Caetano

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