Banco do Brasil afunda e Safra aposta em Bradesco

O Safra acaba de divulgar seu relatório com as projeções para o segundo trimestre dos principais bancos brasileiros, e as perspectivas não são boas para o Banco do Brasil (BBAS3). Segundo os analistas da instituição, o lucro do banco estatal deve cair 37% em relação ao trimestre anterior, chegando a R$ 4,65 bilhões. Além disso, o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) deve despencar para 10,3%.

“Acreditamos que o BB deve reportar resultado abaixo das expectativas, oriundo de perdas na carteira de crédito para pequenos e médios empreendedores”, afirma a equipe do Safra, liderada por Daniel Vaz. O banco já havia decepcionado os investidores no primeiro trimestre, com a pressão vinda do segmento agro. Agora, segundo o relatório, o problema se agrava com a deterioração do crédito corporativo.

“O crédito corporativo já era um ponto de atenção, mas destacamos o novo índice de inadimplência acima de 30 dias divulgado pelo BB, que mostrou um forte aumento no 1T e pode estar migrando para inadimplência acima de 90 dias no segundo trimestre”, alertam os analistas. O banco também deve ver as provisões para perdas saltarem de R$ 10,2 bilhões para R$ 14 bilhões, pressionando ainda mais os resultados.

Enquanto o Banco do Brasil afunda, o Safra vê o Bradesco (BBDC4) como o destaque positivo do trimestre. A expectativa é de lucro de R$ 6,05 bilhões, com alta de 3% frente ao primeiro trimestre e de 28% na comparação anual. O retorno sobre o patrimônio deve atingir 14,7%. O bom desempenho será sustentado pela divisão de seguros e por uma reestruturação da carteira de crédito.

“A reestruturação de carteira do banco, com diminuição de linhas de empréstimos mais datadas, além de melhora na margem de depósitos, devem aumentar o lucro líquido com investimentos em 3% em relação ao primeiro trimestre”, diz o Safra. Apesar da expectativa de um leve aumento no custo de risco, os analistas consideram o nível ainda saudável, sobretudo por conta da ampliação de empréstimos com garantia.

Itaú sólido, Santander perde ritmo

No caso do Itaú Unibanco (ITUB4), o relatório projeta lucro de R$ 11,51 bilhões no trimestre, com alta de 4,1% em relação ao 1T25 e ROE elevado, em 23,3%. O banco deve continuar se beneficiando do crescimento do NII com clientes, que deve mais uma vez compensar a queda do NII de mercado e o avanço das provisões. Para o Safra, o resultado será novamente robusto, mesmo com inadimplência em alta entre pessoas físicas e PMEs.

“A expansão da margem financeira (NII) de clientes deve compensar a menor contribuição da NII de mercado e o aumento de 1,2% nas provisões líquidas no trimestre”, diz o relatório. Também é esperada uma leve alta de 1,1% no NII ajustado ao risco, com os NIMs (margens líquidas ajustadas) subindo 11 pontos-base na comparação trimestral.

O Santander (SANB11), por outro lado, deve apresentar desaceleração. O Safra estima lucro de R$ 3,52 bilhões, com queda de 8% em relação ao trimestre anterior e ROE de 16%. A instituição será impactada pelas flutuações cambiais e pelo aumento do custo de risco, projetado em 4,9% (+22 pontos-base). O banco também deve registrar NII de mercado negativo, estimado em -R$ 505 milhões.

“Projetamos um custo de risco de 4,9%, ligeiramente impactado por NPLs mais altos, conforme sugerido pela recuperação precoce da inadimplência no primeiro trimestre”, explicam os analistas. Apesar disso, a margem com clientes deve continuar beneficiada pelas margens de depósitos, o que ajuda a suavizar o impacto.

Com base nas estimativas, o Safra mantém recomendação de compra para Bradesco e Itaú, com preços-alvo de R$ 21,00 e R$ 46,00, respectivamente. Para Banco do Brasil e Santander, a recomendação é neutra, com preços-alvo de R$ 25,00 e R$ 35,00. Mesmo com o aumento esperado nas provisões em todo o setor, os bancos privados devem manter lucros sólido, diferente do BBAS3, que segue no radar como o principal risco entre os pares.

Maíra Telles

Compartilhe sua opinião