B3 (B3SA3): “Juros maiores, crescimento menor”, mas a recomendação é de compra

Com queda nas receitas e elevação das despesas, o lucro reportado pela B3 (B3SA3) no balanço do 4T21 não animou o mercado. A Bolsa registrou um lucro líquido de R$ 1,1 bilhão, queda de 0,5% na comparação anual e de 7,2% na comparação trimestral.

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Apesar da continuidade dos altos volumes negociados no segmento de listados, a Genial analisa que a revisão da tabela de preços e queda na receita média por contrato derivativo fez com que a receita da B3 de listados caísse 4,2% ano a ano.

Além disso, as despesas foram destaque negativo nos resultados do 4T21 da Bolsa, subindo 14,6% na comparação trimestral e 12,1% ano a ano. “A alta está atribuída a contratações, dissídio de salários, novos projetos de melhoria dos serviços”, diz relatório da Genial.

Com isso, as ações da B3 apresentaram forte queda na abertura das negociações desta sexta (18). Os papéis B3SA3 chegaram a cair 7,91% na mínima intradia, avaliados em R$ 12,80. Por volta das 13h30 (horário de Brasília), as ações devolveram parte das perdas e caíam 1,65%, a R$ 13,67. Fecharam em alta de 1,51%, a R$ 14,11.

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Produtos da B3 sofrem com alta dos juros, avalia Genial

“Produtos de bolsa, derivativos, financiamentos, entre outros, são estruturalmente impactados com um ambiente de juros mais altos e pouco crescimento econômico”, destaca a Genial. “Os produtos de balcão, principalmente os de renda fixa, que se beneficiam de um cenário de juros mais alto, não tiveram o incremento suficiente para neutralizar o efeito negativo nos produtos acima mencionados”.

Por outro lado, a corretora indica que a B3 vem diversificando suas linhas de receita e investindo em tecnologia (exemplo: aquisição da Neoway) para melhorar seus ganhos.

“Eventualmente, acreditamos que a atividade econômica volte a patamares mais normalizados e que os juros voltem a cair, beneficiando a maior parte dos produtos da B3 e dando continuidade a nossa tese construtiva para a empresa”.

A Genial destaca que a B3 está negociando a múltiplos atrativos de 15,5x o preço sobre o lucro esperado para 2022. Com isso, a corretora reitera sua recomendação de compra para as ações B3SA3, com preço-alvo de R$ 20,00 – equivalente a um upside de 43,8% frente ao fechamento anterior (R$ 13,90).

Entrada de dinheiro estrangeiro na B3 (B3SA3) bate recorde
B3 (B3SA3). Foto: Divulgação

Resultados em linha e sem surpresas para o Itaú BBA

Para o Itaú BBA, os resultados da B3 no 4T21 não surpreenderam em termos de receita, visto que os volumes do período já haviam sido divulgados anteriormente. Por outro lado, as despesas operacionais ficaram acima das projeções do banco – o que foi negativo.

As despesas da B3 cresceram 12,1% na comparação anual, impulsionadas por despesas de pessoal e operacionais. As despesas de pessoal cresceram 18,5% com o dissídio de salários impactado pela inflação e novas contratações. Já as despesas operacionais com processamento de dados aumentaram 34,6% devido a projetos de melhoria dos serviços e aumento da capacidade.

O Volume Médio de Negociações Diárias (ADTV, na sigla em inglês) se sustentou no período de outubro a dezembro de 2021, com números ainda robustos em ações à vista, ficando estável em relação ao ano anterior e ao trimestre anterior.

Com isso, o BBA reiterou a recomendação outperform (acima da média) para as ações da B3, com preço-alvo de R$ 17,00, equivalente a um upside de 22%.

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De olho nos volumes da B3 nos próximos trimestres

O Bradesco BBI destacou o aumento nas despesas devido à inflação, assim como o BBA, com reflexo nos gastos com pessoal e com manutenção das operações. Porém, daqui para frente, os analistas do banco de investimentos acreditam que o olhar deve estar direcionado para a sustentabilidade dos volumes de negociação.

Com um novo aumento no valor da taxa Selic e a indicação de que o ciclo altista deve permanecer nos próximos meses, a atratividade dos produtos listados da B3 fica mais prejudicada.

“Vemos a B3 sendo negociada em 17x o preço sobre o lucro esperado para 2022, com pouco espaço para uma reclassificação no curto prazo até que tenhamos maior visibilidade sobre o final do ciclo de aperto monetário e riscos potenciais na frente política e macroeconômica”.

Com isso, o BBI reiterou sua recomendação outperform para as ações da B3, com preço-alvo de R$ 15,00 – um potencial de alta de 8% nos próximos 12 meses.

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Monique Lima

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