IPCA registra deflação em agosto, mas fica acima das expectativas: o que isso significa?

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou queda de 0,11% em agosto, conforme informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (10). Em julho, o índice havia registrado alta de 0,26%. No acumulado de 12 meses até agosto, a inflação medida pelo IPCA chegou a 5,13%.

O resultado do IPCA de agosto foi mais baixo que o mês anterior, mas ficou acima das estimativas do mercado. A mediana das projeções de economistas consultados pela Reuters apontava recuo de 0,15% no mês e avanço de 5,09% no acumulado anual.

A queda no índice foi influenciada, principalmente, pelo grupo Habitação, com redução de 0,90% e impacto de -0,14 ponto percentual, puxado pela energia elétrica residencial, que recuou 4,21% em agosto. Também contribuíram negativamente os grupos Alimentação e bebidas, com variação de -0,46%, e Transportes, com -0,27%.

Apesar da deflação, IPCA fica acima das expectativas

O IPCA do mês passado mostrou recuo em menor intensidade do que o esperado. Para Igor Cadilhac, economista do PicPay, o resultado veio em linha com as projeções qualitativas do mercado, mas ainda indica pressões relevantes. “A média dos núcleos avançou 0,30%, com os serviços subjacentes subindo 0,34% e os industriais subjacentes, 0,49%”, destacou.

Segundo Cadilhac, mesmo com a deflação registrada, algumas métricas seguem persistentes. Ele citou que na média dos últimos três meses, em termos dessazonalizados e anualizados, os principais núcleos continuam acima da meta de inflação.

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O Goldman Sachs também ressaltou que as pressões inflacionárias permanecem disseminadas, principalmente nos serviços, cujo ritmo de alta ultrapassa 6% nas métricas mais relevantes. Para o banco, a dinâmica inflacionária segue “desconfortável”, com expectativas ainda desancoradas no curto e médio prazos, em um cenário de mercado de trabalho aquecido e estímulos fiscais.

O Departamento de Pesquisa Econômica do Banco Daycoval avaliou que o resultado negativo de -0,11% ficou acima da expectativa da instituição, que projetava -0,16%. O banco destacou que o comportamento dos bens industriais e dos serviços foi determinante para o número final.

“Este resultado reforça a necessidade de cautela por parte do BC e não altera nossa perspectiva de juros em 15% e inflação em 4,9% no final deste ano”, informou em relatório.

Na avaliação do Daycoval, os destaques baixistas do IPCA de agosto ficaram concentrados em alimentação no domicílio e preços administrados, com quedas relevantes em carnes vermelhas, arroz, feijão, ovos, aves e itens in natura, como batata-inglesa, tomate e cebola.

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Giovanna Oliveira

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