Ambev (ABEV3): XP mantém visão neutra mesmo após alta na produção de bebidas

Após sete meses consecutivos de queda, o índice de produção de bebidas alcoólicas do IBGE surpreendeu em abril, registrando alta de 2,7% na comparação anual e ficando 9,3% acima da estimativa da XP. Apesar do avanço, os analistas mantêm uma leitura cautelosa sobre os impactos no desempenho da Ambev (ABEV3).

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Segundo relatório assinado por Leonardo Alencar, Pedro Fonseca e Samuel Isaak, a produção acumulada em 2025 ainda apresenta retração de 2,3% e, nos últimos três meses, caiu 8,1%. “O resultado de abril, isoladamente, ainda não é suficiente para sustentar uma visão mais construtiva, especialmente considerando que os concorrentes provavelmente continuarão adotando estratégias agressivas de volume ao longo do ano”, escreveram os analistas.

Ambev (ABEV3) pode perder participação em mercado estável

A XP incorporou os volumes de cerveja no Brasil reportados pela Ambev no 1T25 ao seu modelo de regressão da indústria e passou a projetar estabilidade para o mercado em 2025. Essa projeção implica uma perda de cerca de 50 pontos-base na participação da companhia. A corretora estima agora uma queda de 1,5% nos volumes da divisão Cerveja Brasil da empresa em relação a 2024.

Os analistas reconhecem, contudo, que o desempenho acima do esperado no primeiro trimestre adiciona um viés mais positivo às premissas. Mesmo assim, mantêm uma abordagem prudente. “Negociando a 14,7x e 14,4x preço por lucro (P/L) para 2025 e 2026, respectivamente, continuamos vendo o valuation como pouco atrativo e reiteramos nossa recomendação Neutra para a ação”, diz o relatório.

Além disso, a XP destaca que, embora os dados recentes mostrem algum alívio, a dinâmica do setor permanece desafiadora. A concorrência deve seguir pressionando volumes, o que limita a capacidade da Ambev de retomar ganhos de mercado no curto prazo.

Com isso, o cenário para a companhia continua condicionado a fatores externos, como a normalização da produção e a resposta do consumidor a eventuais ajustes de preço — fatores que, segundo os analistas, devem ser acompanhados com atenção ao longo dos próximos trimestres.

A Ambev (ABEV3), portanto, segue sob uma perspectiva neutra, com recomendação mantida e sem gatilhos claros de valorização no curto prazo.

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Maíra Telles

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