A bolsa de valores oferece uma variedade de ativos que atendem diferentes perfis e estratégias de investidores. Entre essas alternativas, as units se destacam por combinar características de mais de uma classe de ações em um único papel negociável.
Entender como funcionam esses ativos compostos, quais são suas vantagens, riscos e como se diferenciam dos demais tipos de ações é essencial para tomar decisões informadas no mercado financeiro.
O que são units?
As units são valores mobiliários compostos por uma combinação de ações de diferentes classes (geralmente ordinárias e preferenciais), emitidos por uma mesma companhia. Esse pacote é negociado sob um único código na B3, o que facilita o processo de compra e venda.
As principais características técnicas das units são:
- Prazo de liquidação da unit: D+2 contado após a data de negociação;
- Lote padrão da unit: 100 ações no mínimo. Porém, no mercado fracionário pode ocorrer negociações em quantidades inferiores;
- Cotação da unit: Reais por Unit, com 02 casas decimais;
- Código de negociação da unit: XXXX11
Como são compostas as units?
A composição mais comum inclui 1 ação ON (ordinária) + 2 ações PN (preferenciais), ou outras proporções, conforme decisão da empresa.
Esses ativos são identificados com o sufixo 11 no ticker. Por exemplo:
- SANB11: unit do Santander (composta por ações SANB3 e SANB4);
- KLBN11: unit da Klabin (ações KLBN3 e KLBN4);
- ITSA11: unit da Itaúsa (ações ITSA3 e ITSA4).
A emissão de units requer aprovação em assembleia e registro na CVM. Elas seguem as regras de negociação da bolsa, com liquidez e tributação semelhantes às ações individuais.
Exemplos de units negociadas na bolsa
O mercado brasileiro possui diversas units em circulação, emitidas por companhias relevantes. Entre os principais exemplos:
- SANB11 – Santander Brasil: 1 ação ON + 1 PN;
- KLBN11 – Klabin: 1 ON + 4 PN;
- ITSA11 – Itaúsa: 1 ON + 2 PN;
- BPAC11 – BTG Pactual: estrutura composta de ações ON e PN;
- TIET11 – AES Tietê (atualmente AES Brasil): reestruturação já realizada, mas exemplo relevante histórico.
Cada composição é única, e o investidor pode consultar o detalhamento na CVM ou no site de relações com investidores da empresa. Essa informação também está disponível em plataformas como a Status Invest.
Qual a diferença entre ação, unit e BDR?
A principal diferença entre esses ativos está na sua composição e origem. Enquanto uma ação representa uma única classe (ON ou PN), a unit combina diferentes tipos de ações da mesma empresa. Já os BDRs (Brazilian Depositary Receipts) representam papéis de companhias estrangeiras negociados no Brasil.
Característica | Ações ON/PN | Units | BDRs |
---|---|---|---|
Tipo de ativo | Isolado | Composto (várias ações) | Recibo de ativo estrangeiro |
Voto | Presente em ações ON | Depende da composição | Normalmente não concede direito a voto |
Dividendo | Mais frequente em PN | Combinado | Dependente da política da empresa estrangeira |
Ticker | Ex: PETR3, ITUB4 | Ex: SANB11, ITSA11 | Ex: AAPL34, MSFT34 |
Origem | Empresa nacional | Empresa nacional | Empresa estrangeira |
Essa estrutura híbrida das units pode ser interessante para empresas que desejam equilibrar o controle acionário com o acesso ao capital. Para o investidor, a escolha entre ações ON/PN, units ou BDRs deve considerar o nível de exposição desejado, os direitos embutidos no ativo e os objetivos de longo prazo.
Vantagens e desvantagens de investir em units
Vantagens:
- Simplicidade de negociação: o investidor compra um pacote estruturado de ações com um único ticker;
- Diversificação automática entre ações ON e PN;
- Maior liquidez, em alguns casos, por concentrar a negociação em um único código;
- Transparência na composição, com estrutura definida publicamente.
Desvantagens:
- Menor flexibilidade: não é possível escolher individualmente os papéis que compõem a unit;
- Eventual desalinhamento com objetivos do investidor (ex.: foco exclusivo em voto ou dividendos);
- Possibilidade de desmembramento: em casos de reorganização societária, a companhia pode desfazer as units, alterando a estrutura do investimento.
Além disso, vale considerar a tributação. Em termos de units e IR (Imposto de Renda), elas seguem a mesma regra aplicável a ações: isenção para vendas mensais de até R$ 20 mil com lucro, e alíquota de 15% sobre os ganhos acima desse valor, com necessidade de apuração mensal e pagamento via DARF.
Como investir em units?
Investir em units segue o mesmo processo das ações tradicionais:
- Abertura de conta em uma corretora com acesso à B3;
- Busca pelo ticker desejado (ex.: SANB11, KLBN11) na plataforma de negociação;
- Avaliação da composição da unit e seus impactos sobre voto, dividendos e liquidez;
- Execução da ordem de compra, com acompanhamento posterior via home broker ou plataformas analíticas.
Antes de investir, é recomendável consultar o estatuto social da empresa e verificar os direitos e deveres associados à unit. Também é importante considerar o nível de governança corporativa da companhia, que pode impactar a previsibilidade e a segurança do investimento.