O Ibovespa encerrou a última semana registrando 95.365 pontos, o que representou, na sexta-feira (08), uma alta de +1,09%. No acumulado da semana e do ano, o principal índice de ações da bolsa de valores brasileira também apresenta altas, de +0,80% e +8,51%, respectivamente.
Já o Ifix, índice referente aos Fundos de Investimentos Imobiliários (FIIs), encerrou a sexta-feira apresentando também uma alta, porém de +0,12%. Na semana, a alta do Ifix foi de +0,64%, ao passo que, no acumulado de 2019, o índice acumula uma variação positiva de +4,61%.
No que tange os destaques da semana – que teve a semana com menos dias úteis por conta do carnaval – vale aqui destacar a nova redução na previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2019 trazida pelo Boletim Focus, que foi divulgado na quarta-feira (6). Na semana anterior, a estimativa era de que a economia brasileira crescesse 2,48% neste ano – agora, o cálculo é de 2,3%. A redução de 0,18 ponto percentual na projeção teve influência dos dados da economia em 2018, divulgados na semana anterior pelo governo federal.
Neste sentido, cabe lembrar que no último dia 1º de março, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o crescimento do PIB em 2018 foi de 1,1%, repetindo o desempenho de 2017. A economia teve expansão de apenas 0,1% no quarto trimestre do ano passado sobre os três meses anteriores, indicando uma desaceleração. A previsão para o crescimento do PIB em 2020, entretanto, teve uma melhora. A expectativa subiu de 2,65% para 2,7%. Os cálculos para 2021 e 2022 seguem a mesma, de 2,5% para os dois anos.
Ainda segundo o Boletim Focus, a previsão para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2019 ficou estável em 3,85%. Esse resultado continua abaixo da meta de inflação fixada para pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para este ano, de 4,25%. A meta tem uma tolerância de 1,5 ponto percentual, podendo ir de 2,75% até 5,75%. Para 2020, a previsão do mercado financeiro para o IPCA continua em 4%. Um resultado alinhado com a meta fixada pelo BC, também de 4%.
Ainda em relação aos acontecimentos da semana, é interessante destacar também que o saldo de entrada e saída de dólares do país ficou positivo em fevereiro. As entradas superaram as saídas em US$ 8,626 bilhões, segundo o que informou o Banco Central (BC) na quinta-feira (7). O fluxo financeiro (investimentos em títulos, remessas de lucros e dividendos ao exterior e investimentos estrangeiros diretos, entre outras operações) registrou saldo positivo de US$ 6,556 bilhões e o comercial (operações de câmbio relacionadas a exportações e importações), de US$ 2,070 bilhões, no mês passado. Nos dois meses do ano, o fluxo cambial ficou positivo em US$ 8,681 bilhões.
Por fim, mas não menos importante, temos a obrigação, enquanto entusiastas do Value Investing, divulgar um estudo feito pega Fundação Getúlio Vargas (FGV) o qual mostrou como sendo quase impossível um especulador sobreviver fazendo “day trade”. A pesquisa foi encomendada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Os pesquisadores da FGV Fernando Chague e Bruno Giovannetti analisaram dados de 2012 até 2017. Foram monitoradas 19.696 pessoas que começaram a operar com day trade. Desse total, apenas 1.558 (7,9%) tentaram operar no médio-longo prazo, ou seja, continuaram no day trade por mais de 300 pregões. Cerca de 91% desse grupo registrou prejuízo. No total, as perdas acumularam R$ 68,4 milhões. Uma média de R$ 35,90 por dia para investidor, com picos de mais de R$ 1 mil. Importante mencionar, ainda, que o cálculo não considera o custo de corretagem e despesas com plataformas de negociação ou eventuais cursos, foram contabilizados apenas os emolumentos e taxa de registro variável cobrada pela B3. Apenas 13 pessoas, ou 0,8% desse grupo, tiveram lucro médio diário acima de R$ 300. O valor médio diário de R$ 300 é considerado como o ganho de um motorista de um aplicativo de transporte particular. “Nós apresentamos fortes evidências de que não faz sentido, ao menos econômico, tentar viver de day trading. Os dados indicam que a chance de obter uma renda significativa é remota para as pessoas que persistem na atividade. Por outro lado, a chance de se obter prejuízo é muito elevada”, escreveram os pesquisadores no estudo.
Mais uma vez, enfatizamos aqui a nossa preocupação com esse tipo de abordagem utilizada por muitos potenciais investidores, principalmente no início de suas jornadas no mercado financeiro. As maiores fortunas feitas na bolsa de valores foram construídas por investidores com foco no longo prazo, e essa pesquisa da FGV enfatiza bem o motivo dessa realidade.
No mais, seguiremos atentos à continuação dos resultados referentes ao quarto trimestre e do acumulado do ano de 2018 por parte das companhias abertas (que continuam na próxima semana), sempre no intuito de procurar entender algum padrão que se configure em alguma boa oportunidade de investimento no longo prazo para aqueles que confiam e creditam em nossas teses de aplicações financeiras.