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BR Foods: queda de BRFS3 é oportunidade de compra ou não? Vamos ao Valuation…

Os resultados de BRF nos últimos trimestres têm sido aquém do esperado. Desde 2012, as receitas operacionais da companhia crescem abaixo da inflação. Já o resultado operacional da companhia em 2016 e 2017 foram inferiores ao resultado de 2011.

Como consequência, a empresa sofreu prejuízo. Em 2016, o prejuízo foi de R$372 milhões. Em 2017, o prejuízo foi de R$1,1 bilhão.

A dívida líquida se aproxima de R$14 bilhões, um patamar elevado. Considerando que 2015 foi o melhor ano da empresa até hoje e ela apresentou um lucro operacional de R$4,2 bilhões, significa que se a empresa conseguisse obter o resultado daquele ano, ainda assim a companhia teria uma relação entre divida liquida e lucro operacional de 3,3x, que é um patamar desconfortável.

Os resultados operacionais têm apresentado consequências nefastas às ações da empresa. Desde agosto de 2015, quando suas cotações atingiram patamar recorde, as ações já caem quase 60%.

Fonte: Economatica – Suno Research

A queda das cotações tem feito algumas pessoas me procurarem para perguntar se esta não seria a hora para investir em papéis da BR Foods aproveitando-se da fraqueza das cotações e em um patamar de preço mais atraente.

Eu não acredito que o investidor deva comprar uma ação apenas porque esta ação vale menos do que no passado.

O investidor deve comprar uma ação pois esta ação representa uma oportunidade de investimento adequada. E podemos medir a atratividade do preço de uma ação quando comparamos o seu preço atual com o preço que podemos obter fazendo contas, processo chamado de Valuation.

Eu acredito que o melhor método para avaliarmos a BR Foods seja o modelo de fluxo de caixa descontado.

A análise de múltiplos fica muito prejudicada atualmente para a BRF: como a empresa tem prejuízo fica difícil comparar com empresas que dão lucro. E como a empresa tem ágio em seus ativos, fica igualmente complicado comparar os múltiplos de preço sobre valor patrimonial com outras empresas do segmento de carnes.

Eu já disse algumas vezes, mas não custa relembrar: o processo de Valuation é aberto a premissas. E cada investidor vai ter as suas premissas. Se outro analista for fazer sua análise a respeito do mesmo ativo, certamente chegaremos a números diferentes. Casos polêmicos como o de BRF tende a deixar ainda mais espaço

Vamos às premissas que eu terei em meu modelo:

Fonte: Economatica – Suno Research

Com essas premissas chego a um valor para a firma de R$36 bilhões. Subtraindo a dívida líquida de R$14 bilhões, chego a um valor de mercado justo para a empresa de R$22 bilhões.

Ou seja, um valor muito próximo ao valor atual de R$23 bilhões de valor de mercado. Portanto, eu não vejo a BRFS3 como uma boa oportunidade.

Lembrando que existem riscos operacionais para que a empresa alcance o patamar de meu Valuation. É necessário que a empresa atinja novamente patamares históricos de rentabilidade. E sem saber quem vai estar à frente na empresa no futuro, eu não sei o quão factível é esta premissa minha. Ou seja, existem riscos em meu cenário.

Desta forma, eu prefiro me manter distante das ações da BRF. Do ponto de vista de Valuation, é preciso entregar melhoras operacionais significativas e rápidas para que a empresa se justifique como investimento. Algo que não será fácil.

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